[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Rui Barbosa e a espiritualidade | Espiritualidade | O POVO Online
Roberto Victor Pereira Ribeiro 15/07/2012

Rui Barbosa e a espiritualidade

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Poucos têm ciência, mas o grande jurisconsulto brasileiro Ruy Barbosa era tido como muito religioso e tal característica pode ser contemplada em algumas de suas obras.

 

Muitos achavam até que o grande “Águia de Haia” era ateu. Entretanto alguns testemunhos seus retiram qualquer mácula duvidosa em relação a sua crença na divindade. Depreendemos também de seus textos que a religião a qual professava era o Catolicismo.

 

Passando por alguns problemas em sua vida íntima, Ruy Barbosa atesta que “Deus, porém, estendeu o seu braço para mim e crestou a flor do meu orgulho. Então (…) achei os livros mudos,
a razão muda, e a Filosofia estéril. Chorei e abracei-me à cruz. Foi a fé que me salvou”.

 

Um biógrafo de Ruy asseverou que “o problema religioso está sempre presente em suas preocupações e em seus trabalhos intelectuais. Não há uma só declaração de ateísmo em todos os escritos de Ruy Barbosa”.

 

Em certa ocasião, deparando-se com graves movimentos políticos nacionais, Ruy escreve: “Não sei se incorro em ridículo, trazendo por estas alturas o nome de Deus. Se incorrer, paciência. Nasci na crença de que o mundo não é só matéria e movimento”.

 

E ressoa: “As formas políticas são vãs, sem o homem que as anima. Ora, eu não conheço nada capaz de produzir na criatura humana em geral esse estado interior, senão o influxo religioso”.

 

Ruy combatia a incredulidade a ponto de dizer na tribuna do Senado Federal que “os descrentes em geral, são fracos e pessimistas, resignados ou rebeldes, agitados ou agitadores. Mas ainda não basta crer: é preciso crer definida e ativamente em Deus, isto é, confessá-lo com firmeza, e praticá-lo com perseverança”.

 

Em discursos para os recém-formandos em Direito, Ruy proclamou: “não sei conceber o homem sem Deus, e ainda menos acreditar na possibilidade, atual ou vindoura, de uma nação ateia (…) Deus é a necessidade das necessidades, Deus é a chave inevitável do Universo. Deus é a incógnita dos grandes problemas insolúveis, Deus é a harmonia entre as desarmonias da criação”.

 

E roga para os seus concidadãos: “Restituí, Senhor (às plagas brasileiras), o senso das necessidades nacionais; dai ao Governo brasileiro a coragem heroica da lei, incuti ao povo brasileiro o sentimento indômito do Direito”.

 

Sobre Direito e Religião, Ruy é claro: “sem a disciplina do céu a disciplina da terra não se manterá (…) Ora, liberdade e Religião são sócias, não inimigas. Não há Religião sem liberdade. A inteligência, o Direito, a Religião, são os três poderes legítimos do mundo”.

 

Ruy, além de espiritualista evoluído, foi também um verdadeiro praticante do ofício religioso, isto é, exerceu em vida a sua religiosidade. Consta também em sua biografia que o mesmo “fazia orações genuflexamente voltado para o oratório todas as manhãs e as noites”.

 

Em carta ao seu compadre José Eustáquio Ferreira Jacobina, Ruy comenta: “No meio de tantos desconfortos e iniquidade tenho-me entregado estes dias exclusivamente à leitura do Evangelho, a eterna consolação dos malferidos nos grandes naufrágios”.

 

Ruy tinha verdadeiro apreço por um livro especialmente ofertado por seu filho, a obra em comento é a famigerada escritura A Imitação de Cristo, leitura obrigatória em todos os seminários e colégios católicos. Faz-se mister comentar que este exemplar, após a morte de Ruy, foi doado pela Fundação Casa de Ruy Barbosa ao papa Paulo VI.

 

Este era Ruy Barbosa, além de grande político, jurista, escritor, foi também um fiel praticante e espiritualista convicto.

Roberto Victor Pereira Ribeiro é advogado e consultor jurídico

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