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Erica Azevedo
da Redação
Divaldo Pereira Franco vê espíritos desde os quatro anos de idade e durante muito tempo não diferenciava os "mortos" dos vivos. Atravessou a infância e a adolescência sempre em companhia de espíritos que acabavam se tornando seus "grandes amigos". Numa visão, descobriu que seu destino era cuidar de crianças e, então, fundou há 54 anos a Mansão do Caminho, obra social instalada na cidade de Salvador, capital da Bahia, que beneficia mais de 3 mil pessoas necessitadas.
Os números impressionam: são mais de 180 livros publicados e mais de 10 mil palestras proferidas mundo afora. No entanto, diz que os livros não são de sua autoria e que uma das entidades que lhe dita as obras é sua "mentora espiritual", Joana de Ângelis. Segundo ele, ela é a responsável pela sua "programação" na Terra e assegura que eles já estiveram juntos em vidas passadas. Ela teria sido, além de uma poetisa, no México, uma famosa personagem do Evangelho, Joana de Cusa, cristã queimada viva com os filhos no Coliseu de Roma. Outros espíritos também assinam os livros psicografados por Divaldo, como Manoel Philomeno de Miranda, e os cearenses, Bezerra de Menezes (conhecido, quando vivo, como médico dos pobres) e Viana de Carvalho.
Aos 78 anos de idade, com uma agenda apertada, no nível das grandes celebridades, Divaldo esteve recentemente em Fortaleza para ministrar o seminário "Conflitos Existenciais", numa promoção da Federação Espírita do Estado do Ceará (Feec). Ele se diz "cearense de coração" e, brincando, afirma ter nascido na Bahia "por engano". Divaldo assina coluna semanal no O POVO desde agosto do ano passado, aos domingos, na página "Espiritualidade". A conversa aconteceu durante dois intervalos de sua apertada agenda.
O POVO - Qual foi a primeira experiência do senhor com o mundo do além? Causou medo? O que aconteceria a partir do episódio?
Divaldo Franco - Quando eu contava quatro anos e meio de idade, estava brincando na minha casa, em Feira de Santana, na Bahia. Repentinamente, vi chegar uma senhora que me chamou pelo nome de casa e disse: "Eu quero falar com sua mãe". Então, chamei minha mãe, que estava na cozinha. Ela olhou e não viu ninguém. Reclamou e voltou para o trabalho. A senhora, que permanecia ao meu lado, disse então disse: "Eu sou sua avó e me chamo Maria Senhorinha". Não sabia quem era porque, naquela época, meus avós já eram desencarnados. Então, eu disse: "Mãe, a senhora está dizendo que é minha avó, que é Maria Senhorinha". Minha mãe teve um choque, porque ela nunca havia pronunciado o nome da sua genitora e logo depois que ela nasceu sua genitora morreu de infecção e ela foi criada por uma irmã. Ela ficou assustada e devo ter ficado muito pálido porque ela me levou à casa de minha tia e disse: "Edvirges, este menino enlouqueceu, ele está dizendo que mamãe está lá em casa". E minha tia perguntou: "Como é que era ela"? Ela era, imagine no ano de 1932, uma senhora baixa, magra, com um vestido longo amarrado na cintura com uma corda e a gola muito alta, com uma coisa brilhando no peito. Minha tia disse: "Ana é ela e essa coisa brilhando foi um camafeu que eu coloquei no cadáver dela. E a gola dela era alta, uma gola engomada".
OP - A partir daí, o senhor começou a ver Espíritos freqüentemente?
DF - Sim, a partir daí eu comecei a ver os espíritos. Tornou-se uma coisa familiar. No ano de 1944 morreu um irmão meu. Ele teve uma morte súbita. Sofreu a ruptura de um aneurisma e caiu numa poça de sangue. Eu tive um trauma e, quando o vi morto, corri para casa e perdi o movimento das pernas. Isso foi no dia 23 de junho de 1944. Por vários meses, eu fiquei impossibilitado de me locomover. No dia 5 de dezembro do mesmo ano, uma prima minha levou à nossa casa uma senhora que era espírita, mas nós não sabíamos. Eu era católico, era sacristão, membro da cruzada eucarística. A senhora me olhou e disse: "Mas, esse menino não tem nada. Ele é obssediado". Eu fiquei surpreso, porque a palavra era pesada e não sabia o que era. Ela disse: "Você é médium e é o seu irmão". Ela descreveu o meu irmão com cada detalhe que fiquei surpreso. E perguntei: "Como a senhora sabe?". Ela disse: "Eu estou vendo. É ele quem esta aí". Fiquei contente porque, até então, eu era uma espécie de solitário alucinado. Agora eu também tinha uma amiga que também era alucinada e me explicou que eu era médium e iria ficar bom. Ela estendeu as mãos e me aplicou um passe, uma terapia através de movimento rítmicos. Ela disse: 'Levante-se'. Eu me levantei tão bem como estou aqui. E já se passaram 62 anos. Nunca mais tive nada nas pernas. Ela me levou a uma sessão espírita. Foi a partir daí, 5 de dezembro de 1944, que tomei contato com o Espiritismo.
OP - Foi aí que se tornou espírita?
DF - Na verdade, só me tornei espírita em 1947 porque continuei naquela posição católica e, como não conhecia nada, só em 1947 li pela primeira vez o Livro dos Espíritos (primeiro livro codificado por Allan Kardec, fundador da Doutrina Espírita, no ano de 1857).
OP - Manter contato com espíritos não é mérito só da doutrina de Allan Kardec. Por que o senhor não procurou outra doutrina espiritualista como a Umbanda, o Candomblé? Por que o Espiritismo?
DF - Até então só conhecia o catolicismo. Em Feira de Santana, no fim dos anos 40, não havia essas seitas. Havia uma Igreja Protestante e as Igrejas Católicas convencionais. Meu primeiro contato fora da Católica foi com o Espiritismo.
OP - Como conseguia diferenciar pessoas mortas das vivas?
DF - No começo, não identificava. Havia uma criança que me aparecia. Era um índio, de nome Jaguaraci. Para mim era um ser humano. Brincávamos, corríamos, trepávamos nas árvores. E um dia ele me disse: 'Vou reencarnar'. Eu não sabia o que era reencarnar. Ele disse: 'Eu vou voltar para a Terra, eu sou Espírito'. Eu tive um choque. Não me dava conta de que ele não fosse gente igual a mim e minha família, achava que era um delírio. Eu conversava como ele, falava em tupi-guarani inclusive. Ele disse que eu o veria dali a muitos anos. De fato, vim a reencontrá-lo quando ele foi deixado à nossa porta, abandonado. Foi uma criancinha que adotei.
OP - Na Mansão do Caminho?
DF - Isso, na Mansão do Caminho.
OP - A Mansão do Caminho é uma instituição que o senhor fundou.
DF - Fundei em 1952, com ajuda de um grande amigo, Nilson de Sousa Pereira.
OP - Foi aí que o senhor despertou também para a caridade, para o trabalho de auxílio aos necessitados que mantém até hoje?
DF - Então. Eu estava viajando de trem com um amigo meu que ia visitar uma senhora que estava muito doente. Eu estava indo aplicar passe nela que ela estava louca, obssediada. Na volta, olhando para fora, eu tive um desdobramento, saí do corpo e vi uma área enorme. Era uma área com um pomar, árvores, casas, crianças. E eu vi um homem de costas cercado pelas crianças. Então uma voz me disse: "Vai até ele". E eu fui. Quando vi, era eu, já velho. Aí a voz disse: "Isso é o que tu farás na tua vida. Tu dedicarás a vida à educação de crianças". Eu achei que aquilo fosse um delírio. Quando voltei ao normal, contei aos meus amigos. A verdade é que eles disseram que não era delírio. Depois disso, em 1952, nós alugamos uma casa muito grande e fundamos a Mansão do Caminho. Em 1955, um amigo me chamou e disse que havia encontrado a área da minha visão psíquica. Quando nós chegamos lá, era uma fazenda antiga. Eu olhei e vi psiquicamente as construções todas.
OP - O senhor previu a casa já construída olhando para o terreno?
DF - Eu via tudo pronto. Compramos esta casa. Então um amigo desenhou, conforme fui explicando. Hoje temos 52 edifícios na área, com 3.090 crianças numa creche, com maternal, jardim de infância, alfabetização, doze escolas profissionalizantes. Uma área muito grande onde ficam distribuídas nossas atividades sociais para a comunidade.
OP - Qual o público atendido pela Mansão?
DF - Pessoas que buscam atendimento médico, pessoas que precisam de ajuda, pessoas que moram conosco.
OP - Todos os atendidos recebem orientação espírita?
DF - A grade escolar é convencional, conforme o Governo. No domingo, nós temos a atividade espírita e vai quem quer. Vão crianças, adultos jovens.
OP - A Mansão fica em Salvador.
DF - No bairro Pau da Lima. E é aberta a todos os que precisam.
OP - Depois do seu amigo invisível Jaguaraci, não apareceu nenhum outro?
DF - Quando Jaguaraci desapareceu, apareceu um rapaz que me disse que seria meu amigo para me auxiliar no trânsito da adolescência. Seu nome era Walter e ele havia desencarnado no Recife. Durante muito tempo, quando eu adquiri a idade da razão, comecei a viajar. Naquele tempo, as comunicações eram muito morosas. Ele me dava notícias da Mansão. Carinhosamente eu lhe dei o nome de "O Correio". Quando eu fui ao Recife pela primeira vez, no ano de 1952, ele me pediu para visitar os pais no bairro Casa Forte. Ele queria lhes dar uma mensagem. O pai era desencarnado, mas a mãe ainda vivia. Eu fui e me apresentei, e ele (o Espírito), por meu intermédio, falou com a mãe. Isso aconteceu por várias vezes. Ele reencarnou, nós nos reencontramos e continuamos amigos.
OP - Quer dizer que o senhor tanto conviveu com espíritos como também conviveu, convive, com esses mesmo espíritos, encarnados?
DF - Sim, o Jaguaraci, por exemplo. Certo dia, encontramos na lata do lixo uma criança abandonada, comida pelas formigas e era ele, meu amigo invisível da infância. Fui ao cartório e registrei como filho. Tenho quatro filhos adotivos com o meu nome e o resto das crianças, abraço como filhos do coração.
OP - O senhor nunca pensou em se casar, ter filhos?
DF - Já, claro. Passei sim pelo desejo. Mas, olha, pra ser sincero, eu não tinha tempo mental. Eu trabalhava no Instituto de Previdência em dois expedientes. À noite tinha reunião. Nessa época eu já mantinha muito contato com os Espíritos e já tinha muito que fazer, com as viagens, as psicografias. Aí o tempo passou e minha família se tornaram os necessitados do caminho.
OP - O médium Chico Xavier enfrentou verdadeiros sofrimentos nas suas visões de espíritos que flutuavam sobre os bancos de igreja e beijavam os santos, que faziam caras e bocas, como conta o jornalista Marcel Souto Maior, na biografia "As vidas de Chico Xavier". O senhor já sofreu algo semelhante?
DF - Quando eu tinha oito anos mais ou menos, apareceu-me uma entidade espiritual e disse que iria me perseguir por toda a vida. Eu não tinha ainda formação espírita e não entendia. Achava que era um ser infernal e, com minha formação católica, era uma tentação demoníaca para me tirar o sossego. Esse espírito me aparecia com muita freqüência, em vários períodos e situações embaraçosas que me geravam momentos conflitantes e difíceis. Mais tarde, ele me disse que era meu inimigo, que nós havíamos vivido juntos 400 anos antes e que eu o prejudicara. Agora, ele queria me prejudicar. E, desde então, ele jurara que se vingaria de mim. Ele disse que me procurou durante todo esse tempo e só ali me encontrara. Eu o chamava de "O Máscara", por causa do filme que eu tinha visto, "O Homem da Máscara de Ferro". Era a história de um príncipe que vivia em uma fortaleza e que lhe foi colocada uma máscara de ferro.
OP - Quando ele deixou de importuná-lo?
DF - Um dia eu estava na Mansão e vi na porta uma criança negra enrolada em um pano. 'O Máscara' apareceu nessa hora e perguntou: "Você ama essa criança?" Eu respondi: "Ainda não porque não a conheço, mas vou amá-la sim, vou adotá-la, por quê?" A parti dali ele disse que me abandonaria porque o meu amor lhe havia tocado. A criança em meus braços tinha sido a mãe dele em uma vida passada e eu, a partir dali, iria tomar conta dela. Hoje ela é uma moça, casada com seus filhos.
OP - E ela tomou conhecimento de sua origem?
DF - Sim, contei a ela depois. Ela sabe e aceita. Somos grandes amigos hoje em dia.
OP - Quando começou a psicografar livros ditados por espíritos?
DF - Foi em 1949. Eu sentia uma dor no braço e meu irmão disse para eu passar cânfora. Mas a dor não me deixava. Um dia entrei em transe e comecei a psicografar mensagens de espíritos aleatoriamente. Depois recebi um comunicado para queimar tudo porque não passava de exercícios. Só depois é que comecei de fato a psicografar livros. Em 1964 lancei o primeiro, "Messe de Amor", com mensagens do Espírito Joana de Ângelis.
OP - Quantos livros já psicografou e quantas palestras já proferiu?
DF - Um total de 186 obras. Já dei palestras no mundo todo, somando mais de 10 mil palestras proferidas. Do total de livros, 94 já foram traduzidos para vários idiomas.
OP - O senhor nunca cobrou para fazer as viagens ou para a venda de livros?
DF - O espírita também trabalha para viver e não vive da religião. Eu sempre trabalhei e me mantive da minha renda. Os recursos arrecadados com meu trabalho na doutrina, por total abnegação, e toda a renda dos livros é revertida para a Mansão do Caminho.
OP - As suas peregrinações divulgando o Espiritismo já tomaram muito tempo da sua vida. Essa tarefa não poderia ser considerada uma missão? O senhor se considera um missionário?
DF - Não me considero missionário, me considero um trabalhador voluntário com uma tarefa. Eu tenho 78 anos e ainda me sinto jovem para trabalhar. Eu me sinto como o irmão Francisco de Assis. No livro "Diálogo com Francisco", tem uma passagem que diz que, um dia, ele estava capinando o jardim e alguém perguntou o que ele faria se soubesse que iria morrer naquele dia. Ele disse que continuaria capinando o jardim.
OP - O senhor assina uma coluna sobre espiritismo no O POVO. Isso faz parte do seu trabalho de divulgação? Por que o Ceará? Não houve convites de outros estados, já que o senhor viaja o Brasil inteiro?
DF - A publicação de artigos espirituais no jornal é também uma tarefa que me é muito dável e honrosa. Eu nunca aceitei convite de outros estados e somente escrevo outros artigos para periódicos espíritas. Para essa tarefa eu separei um estoque de mensagens que psicografei no ano da primeira publicação (agosto de 2005) e outras que eu ainda não havia utilizado, porque eu viajo muito e poderia não cumprir com a publicação semanal. Só aceitei o convite da redação do O POVO porque adoro o Ceará. Eu sou cearense, não sabia? Eu acredito que tenha nascido na Bahia por engano. Foi um erro da cegonha (risos).
OP - Quando o senhor teve contato pela primeira vez com o médium Chico Xavier?
DF - Foi em 1948. Eu havia mandado uma carta no ano anterior a ele. Eu fui passar férias em Belo Horizonte. Nessa época, já proferia palestras pelo Brasil. Nessa viagem, aproveitei para conhecê-lo. Chico era uma pessoa incomum, bondoso, um médium notável, humilde. A fama que ele angariou e as circunstâncias da sua vida só o fizeram cada vez mais afável e humilde.
OP - O senhor fez algum trabalho em parceria com Chico Xavier?
DF - Sim, um livro, "E o amor continua". Nós fazíamos um revezamento. Sentamos em uma sala, separados, e o espírito incorporava nele e depois em mim. O livro teve o prefácio do Espírito Bezerra de Menezes.
OP - O senhor se considera um substituto de Chico Xavier?
DF - Tem um pouco de fantasia na história de acharem que eu seja substituto de Chico Xavier, porque não existem substitutos para situações espirituais. Chico Xavier é um espírito hour concurs. Mas, outros vieram somar e não para substituição, mas para dar continuação. E muitos outros ainda virão.
OP - Para os católicos, anjo da guarda. Para os espíritas, mentor espiritual. Quando o senhor conheceu seu mentor espiritual?
DF - Desde criança, eu via uma claridade ao meu lado, como se fosse uma luz e depois eu comecei a ouvir uma voz. Meu primeiro contato direto foi no dia 5 de dezembro de 1945, quando ela me incorporou e então conversou com uns amigos através de mim e deu o nome: "um Espírito Amigo". Durante anos, de 1945 até 1957, eu não sabia quem era. Um dia eu perguntei: "Então, o senhor não tem um nome? Ela disse: "Chama-me Joana. Joana de Ângelis, este é o meu nome". Numa outra encarnação, ela foi Joana Angélica de Jesus que viveu durante a libertação da Bahia, na cidade de Salvador. Mas numa encarnação anterior, no século XVII, no México, ela foi a poetisa Sóror Juana Inés de la Cruz. É considerada a primeira feminista das Américas. Deixou um legado extraordinário, uma personalidade famosa no México.
OP - Por que ela foi designada para ser sua mentora?
DF - Porque nos éramos conhecidos de outras épocas. Ao tempo de Jesus Cristo, ela viveu na Terra. E ela disse que, posteriormente, nós nos encontramos. Cada um foi para as suas atividades e, mais tarde, nos reunimos para uma tarefa de Jesus. A tarefa que estamos fazendo agora.
OP - Ela se apresentou como sua mentora e disse que, por intermédio dela, viriam os livros?
DF - Sim, ela ficou encarregada pela programação das minhas atividades.
OP - Quantos livros ela ditou para serem psicografados?
DF - 58. Os mais atuais são a série psicológica, três livros sobre psicologia transpessoal, fazendo uma ponte entre espiritismo e a psicologia.
OP - Um livro tem em média de 50 a 100 páginas. Como o senhor psicografa seus livros?
DF - À lápis. Eu viajo muito então, no período em que me avisam que tem um novo livro para lançar eu não viajo. A psicografia de um livro dura uma média de 22 a 24 dias.
OP - Menos de um mês para escrever uma obra que pode chegar a 250 páginas?
DF - Sim, menos de um mês, escrevendo entre 16 a 18 horas por dia. É uma sensação de êxtase espetacular. Antes, eu terminava e datilografava. Hoje eu digito no computador, escrevo mecanicamente de olhos fechados.
OP - Então o senhor não tem noção, durante o ato, do que está escrevendo?
DF - Não tenho a menor noção. Às vezes eles (os espíritos) escrevem ao contrário para ser lido no espelho, em outros idiomas. Eu fico numa postura cômoda, com a mão apoiando a cabeça, sempre de olhos fechados. É um transe. É como se eu não comandasse mais. Nessa hora, o espírito é quem comanda.
OP - Qual a sua visão para o sofrimento humano, de males como a depressão, e para as catástrofes naturais que o planeta vem sofrendo?
DF - O momento atual que a humanidade atravessa é um período de transição, de transformação de um mundo de provas e expiações para um mundo de regeneração. Um fenômeno normal, tanto geológico como sociológico. Vivemos uma transformação da cultura, da ciência e tecnologia para uma nova sociedade. Então o espiritismo considera um fenômeno normal que, lamentavelmente, nossos tratos anteriores, levaram ao desencadear de toda essa problemática hoje de guerra, de enfermidades e de injustiça social. Lamentamos muito que haja ainda tanta injustiça social num mundo tão rico, quando os poderosos podem decidir o destino da humanidade. Infelizmente ainda não conseguiram.
OP - Então, quer dizer que o mundo é hoje do jeito que é por conta de atitudes que os seres humanos fizeram no passado?
DF - Sim, é a lei de causa e efeito.
OP - Algo como a crença no provérbio que diz "aquilo que se planta, é o que se colhe" ou mesmo "aqui se faz, aqui se paga"?
DF - Ao planeta Terra todos nós temos de retornar para reaver laços e situações que deixamos incompletas. Situações de resgate. Por isso, há o sofrimento como preparação espiritual para o melhoramento do ser. Se as pessoas não continuassem a cometer crimes morais já não mais viveríamos a condição que o planeta está agora.
OP - E para os espíritas, isso tudo terá fim um dia?
DF - Vai haver uma mudança radical no momento em que nós começarmos a melhorar, porque o mundo só será melhor quando nos tornarmos melhores. Mas, vai acontecer porque a Lei Divina tem indeterminados requisitos. Da mesma forma que na sociedade aqueles que são perniciosos são expulsos, vão para o cárcere, a Terra, como uma grande escola, expulsará seus rebeldes habitantes, caso perseverem no mal.
OP - E para onde irão esses espíritos?
DF - Para planetas inferiores.
OP - Então existem outros planetas habitados fora a Terra?
DF - Superiores e inferiores. Todos eles habitados.
OP - A Terra é, então, um planeta inferior?
DF - Em parte, sim, porque ainda não atingiu a vibração espiritual de amor e paz dos mundos felizes. Sua condição, ainda de pátria de espíritos sofridos e endividados, a condiciona a uma posição inferior se comparada a mundos mais elevados. Porém, se comparada a mundos mais primitivos, como existem, ela se torna, assim, superior, porque, mesmo com todo o mal que ainda vigora, há sinais de elevação moral, como os atos de caridade de tantos nomes, como Chico (Xavier), Madre Tereza, irmão Francisco, Bezerra de Menezes. Portanto, ela não está no ápice da inferioridade, existem mundos mais densos que a Terra.
OP - Todos esses mundos, em todos os patamares, são ou foram habitados por humanos?
DF - Não necessariamente por formas psíquicas nem por seres humanos. Quando nós olhamos para as águas, se não conhecêssemos as guelras e as traquéias não poderíamos crer como há vida sob os oceanos e lagos. Então, para nós há vida, não necessariamente nesse padrão que exige oxigênio, hidrogênio. Mas há outros padrões em que a vida se manifesta.
OP - E por que essa divisão em planetas superiores e inferiores?
DF - Na verdade, Deus criou os mundos com destino à felicidade. O ser, criado simples e ignorante, é o responsável pela própria evolução, que é proporcionada nesses mundos. Na matéria, primeiramente, para, depois, prosseguir a vida no plano original, o espiritual. A todos é destinada a evolução. Ninguém retroage. Se alguém estagna, a espiritualidade benfeitora promove mecanismos para que este ser progrida, oferecendo toda a sorte e possibilidades de vida, porque Deus é misericordioso e a Providência Divina nunca falta. Mas, ele é o responsável pela sua sorte também. Como responsável pelos seus atos, arca inclusive com as suas conseqüências.
OP - Qual mensagem final o senhor deixaria para os leitores?
DF - Vale a pena amar! Quando nós amamos, a gente luta em frente e não desiste. Quando queremos ser amados, somos crianças psicológicas. A felicidade consiste em amar. Se alguém não gosta de nós, que não nos preocupemos. O problema é de quem não gosta. E quando não gostamos de alguém, preocupemo-nos porque é um problema grave. Quando alguém nos odeia, pior para ele. Quando nós odiamos, pior para nós. Então vale a pena amar e estruturar esse amar sem limites, porque com a paz o mundo se tornará melhor.
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