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Pouco conhecida dos brasileiros, menos dos baianos, Dois de julho divide a história do país, o qual acabava de nascer, entre o nativismo rebelde e guerreiro e o acomodado e pacífico, dos tempos de hoje. O povo buscando enfrentar a inércia dos governantes, os quais preferem extrair da natureza o que ela proporciona, numa possessa dependência a outros povos, ao invés de criar os próprios meios de desenvolvimento. Esse seu significado, uma enorme massa de patriotas, entre homens e mulheres, nesse dia, em 1823, travando lutas corporais e ações de guerra, de integração nacional, contra os antigos dominadores portugueses, objetivando consolidar o ato de Sete de Setembro.
O Recôncavo Baiano foi palco desse episódio, aonde acorreram batalhões de soldados do Rio de Janeiro, Pernambuco e Paraíba – de Minas Gerais, não chegou em tempo – ao todo, cerca de dez mil. Antes, centenas de oficiais, praças, e muito armamento, já haviam desembarcado em Maceió, logo se incorporando ao efetivo militar, que ficou sob comando pernambucano do major Barros Falcão. Por dias seguidos fustigavam o inimigo, já derrotado nas batalhas do Pirajá e Cabrito. A Vila de Cachoeira viveu momentos cruéis; a sóror Maria Angélica era assassinada, transformando-se em heroína, somando-se à combatente Maria Quitéria. A Vila de Cachoeira vivia momentos cruéis, porém persistia o brado de emancipação, completa, do Brasil. O sibilar sinistro dos canhões e o tinido das espadas desciam e subiam os morros da região, até às encostas de Salvador. Cercada e em desvantagem numérica, a reação brasileira parecia perdida, porém a salvadora desobediência do corneteiro Luiz Lopes, com seu toque de avançar, degolar, quando a ordem era de recuar, os camaradas do general Madeira de Melo bateram em retirada e capitularam, seguindo, de retorno imediato, a Lisboa.
É essa epopeia que os soteropolitanos relembram todos os anos, sob a forma de maior patriotismo possível. A falta de sintonia, entre os institutos de história e de cultura do país, a festa não é devidamente comemorada. Como, também, a de 19 de Outubro, de Parnaíba, e outras efemérides da época. A deputada federal Alice Portugal faz sua parte, apresenta propositura, o PLC 61/2008, já aprovado pelas duas Casas do Congresso, agora indo à sanção presidencial, propondo que a data seja inserida no calendário nacional. Não que a transforme em feriado, que fique, apenas, no registro, mas um elemento que ajude a despertar a população e o governo da letargia que toma conta da nação, em descompasso com as intenções daqueles heróis, que jamais desejariam que a Pátria, por eles construída, jamais tivesse sua soberania negociada.
Inocêncio Nóbrega
inocnf@gamail.comJornalista
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