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Noite de 4 de agosto de 1989, uma sexta-feira. Numa camioneta F-1000, com outras quatro pessoas, o ex-deputado estadual Orzete Filomeno Ferreira Gomes, coronel reformado do Exército, chega ao seu Sítio São Mateus, em Pajuçara, Maracanaú .
Segundo a descer, Orzete logo perguntou em voz alta: “O que está acontecendo aqui? Que invasão é essa na minha propriedade?”.
Eu estava lá, pelo O POVO, com o fotógrafo Alcebíades Silva. Outros profissionais da Imprensa também. O delegado Francisco Crisóstomo, da Assessoria de Informação e Segurança, na época, rebateu: “Isso não é invasão, coronel. Estamos com um mandado de busca e exumação expedido pela juíza Maria Odele de Paula Pessoa”, e mostrou o mandado.
O coronel não gostou de tanta gente ali: “Por que tanta gente no meu sítio?”. De novo, Crisóstomo respondeu: “Estamos porque o mandado nos permite procurar um homem que foi enterrado aqui neste sítio e o cadáver já foi encontrado”.
O coronel fez a última pergunta: “Quando vocês vão deixar meu sítio?”. Crisóstomo foi incisivo: “Sairemos quando acabarmos nosso trabalho. Há suspeitas de que existam mais cadáveres aqui”. Em seguida, o coronel deixou o sítio.
O caseiro, João Teixeira de Oliveira, que ajudou a enterrar o corpo da vítima, acabou preso. Seu depoimento foi decisivo para incriminar Orzete. “Eu vi quando o coronel atirou duas vezes na vítima. O primeiro disparo foi com uma escopeta. Depois ele acabou de matar o homem com um tiro de revólver na cabeça. Levei o corpo para a cova num carrinho de mão”.
O homem morto e sepultado no sítio São Mateus era Antônio Adalberto Feitosa Andrade. O mistério sobre a morte de Adalberto perdurou por quatro anos. A família pedia Justiça. Ele havia desaparecido em janeiro de 1984. A motivo da morte de Adalberto foi passional, segundo concluiu e divulgou a Polícia naquele ano.
Adalberto era casado com Maria Albani Morais, que depois passou a viver maritalmente com o coronel. O casal teve uma filha. Enciumado, segundo a investigação policial, Orzete tramou a morte de Adalberto.
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