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16/03/2008 - 21h39

O economista com<br>senso histórico

O economista Cláudio Ferreira Lima, um apaixonado pela história do Ceará, transformou nossa memória recente no livro ¿A Construção do Ceará¿, que será lançado em abril e resgata um pouco das nossas escolhas políticas e econômicas
(Foto: FCO FONTENELE)

Jocélio Leal
Da Redação


O que dizer de economistas escrevendo história? São duas ciências absolutamente imbricadas. A formação em Economia exige compreender o passado e dele extrair elementos para a complexa tarefa de ler as conjunturas, decifrando cenários atuais e futuros. Pois bem, o cearense de Pacoti, Cláudio Ferreira Lima, 61, é um economista apaixonado pela história. Por ser paixão, ele o acompanhou em todos os cargos públicos que ocupou. No Governo do Estado, como secretário do Planejamento. No Parlamento, como assessor da bancada do Nordeste na Constituinte. No Banco do Nordeste, onde começou a vida profissional, se aposentou e está hoje de volta como assessor da Presidência. "Sempre trabalhei com consciência histórica daquilo que eu estava fazendo. Por menor que fosse, teria algum significado no final".

Faltava compilar anos de janela em textos. E ele o fez por três anos seguidos, quando aceitou o convite para escrever capítulos para o Anuário do Ceará. Em 2004 assim o fez com "400 anos de história e 40 anos de planejamento". No ano seguinte com "O Ceará na História". E em 2006 com "Cidades do Ceará: origens, transformações e perspectivas". Agora, Cláudio juntou as três peças. No dizer dele, como num puzzle. Nasceu "A Construção do Ceará - temas de história econômica", livro que ele lança na primeira quinzena de abril. No quebra-cabeças bem montado pelo economista que começou a se interessar por história ainda garoto, o encaixe foi feito seguindo uma ordem lógica. Primeiro, a partir do início do processo histórico, em termos globais. Depois, as marcas dele na tessitura da rede de cidades. E, finalmente, a intervenção do Estado nesse processo por meio do planejamento governamental.

O livro é, como revela, o coroamento de toda uma vida acompanhando e participando da história do Ceará. E pensar que o envolvimento de Cláudio com a história começou com um tiro. No peito. Ele era moleque quando ouviu no rádio, enquanto cortava o cabelo, que Getúlio Vargas havia morrido. O barbeiro, atônito, largou a máquina e gritou desesperado. O menino Cláudio saiu correndo. Foi ao quintal de casa, pegou um pedaço de carvão, e escreveu a data: 24 de agosto de 1954. Definiu aquele dia como um marco. Nessa entrevista, concedida na redação do Anuário do Ceará na tarde em que o livro chegou da gráfica, Cláudio fala de Governo passados, do Governo Cid, do Governo Lula, mas sempre buscando enquadrar o hoje ao porvir. Eis o sentido histórico da economia.

O POVO - O senhor está lançando um livro que é a reunião de três capítulos do Anuário do Ceará e que trata da história do planejamento e da história do Ceará. Qual o sentido deste livro na sua vida?
CLÁUDIO FERREIRA LIMA - Sem dúvida nenhuma, é o coroamento, eu diria assim, de toda uma vida que eu passei acompanhando e vivendo a história do Ceará. De maneira que quando fui convidado para escrever esses capítulos, que eram partes integrantes do Anuário do Ceará nos anos de 2004, 2005 e 2006, eu já tinha isso porque ao longo dessa minha vida pública, eu fui juntando muita coisa, até porque nunca fiz vôo cego. Fui intervindo na realidade, seja através do Banco do Nordeste, seja depois no Estado, ocupando cargos públicos. Mas, conhecendo o processo histórico do Ceará, Já tinha escrito muita coisa, já tinha sistematizado muito. O livro faz toda essa retrospectiva da história do Ceará. Sempre trabalhei com consciência histórica daquilo que eu estava fazendo. Por menor que fosse, teria algum significado no final. Mas a razão de ser disso aí vem lá atrás. Todo o percurso da minha vida, ainda menino.

OP - E como começou essa história?
CFL - Filgueiras Lima tem um verso muito interessante que ele conta como foi levado para a poesia. Ele diz "era menino, um dia olhei o céu, longe, as estrelas. E eu tive uma vontade imensa de comê-las. Estava desvendado meu destino". Eu gosto de fazer como esse poema. Uma ligação com o desvendamento do meu destino. Eu era menino, um dia ouvi no rádio que Getúlio Vargas tinha morrido pela pátria. Eu tive uma imensa vontade de ser Getúlio. Estava desvendado o meu destino. Então, tudo começa aí.

OP - O senhor ouviu no rádio com qual idade?
CFL - Eu tinha sete anos.

OP - E como foi a cena?
CFL - Eu estava na barbearia, o barbeiro cortando meu cabelo, quando foi anunciado pelo repórter da Casa das Máquinas, em edição extraordinária, a morte de Getúlio Vargas. O barbeiro, então, atônito, soltou a sua máquina - cortava-se cabelo então com uma máquina - e gritou desesperado. E eu fiquei também assim, totalmente atônito. Mudei de um rádio para outra, acabou que saí correndo e sem parar cheguei à minha casa, eram mais de cem metros, e fui para o fundo do quintal, peguei um pedaço de carvão e escrevi no muro: 24 de agosto de 1954. Olhei para aquilo ali escrito e jurei ali que a partir de então me interessaria por todos aqueles fatos ao redor da morte de Getúlio. Já tinha uma certa consciência, porque tive uma professora, a minha primeira professora primária, em Fortaleza, a professora Marfisa. Ela me alfabetizou e me alfabetizou no sentido mais amplo, porque ela, inclusive, costumava usar leitura de jornal. Daí também minha ligação muito grande depois com os jornais.

OP - Em 1964, o senhor estava envolvido com algum movimento político?
CFL - Eu estava envolvido nas campanhas de reforma de base, empolgado com aquilo. De repente veio o golpe de 64. As campanhas acabaram, os governadores eram nomeados, de maneira que passei um longo tempo fora disso. Fui para a faculdade, participei do movimento estudantil, das passeatas, cantava o hino da independência - ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil. E enfim quando terminei a faculdade, naquele clima todo, estive fora do Brasil, e quando retornei para abertura política de 1979 eu fui para o CIC - Centro Industrial do Ceará.

OP - Mas o senhor saiu do Brasil por iniciativa própria, não foi?
CFL - Eu fui para a Bélgica participando de um programa do Itamaraty. Foi um concurso nacional que eu fiz, passei uma temporada aqui, seis meses em Brasília e depois dois anos de estágio na embaixada do Brasil em Bruxelas. Lá também aconteceu um fato muito importante, é que eu conheci um embaixador, Luiz Souto Maior. Que era um grande conhecedor das questões internacionais e aprendi muito com ele. Tanto que àquela época, era 77, 78, começo de 79, quando eu retornei ao Brasil, e eu já tinha um conhecimento seguro do que estava acontecendo com a antiga União Soviética.

OP - E qual a sua relação com o CIC daquela época?
CFL - Retorno ao Brasil, em 79, e fui levado ao CIC. E lá eu encontrei, então, o Beni Veras que foi a pessoa com quem eu passei a ter um contato mais estreito. E vivi intensamente esse período de 79 até a campanha de 86, do Tasso Jereissati. Discutíamos muito as grandes questões do Brasil, do mundo e principalmente do Ceará. Foi uma fase muito interessante, eu recordo que, numa dessas reuniões, ficou decidido que a gente teria que escrever sobre o tema do Ceará. Ali eu comecei a escrever. Escrevi artigo no O POVO nessa época. Sobre as questões do Ceará, as grandes questões como a questão da seca, o tratamento que devia ser dado, as questões regionais, sobre o Vale do Coreaú, por exemplo. E um colega economista um dia me censurou: "você, como é que pode, estudou tanto economia, está se dedicando a economia do Ceará, que é quase nada na economia brasileira, não passa de um por cento".

OP - O senhor foi direto para o Governo com a Geração CIC, pós-vitória de Tasso em 1986?
CFL - Eu participei da campanha de 86, mas quando foi em 87, no lugar de ir para o Governo, eu fui chamado para a Constituinte. A bancada do Nordeste solicitou ao BNB que mandasse um técnico para coordenar uma assessoria bancária da Região. E eu fui, então, designado para essa missão. E passei uns dois anos na constituinte. E lá foi outro grande aprendizado que eu tive do Brasil. Aprendi muito com o senador Virgílio Távora. Eu ficava ao lado dele, durante todo aquele processo de discussões, ele teve uma participação muito ativa, apesar de já doente. Eu também estive muito próximo do Mauro Benevides. Depois, então, retornando da Constituinte é que eu fui participar dos governos das mudanças.

OP - Já no Governo Ciro.
CFL - Eu participei então do governo Ciro como presidente do Instituto de Planejamento do Ceará (Iplance). Foi uma experiência muito boa, a gente estava lutando realmente por ter uma base de dados e informações e conhecimento para atuação do governo. O Iplance deu uma grande colaboração ao governo Ciro. Depois disso, então, eu tive uma passagem pelo Ministério do Planejamento com o Beni Veras ministro. Entrei na campanha em 94, do Tasso Jereissati para governador e participei do segundo governo Tasso. Inclusive na coordenação do plano de Governo que foi, na verdade, esse plano de 95 a 98, o Plano de Desenvolvimento Sustentável, o primeiro projeto mais amplo do Governo das Mudanças. Porque nos primeiros governos havia o problema fiscal...

OP - O Ceará na época fez um profundo ajuste fiscal, que agora o Aécio Neves chama de choque de gestão, não é?
CFL - Exatamente. Muita coisa, inclusive, que está acontecendo em Minas Gerais aconteceu aqui no Ceará. É quase que uma repetição, realmente, disso tudo.

OP - O Governo Lula tem sido bastante favorável a Pernambuco. A questão parece passional. Até quando vamos estar sujeitos a essas paixões?
CFL - Eu diria que o Ceará teve, realmente, no Governo Fernando Henrique, oportunidades para aproveitar e aproveitou. Mas eu gosto de ver, numa análise mais ampla. Eu acho que o governo Lula, ele tem um grande mérito. Eu fui secretário do planejamento e vi ali, no orçamento, todas as contradições. Todas as pressões dos vários grupos de interesse se dão ali dentro do orçamento. Então, no Brasil há grandes pressões. Você hoje tem os rentistas de um lado apelando para os juros. Outros querem os investimentos em infra-estrutura. São os desenvolvimentistas. E também existe uma classe ampla, a mais ampla, que é a classe mais pobre que precisa de investimentos sociais. Então o governo Lula, pra mim, tem esse grande mérito de conquistar uma fatia importante para atender também essa população.

OP - O senhor está falando da assistência do Bolsa-Família.
CFL - Estou falando de todos os programas sociais do governo. O Bolsa-Família, realmente, é um programa importante. Porque a gente passa por cima, mas afinal o Estado brasileiro não é formado apenas pelas classes mais privilegiadas. Existem todas as outras classes menos privilegiadas e que têm que ser atendidas por esse Estado.

OP - O Ceará já foi um laboratório de boas idéias para o País - vide agentes de saúde, programas de eletrificação rural e de educação básica. O Ceará perdeu um perfil de vanguarda no Brasil?
CFL - Bom, eu acho que o Ceará foi muito importante como laboratório de políticas que serviram depois para o próprio Governo Federal. O próprio programa da educação aqui do Estado inspirou um programa maior do Governo Federal. E nós temos, por exemplo, o Governo de Minas Gerais levando para lá, também, muita coisa feita aqui. Lógico que ele procura melhorar, ampliar essas idéias. Outra coisa importante, o Territórios da Cidadania. Nós tivemos mesmo aqui no Ceará um programa muito parecido com esse aí, que era um programa de ações imediatas e concentradas. Exatamente a gente escolhia os territórios dos municípios mais pobres do Ceará. Nós tínhamos critérios para isso, que eram indicadores que a gente conjugava naquela época, de educação, de saúde, de saneamento, de renda. E a partir daí, da conjugação desses indicadores a gente definia os municípios mais pobres. Nós trabalhávamos com 18 a 20 municípios e tínhamos ações integradas em todas as secretarias e concentradas nesses municípios.

OP - E hoje, está faltando visão de planejamento? O Ceará está se planejando bem?
CFL - A visão de planejamento não é mais a mesma como antes, depois dos tempos neoliberais, em que o mercado é quem dita os caminhos. E faz falta o Iplance, que era órgão multidisciplinar. Porque o Ipece tem uma visão mais limitada. É um órgão mais acadêmico do que deveria ser, embora o Estado deva manter estreita relação com a Academia.

OP - Na sua gestão como secretário do Planejamento, o que o senhor destacaria como símbolo da sua passagem pelo Governo?
CFL - Sem dúvida, o projeto São José. Na época, segundo Governo Tasso, havia uma efervescência muito grande. O Projeto São José é um programa que já havia, mas que era um programa de controle do Banco Mundial. O Governo na época resolveu modificá-lo. Chegava a 55 municípios, fizemos uma grande modificação, e era um programa que estava apenas com uma secretaria, esse programa passou a ter o apoio de todas as secretarias de Estado. E ganhou um lema, que era "vamos mudar o sertão para o sertão não se mudar", e concentrou suas atividades em águas e energia, que são aquelas coisas mais básicas. E eu acho que isso aí foi um sucesso até porque serviu de exemplo. Depois foi reconhecido pelo Banco Mundial por estar correto, passou a ser uma referência. De fato, a água e a energia são indispensáveis. Eu não entendo até hoje porque a gente não universalizou isso, que é uma coisa que não custa tanto.

OP - O senhor acredita no Governo Cid?
CFL - Quando eu reclamo que nós não tivemos, ainda, a sorte que merecíamos, o Ceará não tem servido ao seu povo como deveria, não é porque não tivessem surgido já projetos. Mas eu tenho muita esperança, desse projeto atual, do Cid Gomes. Ele tem uma característica muito especial, depois ele acelera. Foi assim em Sobral. Acredito que ele vá engrenar e dar uma acelerada, como naquelas corridas de 1.500 metros. Numa corrida longa ninguém sai logo em disparada.

OP - Qual o grande mérito do Governo Lula?
CFL - Atender a maior fatia da população mais pobre. Porque normalmente apesar de ser a grande população ela não tem um poder de pressão que fatias da população que são mais organizadas. Eu acho que na eleição de 2002 o Ceará perdeu, vamos dizer assim, um momento importante de ter um plano de governo que avançava nessa questão de abrir novos horizontes para o Estado. Era o plano do candidato Sergio Machado (do qual Cláudio foi assessor). Ele não foi eleito, esse plano então não foi executado. Era um plano interessante que exigia uma atividade muito intensa porque o Ceará estava diante de vários investimentos importantes em infra-estrutura, como o Castanhão, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém, pra citar dois grandes, e que precisava urgentemente arregaçar as mangas e buscar o aproveitamento dessa infra-estrutura.

OP - Qual a sua leitura dessa proposta de reforma tributária do Governo Federal no que diz respeito à guerra fiscal?
CFL - Há questões em que os estados mais ricos, como São Paulo, não estão de acordo. Essa questão da cobrança de ICMS no destino tem que ter uma compensação. Então, isso vai gerar, realmente, ainda muita discussão. Nós estamos apenas no começo disso. A minha preocupação com relação a essa reforma diz respeito à questão regional, também, a questão do financiamento e desenvolvimento regional. É um longo percurso. É claro que o Governo também quando chegou com essa reforma estava naturalmente pensando em aprová-la tal qual ela está aí. A própria comissão especial será um grande filtro.

OP - Quem escreveu "A Construção do Ceará" foi o Cláudio economista, servidor público ou o Cláudio historiador não-acadêmico?
CFL - Bom, acho que tudo isso aí. O Anuário é um projeto que visa levar informação e conhecimento ao grande público. Então, em primeiro lugar, esses capítulos que depois se transformaram no livro, ganharam unidade, atualizei os dados e as informações, as análises. Eles têm um caráter, sobretudo, didático. É um livro feito pra ser entendido por qualquer leitor, assim como o Anuário o é. É lógico que, como dizia Machado de Assis, ser simples é muito difícil. Realmente a gente sua muito pra poder ser simples. Por isso que admiro o jornalista. Eu procurei me guiar por isso. Agora, tem uma coisa interessante, eu li um historiador catalão, Josef Fontana, que é interessante o que ele diz. Eu já procurava fazer nessa minha vida, que era ter uma visão de história que entendesse que cada momento do passado, assim como cada momento do presente não contenha apenas a semente de um futuro pré-determinado e inevitável. Mas de toda uma diversidade de futuros possíveis. Um dos quais pode acabar tornando-se dominante por razões complexas, sem que isso signifique que é o melhor, nem por outro lado que os outros estejam totalmente descartados.

OP - Deixa eu fazer um jogo de três perguntas, uma para cada capítulo. Qual é a nossa história sem planejamento?
CFL - Sem planejamento não tem saída. Hoje está cada vez mais patente. Claro que tem que conjugar, não é planejamento e mercado. Nem o planejamento centralizado nem o mercado sozinho, isso aí já deram provas, eles não resolvem o problema. Então, tem que conjugar as duas coisas.

OP - Como o senhor vê o Ceará na história?
CFL - O Ceará na história, eu faço tendo como fio da meada a própria história do Brasil. Eu vou destacando aqueles aspectos relevantes da história do Ceará. Primeiro o Ceará demorou um pouco mais para entrar, vamos dizer assim, na história. Só depois que ele entra e entra como uma espécie de complemento da economia da cana-de-açúcar, com o gado. E mais adiante é que ele entra de forma mais direta na economia muito com o algodão. Depois vem a industrialização.

OP - E qual a conseqüência disso nas cidades?
CFL - Agora a gente com isso pode entrar no outro capítulo que trata das cidades do Ceará, da origem, transformações e perspectivas. Nesse processo, o que vai ocorrer? Ele acaba desaguando na macrocefalia de Fortaleza. Fortaleza concentrando mais a população e a economia. Um dos problemas graves. E inclusive que está como umas das prioridades do atual governo Cid Gomes, por intermédio da sua Secretaria de Cidades, combater essa questão das desigualdades entre as regiões do Estado que são muito graves. Você tem Fortaleza e sua região metropolitana concentrando o grosso da economia da população. No restante, você tem a economia na região de Sobral e na região do Cariri, um pouco no Centro-Sul, em Iguatu. No mais, o Sertão Central e os Inhamuns, em termos econômicos, são um grande vazio. Há um grande desafio aí de melhorar essa distribuição que estava presente em todos planos de Governo.

OP - Qual o eixo pelo qual podemos juntar as três abordagens?
CFL - Bom. Nós temos o processo mais global, no primeiro capítulo, quando eu falo da história do Ceará, depois eu olho pra esse processo por intermédio da formação das cidades e finalmente com o planejamento eu vejo a questão da intervenção, que é coisa recente, planejada do Estado. Isso vem a partir do inicio dos anos 1960, com o governo Virgilio Távora, com o seu primeiro Plameg. Então, vamos dizer assim, esses três capítulos todos eles, num resumo, são uma reflexão. A gente vai no passado para clarear esse presente, e mostra que o grande problema que o Ceará tem reside nessa concentração em Fortaleza, essa macrocefalia de Fortaleza. E claro que por trás dela está o problema da pobreza do Estado. E um problema muito sério das tristes partidas. Falo sobre isso no inicio do livro, quando trato da construção do Ceará pelo cearense aqui no próprio território.

OP - E qual o papel dos cearenses na construção do País?
CFL - O cearense também foi um dos grandes construtores da unidade brasileira. E ainda tem sido. Nas minhas considerações finais eu cito Gilberto Freyre, mostrando essa grande contribuição que o cearense tem dado para a unidade do nosso País. Portanto, o grande eixo seria exatamente essa reflexão, esse retorno ao passado para poder clarear esse futuro no sentido de resolver nossos problemas.

E-mais

O economista Antônio Cláudio Ferreira Lima, 61, nasceu em Pacoti-CE. Formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), ele tem especialização em elaboração e análise de projetos pelo Centro de Desenvolvimento Econômico do Ministério do Planejamento e em promoção comercial pelo Ministério das Relações Exteriores

Técnico aposentado do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Cláudio Ferreira lima desde 2005 atua como assessor especial da presidência da instituição. Ocupou os cargos de secretário do Planejamento do Estado (no segundo governo de Tasso Jereissati 1995-1997), presidente do Instituto de Planejamento do Ceará (Iplance) durante o governo de Ciro Gomes (1991-1994). Também foi coordenador da assessoria técnica da Bancada do Nordeste na
Assembléia Nacional Constituinte (1987-1988)

Filgueiras Lima tem um verso muito interessante que ele conta como foi levado para a poesia. Ele diz "era menino, um dia olhei o céu, longe, as estrelas. E eu tive uma vontade imensa de comê-las. Estava desvendado meu destino". Eu gosto de fazer como esse poema. Uma ligação com o desvendamento do meu destino. Eu era menino, um dia ouvi no rádio que Getúlio Vargas tinha morrido pela pátria. Eu tive uma imensa vontade de ser Getúlio. Estava desvendado o meu destino

O Iplance deu uma grande colaboração ao governo Ciro. Depois disso, então, eu tive uma passagem pelo Ministério do Planejamento com o Beni Veras ministro. Entrei na campanha em 94, do Tasso Jereissati para governador e participei do segundo governo Tasso. Inclusive na coordenação do plano de Governo que foi, na verdade, esse plano de 95 a 98, o Plano de Desenvolvimento Sustentável, o primeiro projeto mais amplo do Governo das Mudanças.

Aprendi muito com o senador Virgílio Távora. Eu ficava ao lado dele, durante todo aquele processo de discussões, ele teve uma participação muito ativa, apesar de já doente. Eu também estive muito próximo do Mauro Benevides. Depois, então, retornando da Constituinte é que eu fui participar dos governos das mudanças

No Parlamento, como assessor da bancada do Nordeste na Constituinte. No Banco do Nordeste, onde começou a vida profissional, se aposentou e está hoje de volta como assessor da Presidência. "Sempre trabalhei com consciência histórica daquilo que eu estava fazendo. Por menor que fosse, teria algum significado no final"

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