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Ao lançar edital de licitação para o sistema de crédito consignado do Estado, o Governo do Ceará deixou claro que a empresa vencedora deveria cuidar apenas do controle da margem de endividamento dos servidores. A Administradora Brasileira de Cartões (ABC) venceu a concorrência e, de fato, se restringiu a essa tarefa. Porém, seus proprietários encontraram uma forma de trabalhar também na oferta de crédito, parte mais lucrativa do negócio. Por meio de outra empresa, a Promus, o dono da ABC passou a atuar nas duas pontas do serviço. Tornou-se, assim, regulador e regulado ao mesmo tempo.
O diretor da ABC é Bruno Borges, que também administra a Promus junto com Luiz Antônio Valadares, genro do secretário estadual da Casa Civil, Arialdo Pinho. A Promus entrou no negócio em 2009, logo após a ABC ter vencido a licitação.
Conforme O POVO mostrou em 10 de abril, em novembro daquele ano, a Promus fechou contrato de exclusividade com a Bradesco Promotora, para atuar no controle de todas as operações de empréstimo consignado do banco. O Bradesco ainda deu à Promus a opção de subcontratar empresas correspondentes para fazer o serviço. Assim, conforme a ABC tem argumentado desde o início, a Promus não trabalha sozinha na oferta de crédito. Há, efetivamente, diversos correspondentes atuando. Mas todos eles estão subordinados à Promus e só podem prestar serviço para o Bradesco com autorização dessa empresa.
A situação foi relatada ao O POVO pelo empresário Augusto Borges, dono da Bom Crédito – que era uma das credenciadas pela Promus para vender consignados a funcionários do Estado. Augusto foi o responsável por fornecer as informações ao deputado estadual Heitor Férrer (PDT). Foi quando o caso dos consignados foi tornado público, na Assembleia Legislativa.
Munido de tabelas e documentos, Augusto afirmou que, em cada operação, a Promus recebe uma comissão de 17,1% do valor do empréstimo, enquanto as subcontratadas abocanham 1,9%. No total, com a soma dos dois índices, a comissão pela venda de crédito consignado do Bradesco é, assim, de 19%. O índice incide sobre o valor que o servidor toma emprestado, ainda sem a incidência dos juros.
Essa é a fatia realmente lucrativa do negócio. Na regulação, a ABC é remunerada exclusivamente pelos bancos que ofertam o crédito consignado. O valor é de R$ 2 para cada operação de empréstimo. E a empresa, para prestar o serviço, ainda faz pagamento mensal ao Estado. Por outro lado, na oferta de crédito, segundo estima Augusto Borges, o mercado de consignados no serviço público estadual movimenta, em média, R$ 40 milhões por mês.
Prejuízos
Ainda de acordo com Augusto Borges, a entrada da Promus no sistema causou prejuízo às correspondentes, dentre os quais ele estava. Isso porque, até 2009, essas empresas lidavam diretamente com o banco e, assim, recebiam comissão maior, calculada à época em torno de 12%, aproximadamente. O valor ainda é inferior ao que atualmente pago à Promus.
Ainda segundo Augusto, a contratação da Promus também pode ter representado desvantagem para os servidores. Isso porque, em uma das cláusulas do contrato, ao qual O POVO teve acesso, o Bradesco se compromete a “não praticar taxas de juros ou qualquer outra vantagem que desestimule o servidor a utilizar o serviço de intermediação” da Promus – ou seja, o banco garante que em nenhuma hipótese baixará os juros para o funcionário, para não prejudicar a empresa.
O POVO procurou a Bradesco Seguradora para questionar sobre o porquê do contrato de exclusividade com a Promus, mas, por intermédio de sua assessoria de imprensa, o banco informou que não comentaria o assunto. Também através de suas assessorias, a Promus e a ABC disseram que não irão se pronunciar.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Após denúncias contra a ABC, a Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag) decidiu romper o contrato com a empresa e elaborar um novo modelo de empréstimos consignados, que garanta oferta de crédito mais barato.
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