[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Como quis o destino | Páginas Azuis | O POVO Online
15/06/2008 - 20h00

Como quis o destino

Filho do primeiro imigrante japonês do Ceará, o empresário e capitão da reserva do Exército João Batista Fujita cultiva valores absorvidos ainda na infância difícil. Inspirado no exemplo do pai, teve coragem para 'começar de novo' e não abre mão de virtudes como solidariedade e gentileza
(Foto: Dário Gabriel)

Dalviane Pires

da Redação

A infância do menino João Batista, filho de um imigrante japonês e uma cearense, foi permeada, em alguns momentos, pela maldade da Segunda Guerra Mundial, mesmo morando em Fortaleza, ao lado de um belo jardim. Os tempos eram difíceis. Ainda pequeno, viu o pai perder tudo e começar de novo. Nos olhos da mãe, via sofrimento e cuidados. Mas na cabeça do menino, nem de longe pairava a dimensão do que estavam vivendo. Não entendia porque a família precisou fugir, em pleno no sol do meio-dia, dos que queriam destruir toda imagem de estrangeiros simbolicamente adversários de uma guerra distante. "Chorei muito porque haviam levado minha roupinha de marinheiro. Não tinha o sentimento da amplitude do problema", diz.

Foi nessa época que o hoje empresário e capitão da reserva do Exército João Batista Fujita começou a absorver os valores que tem carregado ao longo da vida. Viu que com trabalho - e principalmente educação - um novo caminho era possível. Ao mesmo tempo em que via a família sofrer, sentia a solidariedade dos vizinhos, dos professores e amigos da escola. O filho do 'japonês', como o pai era conhecido, limpava canteiros e mais tarde fazia as entregas das hortaliças cultivadas no pequeno negócio do pai. Em um dos giros da roda que é a vida, teve a oportunidade de comprar a mesma casa onde na infância havia sido humilhado ao fazer uma entrega. Não guardou mágoas. "Se por aquele motivo eu tivesse me arruinado, até poderia. Mas eu cresci", comenta.

Torcedor do Ceará e defensor da disciplina, o capitão acredita em destino. Conheceu a esposa quando já estava no Exército. Meio por acaso, foi mandado de Crateús, onde servia, a Castelo do Piauí, só por ter sido o 'primeiro a passar em frente do Major' na hora da decisão de quem iria. "Pra você ver como é o destino da gente, se eu não tivesse passado na frente dele, minha vida certamente seria outra. O destino vai conduzindo a gente", sorri.

Saiu do Exército com a cara, a coragem e a família. Assim como o pai, começou de novo. "Aí fui louco, irresponsável", comenta. Talvez tenha sido o destino que quis que a história fosse diferente. De empregado a patrão, Fujita se orgulha do modo como trata seus funcionários, 'sem nunca ter alterado a voz'. Aos 72 anos, entrega ao filho a administração da Fujita Engenharia. "Ele vai tocar o barco e vou ficar só na consultoria". Descanso merecido.

O POVO - O senhor pode começar falando em como sua família chegou aqui no Ceará, já que a tradição dos imigrantes japoneses está justamente no Sudeste...
Fujita - Eu também queria saber como ele conseguiu! (risos) Já fui até a cidade onde papai nasceu e fiquei admirado em como ele conseguiu chegar aqui. Para chegar lá foi difícil. Vai lá pro Japão, pra cidade de Kumamoto, de lá para outra cidade e ainda tem mais 20 quilômetros.

OP - Mas o que motivou a vinda dele para América?
Fujita - É que o Japão era um país feudal, um país atrasado. Aos 18 anos, quando surgiu a oportunidade de imigração meu pai veio. Os cafeicultores haviam perdido a mão-de-obra dos escravos, então foram em busca de quem pudesse ocupar esse espaço. Com a imigração, os japoneses passaram a vir para o Brasil e para o Peru. E meu pai foi para o Peru trabalhar em uma fazenda chamada São Nicolau. Um detalhe é que nenhum imigrante gosta de ser empregado. O imigrante sonha em ter seu próprio negócio. Então meu pai foi para o Peru justamente pensando em juntar algum dinheiro e mandar para a família que ele havia deixado no Japão.

OP - E quanto tempo ele ficou trabalhando com café?
Fujita - Ficou oito anos trabalhando de sol a sol. Lá conseguiu fazer uma certa economia e montou o seu próprio negócio.

OP - Mas esse negócio próprio era na agricultura mesmo?
Fujita - Não. Ele passou a atender os próprios japoneses que moravam lá. Comprava algumas coisas e supria a necessidade dos japoneses. Ocorre que ele ficou doente, pegou malária, e não conseguia mais trabalhar. Fora o problema da língua, né? Aí, não satisfeito com uma caminhada triste, viu que no Peru não dava certo. Resolveu então ir para o Chile.

OP - E no Chile foi melhor?
Fujita - Não. Ele não se adaptou ao Chile. Achou muito frio. Então foi pra Bolívia. Na Bolívia começou novamente do zero. Trabalhando muito, se esforçando. Ele trabalhava dia e noite. E novamente conseguiu economizar e montou um restaurante. Isso em 1918. Depois da guerra (I Guerra Mundial) passou por uma crise muito grande. Ele sofreu bastante. Toda guerra deixa o rescaldo, né? E um dia ele no restaurante, começou a conversar com um chinês que falou do Brasil, disse que já tinha passado por aqui. E perguntou: 'Por que você não vai para o Brasil, para o Ceará?' Ele chegou até a falar em Quixeramobim e papai ávido por sair de lá, já que não estava satisfeito, decidiu vir. Veio para o Ceará em busca da felicidade, de novos horizontes.

OP - E como foi a chegada dele aqui no Ceará?
Fujita - Chegando aqui em Fortaleza ele esqueceu Quixeramobim. Achou que Fortaleza era o lugar para ficar. Ele ficou morando na Maraponga. Naquela época, o que ficava depois da Parangaba chamava-se Moitinga. Ele tinha 33 anos e ainda estava solteiro. Então, o Capitão Otávio Frota, de um família muito importante, teve muita pena do meu pai. Ele viu o desespero do papai, viu a necessidade que ele sentia de trabalhar em alguma coisa. Então, o Capitão cedeu uma área para o meu pai, custo zero. Então meu pai começou a plantar hortaliças. E nisso veio ao Centro da cidade e adquiriu uma banca para vender seus produtos, no mercado central, ali perto da Praça dos Leões. Mas era muito longe. E ele precisava vir todos os dias. Acordava duas horas da manhã. Perdia muito tempo.

OP - E como foi que ele conheceu sua mãe?
Fujita - Ah...ele encontrou uma moça muito bonita. Mesmo sem saber falar bem o português. Mas o problema do amor é que é um idioma que qualquer um fala, né? Então começou a namorar com minha mãe. Ele foi até batizado, porque não podia casar sem ser batizado. Não sei o porquê, nunca perguntei a ele, mas ele foi batizado com outro nome. Ele se chamava Jusako Fujita e passou a se chamar Francisco Guilherme. Depois ele foi pra perto do atual Mercado Central. Perto do viaduto. Lá passava o rio Pajeú e lá ele montou o Jardim Primavera.

OP - Foi um dos primeiros jardins da cidade?
Fujita - Foi sim. Ele cuidava do jardim e também destinava um parte para o cultivo de hortaliças. Ele teve 14 filhos, sendo que somente seis sobreviveram.

OP - Com o novo negócio as coisas voltaram a melhorar?
Fujita - Sim. Depois ele se mudou para o Otávio Bonfim. Construiu uma casa e abriu o Jardim Japonês. Nisso, em pouco tempo ele fez crescer o capital dele. Tudo ia bem, com os filhos todos estudando. Meu pai tinha uma verdadeira obstinação por educar os filhos.

OP - Ele conseguiu estudar, enquanto estava no Japão?
Fujita - Ele assistiu o início da luta da Era Meije por educação. No Japão só se falava nisso. Ele tinha uma mágoa muito grande por não ter conseguido estudar. Ele assumiu um compromisso com ele mesmo que iria educar todos os filhos.

OP - E como foi viver a Segunda Guerra, sendo um japonês no Brasil?
Fujita - Em 1942, os Alemães afundaram alguns navios brasileiros. E o povo revoltado encontrou motivo para depedrar, saquear os empreendimentos e as residências de estrangeiros do Eixo, que era Itália, Alemanha e Japão. Então eles depedraram tudo, inclusive a nossa casa.

OP - Então os japoneses começaram aqui sofreram com a guerra...
Fujita - Na época, aqui só tinha o papai de japonês. E papai foi alvo das pessoas. No dia 18 de agosto de 1942, ao meio-dia, nós estávamos almoçando e chegou um tio nosso e disse 'vamos correr, vamos sair daqui! Estão quebrando tudo, saqueando tudo que é de estrangeiro. E eu ouvi eles falando no Jardim Japonês'. Fomos surpreendidos com a notícia e saímos às pressas. Eu era pequeno mais me lembro bem. Quando o carro chegou corri para ver o carro. Eu queria ver era o carro! Então minha mãe saiu com um dos meus irmãos no braço, segurando uma leiteira. Não levamos nada...

OP - Tiveram que começar tudo de novo?!
Fujita - Quando foi umas 16h chegou uma mensagem de um amigo nosso que morava perto dizendo que haviam levado tudo: as telhas, madeiras, as portas, tudo! Deixaram só as paredes. Todos atordoados. Eu era pequeno e não senti muito. Chorei muito porque haviam levado minha roupinha de marinheiro. Não tinha o sentimento da amplitude do problema. Com seis anos, como compreender aquilo? Só sei que minha mãe chorava muito. A família que mandou a mensagem era de uma solidariedade incomum. Na mesma hora nos levaram pra casa deles. Eles também não eram tão abastardos, eram médios. Nos protegeram. E o mais importante não foi a comida, mas a proteção. Ninguém podia imaginar como seria se tivéssemos ficado na nossa casa. Tenho a impressão que teria sido uma coisa terrível.

OP - E como foi o recomeço?
Fujita - Passamos 20 dias na casa dessa família. Depois fomos ver como estava nossa casa. É como se meu pai estivesse recomeçando pela terceira vez. Dessa vez, no negativo: ele, a mulher e seis filhos. Fomos morar na casa onde antes ficavam os empregados do jardim. Passamos um bom tempo vivendo da generosidade dos vizinhos que tinham pena da gente. Minha mãe grávida, sofrendo tudo. Meu pai arrasado com ameaças e perseguição.

OP - E como seu pai superou?
Fujita - Uma vez meu pai me contou, depois de muito tempo, ' meu filho, só não cometi o suicídio porque não tive coragem de deixar vocês. Eu tinha um plano de vida que era formar minha família e encaminhar todos os filhos'. Papai tinha uma raça muito grande. Para recomeçar, voltou a trabalhar muito e todo mundo ajudava. Eu era pequeno, mas também ajudava, limpava os canteiros. Só que papai não queria que os filhos trabalhassem. Queria que estudassem.

OP - Alguma memória marcante da infância?
Fujita - No meu tempo de menino, na juventude, eu fazia a entrega de frutas e verduras nas casas. Era um papel meu. Em 1951, mais ou menos, conheci o Demócrito (presidente do O POVO falecido em abril deste ano). Fui na casa dele deixar umas encomendas. Gostava muito de lá. Sempre que ia Dona Lúcia me dava mil réis. Eu achava bom demais e eu e meu irmão brigávamos para decidir quem ia lá. Uma dia fui fazer uma entrega e o Demócrito estava andando em um jeep de pedalinho. Eu era louco para ter um, para ter um sapato, Ave Maria! Aí cheguei pra ele e pedi para dar uma voltinha. Ele deixou. Agradeci muito. Algumas casas me tratavam muito bem outras me maltratavam. Tinha uma que eu chegava lá umas sete horas e diziam que a dona estava dormindo. Dava dez horas e eu lá esperando lá fora com minha cestinha. Pra mim foi muito bom porque aprendi muito.

OP - Existe uma história que em uma dessas entregas o senhor foi maltratado e nas voltas que o mundo dá, a mesma casa foi oferecida pelo dono para o senhor comprar...
Fujita - Como você sabe disso? Ele chegou a me oferecer a casa e eu me lembrei de tudo. E nunca contei a ele.

OP - Não ficou mágoa?
Fujita - Não. Se por aquele motivo eu tivesse me arruinado, até poderia. Mas eu cresci. Não comprei não foi por nada. Poderia até ter comprado, mas não comprei.

OP - E como foi sua educação?
Fujita - Estudava no Liceu. Estudei primeiro no colégio dos Jesuítas. Minha irmã foi lá e falou com o padre Aparício, que era o reitor dos Jesuítas em Baturité e ela conseguiu que eu estudasse de graça. Passei um ano morando lá. Chorava todo dia com saudade de casa, eu tinha uns nove anos. Cada vez que eu chorava o padre Célio me dava um santinho. Depois, minha irmã estava no Colégio Cearense e falou com o irmão Bernardo, que era o diretor na época. Deixou que estudasse de graça, também. Depois fiz exame de admissão para o Liceu. Era como um vestibular, pois eram poucas vagas. Passei também. Colégio bom, professores de palitó e gravata. Chegava na sala e todos os alunos se levantava e diziam 'bom dia, professor'. Em 1956 passei para a escola preparatória do Exército.

OP - E o Exército era o que o senhor realmente queria?
Fujita - Não. Lembro bem de um dia que fui deixar uma encomenda perto de onde tinha um campo de futebol e sentei perto de uma trave. Vi passar um soldado todo de cabelinho cortado, falando bonito, tipo carioca. Achei tão bonito! Dois anos depois estava entrando na Escola. Mas nunca imaginei. Acontece que um amigo meu, o Coronel Rui Pinheiro fez o exame e passou. Ficou me dando corda. Meu horizonte era muito curto, daí tentei. Entrei aos 17 anos.

OP - E como foi sua vida no Exército?
Fujita - Boa. Sempre fui disciplinado. Meu pai era um cara sensacional e eu tinha uma afinidade muito grande com ele. Ele me aconselhava muito, contava histórias de vida e muita coisa eu apliquei no Exército. Ele dizia 'meu, filho, se você quiser ser feliz, saiba que os homens têm virtudes, mas muitos defeitos também. Mas nunca procure realçar os defeitos de ninguém. Realce as virtudes das pessoas, trate bem, sorria'. Meu pai era sábio. Ele dizia que na vida a gente precisa antecipar as coisas, não esperar acontecer para resolver tudo com mais tranqüilidade.

OP - Não havia um certo trauma em estar no Exército mesmo tendo vivido um pouco do horror da guerra?
Fujita - Não. Justamente porque meu pai me preparou para isso. Eu nunca mudei. Nunca me achei importante. Nós somos iguais, as oportunidades é que são diferentes. Não posso nunca esquecer o que fui. Meus colegas do bairro continuam meus amigos, pessoas simples, pobres.

OP - O senhor ainda tem contato com eles?
Fujita - Demais. Agora mesmo no Círculo Militar no almoço dos Oficiais da Reserva dei a sugestão da gente levar os amigos da infância. Levei 20 e tantos amigos...A alegria maior do mundo.

OP - E como foi sua trajetória no Exército?
Fujita - No Exército tem um regulamento: tudo o que você fizer de errado vai ser punido. Não tem conversa! E você absorve isso e passa a não fazer para não ser punido. Por que hoje estamos vivendo uma anarquia? Porque falta autoridade. O cara mata e no outro dia está solto! Falta autoridade nesse país. Quem erra tem que ser punido.

OP - Então o Exército proporcionou lições de rigidez...
Fujita - Sim. A seriedade, a honestidade, a determinação. Aprendi com o Exército e com meu pai. Tudo que busquei na minha vida, eu consegui. Tudo! Eu queria ir pra engenharia...

OP - Foi no Exército que surgiu seu interesse pela engenharia?
Fujita - Eu já tinha uma tendência e apurei mais. Fiz a Escola aqui, depois fui para Academia, a Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) e esse ano vou para a festa dos 50 anos da Aspirantados. Mas tudo parece que foi ontem. Sou da arma de engenharia, mas não sou engenheiro.

OP - O senhor serviu onde?
Fujita - Como oficial só morei em Crateús. Cheguei lá como aspirante e saí como capitão. Casei em Crateús, mas a moça é de Castelo do Piauí. O batalhão tinha uma companhia em Castelo e eu aspirante fui mandado pro Piauí. Depois eu conversando com o Major perguntei qual o critério que ele usou para me mandar para Castelo. Ele disse que fui o primeiro que passou na frente dele. E foi lá que conheci minha mulher. Pra você ver como é o destino da gente, se eu não tivesse passado na frente dele, minha vida certamente seria outra. O destino vai conduzindo a gente.

OP - E como foi a sua saída do Exército?
Fujita - Eu estava bem e um dia transferiram nosso comandante. O nosso comandante tinha uma ligação muito grande com o Dom Fragozo. O coronel era a única pessoa do batalhão que tinha condições de dialogar com o bispo. O Exército, em uma época de repressão, tortura, que não foi também como contam...O Exército tem gente boa e gente ruim. Todas as pessoas que praticavam tortura é porque já eram mau-caráter. Não é o Exército, não é todo mundo. Eu sempre fui contra a violência. Por conta da saída do bispo achara, que o coronel era de esquerda, daí exoneraram o coronel antes do tempo. Mas na hora da passagem do comando deram elogios de umas dez páginas para o coronel. Como o cara é colocado para fora e dizem que ele é o maior? Aí fizemos um manifesto. Pegamos cadeia. Me orgulho, não vejo nada demais. Daí, depois da punição queriam me transferir no dia seguinte. Daí disse que não ia assim. O oficial tem direito a um trânsito, justamente para você resolver problemas, aluguel de casa, colégio das crianças. E não queriam me dar. Argumentei que estavam penalizando minha família e pedi para sair. O coronel que entrou, gente muito boa, disse que ia me dar quinze dias. Disse que queria oficialmente e não um quebra-galho, mas oficialmente ele não deu.

OP - E por causa disso o senhor abandonou o Exército. Foi viver de quê?
Fujita - Sim e como o meu pai, fui recomeçar minha vida. Você sabe que capitão não tem reservas. Você vive, mas dia 28, 29 já está com a língua de fora, com orçamento apertado. Aí fui louco, irresponsável. Mas estava chateado e pedi para sair. Vim para Fortaleza e fui tentar um emprego. Consegui em uma empresa de construção como comprador. Deixei de ser capitão para ser comprador, um cargo de confiança, mas um nível ainda baixo. Depois fiquei pensando que eu só podia ser louco! Deixar de ser capitão do exército, ter prestígio em plena revolução... Mas tenho tanta fé, confiança e força...E primeiro é preciso querer.

OP - E como foi que o senhor se descobriu empresário?
Fujita - Com uns quatro meses o dono da firma que eu trabalhava me colocou como superintendente. O pessoal que já estava lá ficou danado! Foram falar com ele 'como você coloca esse cara, estamos aqui há mais tempo'...Mas quando assumi a superintendência, mostrei que a firma não estava bem. E agora? Disse que não tinha outra saída, que era preciso liberar muita gente. Tinha muita gente trabalhando e produzindo pouco. E disse 'olha, se você conseguisse um financiamento, a gente faria uma nova firma...Daí fizemos a firma, a Estrela (construtora, da década de 70). Tive sorte. A estrela subiu, cresceu demais. A Estrela construiu 39 mil casas e apartamentos. Agora se chama Fujita. Passaram pela empresa cerca de 40 mil operários.

OP - E o senhor ainda está a frente dos negócios?
Fujita - Estava no comando da empresa até semana passada. Passei os negócios para o meu filho administrar. Ele vai tocar o barco e vou ficar só na consultoria. Mas nunca levantei a voz para qualquer funcionário meu. Não porque eu seja mole ou fraco, mas é porque não precisou. Eu comando, eu conduzo bem direitinho para que os funcionários fiquem satisfeitos.

OP - E qual o segredo de uma administração tão delicada em que não é necessário levantar a voz para qualquer funcionário?
Fujita - É porque já passei por todos os estágios da vida. Não tive nada. Passei dificuldades, fomos humilhados, mas nunca mudei. Temos que entender que somos humanos com defeitos e defeitos todo mundo tem. Mas temos que melhorar. Sempre fui um cara dócil.

OP - Em Crateús, o senhor chegou a montar um time de futebol. Como era essa sua paixão pelo esporte?
Fujita - Quando cheguei a Crateús, houve um campeonato interestadual de futebol. E eu tomei a frente. Levava bola, as camisas, jogava e era o técnico. Na cidade me dei bem com todo mundo. Viemos jogar em Fortaleza contra Caucaia, depois jogamos em Sobral. Fomos vice-campeões.

OP - Mas o senhor ainda acompanha futebol? Tem algum time específico?
Fujita -Torço pelo Ceará, mas não vou mais ver jogo de futebol, não vou mais ao estádio.

OP - E a seleção do Japão, o senhor considera boa?
Fujita - Não! A vantagem é que eles jogam com os 22 jogadores, né? Entra um, sai outro. É tudo igual e acaba confundindo o adversário, né?

!
Confira a entrevista completa em www.opovo.com.br/conteudoextra

0
Comentários
300
As informações são de responsabilidade do autor no:
espaço do leitor
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro a comentar esta notícia.
  • Em Breve

    Ofertas incríveis para você

    Aguarde

Erro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje

Erro: maximum recursion depth exceeded while calling a Python object

ACOMPANHE O POVO NAS REDES SOCIAIS

Erro ao renderizar o portlet: Barra Sites do Grupo

Erro: <urlopen error [Errno 110] Tempo esgotado para conexão>