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NÉLIO BATISTA DE MORAIS
Coordenador da Célula de Vigilância Ambiental e Riscos Biológicos da Secretaria Municipal da Saúde (SMS)
A leishmaniose visceral (LV) ou calazar é uma zoonose causada por protozoários que pode acometer os animais e o homem. No mundo estima-se uma incidência anual de 500 mil casos e 50 mil óbitos. Atualmente, encontra-se entre as seis endemias consideradas prioritárias universalmente. O Ministério da Saúde (MS) na busca do controle da LV adota dentre outras estratégias a eutanásia dos cães soropositivos. A prática da eutanásia canina é recomendada para todos os animais sororreagentes e/ou parasitológicos positivos. Para a realização da eutanásia, deve-se ter como base a Resolução nº 714, do Conselho Federal de Medicina Veterinária, que dispõe sobre os procedimentos e os métodos de eutanásia. Sobre o tratamento de cães, o Ministério da Saúde orienta que não é uma medida recomendada, pois não diminui a importância do cão como reservatório do parasito. No entanto, o impacto dessa e das outras medidas adotadas não tem surtido o efeito esperado na redução de casos humanos e sobretudo caninos, levantando vários questionamentos sobre as ações em curso.
ANDREI NASCIMENTO
Médico veterinário e gerente técnico da MSD Saúde Animal
JOSÉ RICARDO HENZ
Médico veterinário
No Brasil as autoridades sanitárias recomendam a eutanásia de cães positivos como estratégia de controle da doença. Os números divulgados pelo Ministério da Saúde atestam uma alarmante disseminação da doença em todo o território brasileiro, demonstrando claramente que a eutanásia de cães tem sido ineficaz como medida de controle do calazar. Existe tratamento para o calazar canino, sem colocar em risco a saúde publica. Na Europa o tratamento é regra; a eutanásia é exceção. A escolha do medicamento a ser utilizado depende da avaliação clínica e laboratorial do animal. Hoje, a imunoterapia que consiste na vacina associada a quimioterápicos como Alopurinol e estimulantes imunológicos é a terapia mais utilizada pelos veterinários no Brasil. A exemplo do que ocorre no homem, o tratamento no cão, promove a cura clínica da doença, sendo as recidivas mais frequentes na espécie canina que na humana.
VERONICA CAMPELLO
Professora da Faculdade de Veterinária (Favet) da Universidade Estadual do Ceará (Uece)
É possível melhorar a qualidade de vida dos animais acometidos através de protocolos que minimizam o desenvolvimento e o impacto do parasita no organismo, mas cura tem que ser muito pesquisada. Na atualidade os vários protocolos que prometem a cura ainda apresentam fragilidade, uma vez que não podem ser aplicados a todos os animais de uma população. O controle de doenças utilizando várias medidas, incluindo nelas o conhecimento da epidemiologia do flebotomíneo seria uma grande saída. A Favet tem, por meio dos alunos do sexto semestre, feito eventos educativos informativos no Campus do Itaperi, objetivando levar informações relativas ao papel do cidadão (e criador), que é papel das autoridades sanitárias na tentativa de conscientizar os transeuntes da Uece sobre a doença.
ROSANGELA EMYGDIO
Médica veterinária
A opção da eutanásia de um animal de estimação infectado é difícil. Mas, para os cães muito debilitados e com idade avançada, talvez seja a única solução. O Brasil é o único país em que se “mata indiscriminadamente animais doentes no intuito de controlar a doença”. Mas é necessário que se faça combate ao inseto vetor com inseticidas no ambiente e programação vacinal associada ao uso de repelentes em cães, além do controle dos desmatamentos florestais. Para isso, é necessário que as autoridades ajam para proteger a população e os animais. O cão é o principal reservatório da doença no meio urbano, mas não o único. O homem pode atuar como reservatório, pois o ser humano doente também infecta o inseto e nem por isso são recomendadas medidas radicais. Não é necessário condenar o cão à morte, pois há tratamento, que já é feito na Europa há 50 anos. O tratamento do animal, autorizado pelo Ministério da Agricultura, tem custo alto e a decisão de realizá-lo cabe ao proprietário. Caso contrário, é recomendada por veterinários a eutanásia.
MARIELLE MEDEIROS
Médica veterinária
O tratamento do calazar é muito discutido, pois existem estudos que comprovam que o cão tratado, mesmo sem sintomas, continua sendo portador da doença. Quanto à eutanásia, ninguém quer perder um “membro da família”; embora muito dolorosa para os proprietários de cães, é um recurso para tentar diminuir a incidência da doença. Vale ressaltar que a transmissão é pela picada do “mosquito”. Em vez de tanto debate entre tratar ou eutanasiar, as pessoas poderiam fazer o essencial, que é a prevenção. Realizando simples medidas como a limpeza de matéria orgânica (fezes, folhas e frutas em decomposição) de quintais e jardins e nos cães usar coleira à base de Deltametrina a 4%, que repele e mata o flebotomieneo e é indicada pela OMS. Sem a picada do inseto, não há transmissão e disseminação da doença. É imprescindível o uso desta coleira em animais sadios e tratados. Assim, evitaríamos o tratamento dispendioso, desgaste e sofrimento para o animal, a eutanásia, a perda dolorosa e o expor sua família ao risco.
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