Dois dedos de prosa com Ziraldo

Rômulo Costa romulocosta@opovo.com.br

AURÉLIO ALVES/ESPECIAL PARA O POVO

2° Clichê.Dom Campeonato Cearense. Diante de público pequeno e fiel, Uniclinic e Guarany-S estreiam com empate (0) 2° Clichê.dom Foi pro topo da tabela. Guaraju vence Horizonte no Romeirão (0) 2° Clichê.Dom Rebelião. Guerra entre facções tem pelo menos dez mortos em Natal (0)

Era 1960 quando o cartunista Ziraldo viu sua trajetória se cruzar, pela primeira vez, com as crianças. Com a publicação das aventuras da Turma do Pererê, ele inaugurou no Brasil as revistas em quadrinhos com único autor e se fez escritor infantil consagrado. Após 56 anos, o mineiro percorre capitais brasileiras levando exposição que conta os processos criativos e as aventuras da turma que lhe abriu as portas. Em Fortaleza, a mostra segue até 5 de fevereiro, na Caixa Cultural.

Contando 84 anos, ele não silencia a vontade de criar. Quer manter-se atual, seja no papel ou nas plataformas digitais. O homem de sobrancelhas grisalhas e coletes coloridos altera a voz quando fala de política. Para Ziraldo, esse também é terreno de expressão da arte.

“Eu não vou dar murro em ponta de faca”

OPOVO - Como foi sua chegada no universo infantil?

Ziraldo - Na revista O Cruzeiro, comecei a fazer uma série de cartuns. Eu virei cartunista e desisti de fazer histórias em quadrinhos. Depois, um editor queria fazer uma revista em quadrinhos para concorrer com a Luluzinha e o Bolinha. A gente queria nacionalizar as histórias em quadrinhos, porque era tudo americano.

O editor falou que a Turma do Pererê daria uma boa história. Ele encomendou em uma quinta-feira. Na segunda, a revistinha estava toda pronta.

OP - Até então, você não tinha pensado em fazer quadrinho para criança?

Ziraldo- Nunca. Isso mudou minha carreira. Quando a revista foi lançada, arrebentou a boca do balão. Saiu junto com Luluzinha e Bolinha, colorida igual. O pessoal nunca tinha visto um produto brasileiro com o mesmo nível de uma história americana, com o mesmo ritmo. Se você via, na Luluzinha, guerra de neve, agora os personagens jogavam guerra de mamona. Os meninos tomaram um susto.

OP - Tem alguma diferença na forma de escrever há 50 anos para hoje? As crianças mudam?

Ziraldo- Ninguém muda. O que muda são os costumes. Mas você vai matar seu inimigo pela mesma razão do passado. Você vai chorar pelo mesmo motivo. A mulher que abandonou o cara há mil anos vai ser parecida com a que abandona hoje. Os sentimentos não mudam. O ser humano não mudou nada.

OP - A Turma do Pererê foi interrompida em 1964, em um momento de crise política brasileira. Hoje, a gente vive outros momentos turbulentos na política.

Como o senhor observa esse atual contexto?

Ziraldo- A minha geração entrou de cabeça nessa luta contra a Ditadura.

Quando o (Fernando) Collor foi impichado, a gente disse: “Pronto, nossa missão foi cumprida. Nosso País está a salvo”. Os caras de colarinho branco iam ser punidos. A gente achou que tinha afastado toda a raça junto com o Collor. Mas está toda mandando no País de novo, pô. São os mesmos. Isso dá uma tristeza desesperada. Eu já fiz meu papel. Eu não vou dar murro em ponta de faca, mas sempre digo: prestem atenção. O pessoal que justifica o impeachment da Dilma, sempre justifica pelo Supremo (Tribunal Federal). O Supremo tem moral para respaldar qualquer coisa? Então foi golpe. Esse Supremo dança conforme a música. Eles arrumaram um jeito de manter o Renan (Calheiros) lá, com a Constituição. Então, eles fazem qualquer negócio, pô!

Eduardo Barros Leal 14/12/2016 08:14

Alguém contesta ? Sabem o que vai acontecer com o Brasil ? O golpista não cairá até 31/12/16, então no próximo ano, o Congresso poderá eleger, apenas eles o novo presidente, quem acham que vai ganhar ? Alguma carniça do grupo deles !!! Com ficha suja e tudo. Tai o que queriam !

Eduardo Barros Leal 14/12/2016 08:14

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