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Ao amarrar seu jumento na cerca do curral, o agricultor passava, quase que imediatamente, para o local da votação. Era chegada a hora, no longínquo ano de 1900, da eleição para governador do Ceará. Em troca de calçados, vestimentas, moradia ou até de alimentação, a solução era mesmo votar no nome ordenado pelo coronel, dono da fazenda, que não dava trégua e colocava seus capangas para vigiar todo o processo. E não bastasse a submissão dos eleitores, as eleições eram fraudadas, afinal, valia “tudo” para manter a oligarquia no poder.
Foi assim quando o comendador Antônio Pinto Nogueira Accioly, ex-senador no tempo do Império, passou a dar as cartas, por 16 anos, no Ceará. Com características de nepotismo (emprego de parentes nos cargos públicos), corrupção e autoritarismo, o longo mandato acciolino iniciou a política de oligarquias no Estado, que mal sabia, à época, vivenciaria ainda outros processos semelhantes a esse.
Hoje, 100 anos depois da queda da oligarquia de Nogueira Accioly, o que se pode perceber é que as práticas políticas no Ceará dão sinais de que não romperam com o clientelismo e com a concentração de poder, remanescentes da República Velha.
O antigo modo de fazer a política do “vale tudo” para não perder o comando do poder insiste em fazer parte da vida política cearense. Nos mesmos moldes, até hoje, têm-se notícias de in-
terferência direta de governantes nas eleições, bem como de empregos de recursos públicos em campanhas políticas milionárias.
Modernidade
Porém, cada uma ao seu tempo e ao seu modo. Conforme a historiadora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Simone de Souza, que faz parte do conselho editorial do O POVO, apesar de termos características oligárquicas, autoritárias e clientelistas nos governos contemporâneos, temos, por outro lado, uma sociedade civil organizada, que pode “denunciar as mazelas e os desmandos do poder local”. “Isso porque hoje a gente vive em uma sociedade de direito que permite que o cidadão se manifeste, muito ao contrário de oligarquias que não tinham tolerância”, explica.
Para ela, com a redemocratização brasileira, ocorrida após a queda da ditadura militar no País, ampliou-se o campo de cidadania, o que permitiu um embate com os poderes constituídos no sentido de melhorar a vida da população com políticas públicas efetivas. “As características (dos governos) podem ser parecidas, mas a história nunca é a mesma, porque ela é um processo, está sempre em transformação”, avalia.
Esse caderno, aproveitando os 100 anos da chamada oligarquia acciolina, cumpre a tarefa de articular a história dos ciclos políticos cearenses do século XX com o atual cenário político vivido em nosso Estado, sem esquecer de discutir a influência que a maneira de governar desses grupos exerce até hoje no modo de fazer política do Ceará.
ENTENDA A NOTÍCIA
Hoje, 100 anos após a queda da oligarquia Accioly, o que se percebe é que as práticas políticas dão sinais de que não romperam com o clientelismo e a concentração de poder remanescentes da República Velha.
Período acciolino
Durante o governo do oligarca, dois terços da Assembleia estavam com pessoas da família ou correligionários de Accioly
Oligarquia
É a forma de governo em que o poder político está concentrado em pequeno número de pessoas. No Brasil, o termo ficou conhecido como coronelismo.Erro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje
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