enquete 20/07/2014

O que pode ser feito para reformular o futebol brasileiro?

O desastre da participação da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo apontou a necessidade de um profunda reestruturação no esporte mais popular do país.
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DANIEL FIGUEIREDO
Radialista O POVO/CBN
As mudanças na minha opinião devem privilegiar três aspectos. 1 -Categorias de base: os clubes investem em centenas de garotos para selecionarem dois ou três que tenham realmente potencial de gerar retorno financeiro. Muitas vezes nessa fase, os empresários, amparados pela legislação, seduzem esses atletas e os tomam das equipes, com custo muito menor. Com o passar das últimas décadas, investir em categorias de base tornou-se negócio muito menos interessante para os clubes. A legislação precisa ser revista; 2- Intercâmbio: o Brasil já paga salários no mesmo patamar de ligas europeias e acredito que este seja o momento de atrair jogadores e principalmente técnicos estrangeiros. Este movimento já está acontecendo e deve ganhar força; 3-Calendário: não pode mais seguir nos padrões atuais. Um calendário com pré-temporada, excursões e de preferência, alinhado com o europeu, teria efeito revolucionário.

 

VICENTE CRISTINO
Professor de Educação Física da Unifor, Estácio-FIC e da Sociedade de Assistência aos Cegos
Para melhorar o nosso futebol profissional temos em primeiro lugar que termos profissionais qualificados, formados em educação física. Segundo, temos que ter espaços adequados para a prática do futebol, e terceiro: o nosso público ( crianças, adolescentes e adultos). Antigamente, em todos os bairros tinha campo de futebol, que aos poucos foram diminuindo. Nos colégios são raros os que têm um campo de futebol. Vamos olhar para os colégios públicos e particulares que têm campos. Os nossos governantes poderiam, dentro das secretarias de educação e de esporte, desenvolver projetos de incentivo a prática do futebol e termos competições durante todo o ano. No Ceará, por exemplo, temos os cursos de educação física com espaços e profissionais para direcionarem projetos permanentes para colocar as crianças para praticar esporte e, quem sabe, no futuro, teríamos na nossa seleção brasileiro com certeza um cearense.

 

ANTERO NETO
Jornalista - narrador esportivo do SporTV
Escrevi. Apaguei. Fiz e refiz algumas vezes esse texto. Apaguei mais uma vez. “Vamos lá, Antero! São poucas linhas… Fiz isso a faculdade inteira. Faço com frequência.” Dizia a mim mesmo. Então, dei um sorriso de canto de boca e pensei: “Isso é futebol.” Como pode algo ser, ao mesmo tempo, tão simples e complexo!? Futebol é Mágico! Bom, enquanto nosso time ganha. Caso contrário é trágico! E o futebol brasileiro? As duas coisas: mágico e trágico. Ainda temos os melhores, mas não somos os melhores. Nos falta conceito. Talento só não basta. É um longo debate que vai além do 7; do apagão de 6; ou de um Felipão. O futebol da seleção brasileira não deve ser a cereja do bolo. Mas, sim, a vela! O futebol do dia-a-dia é que precisa do todo. Assim, vamos poder comemorar, de quatro em quatro anos, a Magia do futebol. E se der um vento mais forte, basta acender a vela novamente.

 

SÉRGIO RÊDES
Colunista do O POVO
Certa vez o presidente da Federação Cearense de Futebol foi barrado – estava sem os documentos - numa das entradas do Castelão. Muita gente ficou surpresa com a ação da funcionária que cumpria a sua função. O presidente foi prudente e evitou o tradicional “sabe com quem está falando?”. São pesadas nossas heranças culturais. Paulo Francis escrevia que foi a partir do autoritarismo que se criou a mística do homem todo poderoso e da distância olímpica do resto da sociedade. Assim caminha o futebol brasileiro. A CBF tem 783 clubes filiados, mas só 20% têm acesso às competições promovidas. Os outros 80% disputam campeonatos que duram no máximo três meses. Revoltado com a vergonha da Copa o país exige mudança. A CBF já começou. Colocou como diretor-técnico um empresário de jogadores. Seu discurso de posse é peça rara. “Vou convidar os ex-jogadores e técnicos para saber a opinião”. Ah!Ah!Ah. Vai piorar. 

 

MIRANDINHA
Ex-jogador
Indicaria 10 pontos: 1- profissionalização na base; 2 - controle dos recursos dos clubes com transparência; 3 - profissionais que trabalhem pelo salário do clube, não tirando de jogadores; 4- cobrar dos técnicos atenção com jogadores da casa para o clube se tornar forte financeiramente; 5 - como pensar em dias melhores se o novo coordenador de seleções é um dos maiores agentes de jogadores do Brasil? 6 - preservar os treinadores para que o trabalho tenha sequencia; 7- trabalharem juntos, imprensa, profissionais do futebol e dirigentes; 8- acabar com os campeonatos que não dão retorno e prestigiar campeonatos de base; 8 - Criar leis de incentivo para que as empresas invistam; 9- tirar das federações a condução dos recursos da televisão, para que os donos do espetáculo sejam os clubes; 10-cobrar do poder publico mais rigor nas ações de suas secretarias de esporte, no sentido de não se utilizarem das mesmas para fins eleitoreiros. 

 

BRUNO FORMIGA
Comentarista do Esporte Interativo e colaborador das revistas Placar e Tatame
Nosso modelo saturou. E se os talentos seguem brotando por aí, a forma de lapidá-los faliu. O futebol brasileiro precisa recomeçar. A mudança passa pela gestão. O 'projeto futebol' precisa respeitar a base e o mínimo de estabilidade. Ou a CBF encara a Seleção como a parte final de um bom trabalho ou vai viver na esperança de garimpar um ou outro Neymar para sustentar o time nas costas. A Seleção é a cereja do bolo. É um retrato do todo. E hoje o nosso 'todo' é uma Série A nivelada por baixo, estaduais falidos e categorias de base preocupadas não com a formação, mas com a negociação de jogadores. A mudança começa de baixo para cima. Mas precisa, claro, partir da CBF, que ultimamente tem servido mais para contar ganhos do que resolver problemas. O legado da goleada precisa ser uma ideologia recauchutada. Patrocinadores, dinheiro, contratos, ingressos, títulos... Tudo será mais fácil se o produto for melhor tratado. Basta querer.

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