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Após 35 anos de funcionamento, o Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira I (IPPOO I), no bairro Itaperi, foi totalmente desativado. Na manhã de ontem, todos os 59 detentos que eram mantidos no presídio foram transferidos para o IPPOO II, em Itaitinga (Região Metropolitana de Fortaleza). Eles terão que dividir o local com outros 561 homens, cuja maioria cumpre pena em regime semiaberto. Já o prédio da unidade desativada deve ir a leilão público, a ser realizado pelo Governo do Estado nos próximos meses.
“Levar estes presos para um local de melhor estrutura é uma satisfação. Agora, nós teremos a oportunidade de verdadeiramente prepará-los para o retorno à sociedade”, afirmou a coordenadora do Sistema Penitenciário da Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), Socorro Martins, que acompanhou a operação de transferência. Segundo a coordenadora, o prédio estava com a “estrutura defasada” e não tinha mais condições de abrigar presos do regime semiaberto, ao contrário do IPPOO II, onde os presos trabalham, estudam e participam de projetos.
O traslado dos presos foi realizado por 22 homens do Grupo de Apoio Penitenciário, que contaram com o apoio de 15 agentes prisionais. Durante o trabalho de revista das celas, vários celulares foram encontrados.
Para suprir as necessidades deixadas pelo IPPOO I, a Sejus confirmou que uma nova unidade, destinada somente aos presos do regime semiaberto, será construída em Maracanaú. Socorro Martins assegurou que as novas instalações devem ficar prontas no início de 2014. Até lá, os detentos desse tipo de regime serão mantidos no IPPOO II.
Antes de ser completamente desativado, o IPPOO I passou por várias interdições, em razão de problemas estruturais. A primeira medida interditória ocorreu em dezembro de 2006, por “insalubridade estrutural”. Na ocasião, a Justiça ordenou que, a partir daquela data, a unidade não poderia mais receber detentos, fossem novatos no sistema penal ou transferidos de outros presídios. Na época, havia 530 homens no local. A intenção era que eles fossem deixando a unidade, conforme o regime de detenção progredisse ou a sentença condenatória fosse cumprida.
Porém, em setembro de 2009, quando havia apenas dois presos no local, o titular da 1ª Vara de Execução Criminal do Fórum Clóvis Beviláqua, juiz Bessa Neto, determinou que o IPPOO I fosse reativado para funcionar como uma “Colônia Urbana Industrial do Itaperi”. O presídio deveria abrigar os presos que cumpriam pena na Colônia Agropastoril do Amanari, em Maranguape, que havia sido desativada naquele ano. Desde então, a unidade passou a receber somente detentos do regime semiaberto.
A última interferência da Justiça ocorreu em outubro de 2011. Mais uma vez, foi impedida a entrada de novos presos. Na época, a unidade contava com 423 detentos. A medida estava em vigor até ontem, quando todas as celas foram esvaziadas.
ENTENDA A NOTÍCIA
Bastidores
Apesar de a transferência fazer parte de uma operação sigilosa, familiares dos presos foram ao IPPOO I e acompanharam o momento em que os detentos deixaram o local. Eles teriam sido avisados sobre o traslado pelos próprios detentos, que utilizavam aparelhos celulares no interior da unidade.
A maioria deles reclamou da medida tomada pela Sejus. “Eu já venho visitar ele de mês em mês, porque tenho uma deficiência na perna. Agora, lá em Itaitinga, não sei como vou fazer. É muito longe. Vai ficar mais difícil”, justificou a mãe de um dos presos.
Dois a dois, algemados, os detentos deixaram a unidade. Antes de entrarem nos ônibus, mandavam beijos e acenavam para as famílias.
Após entrarem nos ônibus, pela janela, alguns presos tentaram entregar pequenas quantias de dinheiro aos parentes. Os valores foram repassados aos familiares pelos agentes penitenciários.
No momento da saída, por volta das 10h15min, o trânsito na avenida Expedicionários foi interrompido.
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