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Barriga pra acolá, sem querer saber o sexo da criança, Ivanilde firmou um pacto comigo. Se fosse homem, eu daria o nome. Se fosse mulher, ela se encarregaria de dar. Assim foi feito. Nasceu mulher e a Ivanilde decidiu por Alana. Me emocionei.
Ainda pequena, levava a Alana para o jornal. Ela logo se enfadava de ficar batendo na máquina, ia para um canto ler. Intimamente torcia pra seguir minha profissão. Coisa de pai. O grande teste deu-se quando coloquei um jornal e um livro na sua frente. Ela ficou com o livro. Disse pra Ivanilde: “Jornalista ela não vai ser”.
Hugo Bianchi conheceu Alana passeando com a mãe na calçada. Profetizou – “um dia ela será minha bailarina e a melhor do Ceará”. Ela começou a dançar com mestre Hugo. Depois resolveu acompanhar a Mônica Luiza, sua professora, quando ela resolveu montar sua academia. Foi lá onde deslanchou e tornou-se sua primeira bailarina. Nos grandes festivais de fim de ano, Mônica contratava os melhores bailarinos do Municipal pra com a Alana dançar: Francisco Timbó, Paulo Rodrigues, Mansur, Marcelo Misaillidis, dentre outros. Seu momento maior, contudo, foi quando dividiu o palco do TJA três vezes com a grande Ana Botafogo. As duas se tornaram muito amigas, amizade que até hoje perdura.
Enquanto dedicava a carreira de bailarina Alana estudava psicologia na Unifor. Dava pra conciliar. Até o momento em que teve de decidir seu destino e qual profissão escolher. Não queria estar na sua pele. Porém, a decisão era pessoal e intransferível. Alana decidiu-se pela psicologia. Ela mesma traçou seu rumo sem nossa interferência. O balé clássico foi, contudo, um marco na sua vida. Como esquecê-lo? Hoje, dona de uma clínica de psicologia, dividida com duas colegas de turma. Vai de vento em popa. Casou-se com o Fernando Tamurejo e ganhei de presente uma neta linda, chamada Júlia. Homenagem a sua tetravó e por via oblíqua ao meu pai, que se chamava Júlio.
Júlia, que apelidei de Xerim, é hoje a dona do pedaço. O apelido veio porque pequenininha, pedia-lhe um beijo e ela fazia careta. Uma vez nos meus braços, na janela do apartamento, comecei a lhe mostrar os carros que passavam – este é da mamãe, aquele outro do papai, aquele da vovó. Foi então que ela se virou e perguntou – e o vovô? Respondi-lhe “vovô não tem. É pobre”. Pra quê! Me deparam com ela e perguntam e o seu avô? Rápido ela responde – “meu avô é pobre”.
Ser pai é uma experiência fascinante, mesmo de filha única. Ser avô é algo indescritível. A Xerim faz de mim gato e sapato. Andando com ela a pé por entre ruas e pracinhas, é um momento sublime. Só nós dois, ninguém por perto. Aí me realizo. Coisa de avô coruja babão...
Alan Neto jornalista e colunista do O POVO. Para ele, ser pai coruja é algo maravilhoso. Ser avô, então, é a melhor coisa do mundo.
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