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Urbanices
As placas com nomes de famílias muitas, dependuradas no corredor de paus-brasil, indicam o caminho da saudade. As grandes árvores contrastam em verde com o cinza quase monótono do cemitério São João Batista, no Centro, e ornamentam a rua principal, resguardando histórias que os túmulos contam.
O mais antigo cemitério em funcionamento de Fortaleza, inaugurado em 1866, guarda a memória das representações da morte e da vida e das interseções com a história da Capital.
Das narrativas que os jazigos contam, a de José Nogueira é, para o doutor em História e pesquisador do São João Batista Henrique Sérgio de Araújo Batista, das mais extraordinárias. “A narrativa desse túmulo é um convite para criar o desejo de conhecer o cemitério”, aponta. A morte de José completou, no último dia 28, 101 anos. Coincidentemente (ou não) O POVO.dom fazia esta reportagem quando se apercebeu da efeméride.
MONUMENTO-DENÚNCIA
A dor da perda do filho único
Crime sem solução
O túmulo de José de Mendonça Nogueira, construído em 1915 (um ano após a morte do jovem e desenhado provavelmente pelo pai), exibe em alto relevo dois corações enegrecidos que antes eram trespassados por uma espada, representando a dor dos pais. Dos corações jorra o sangue que forma as palavras “meu filho” e o rosto de José. Morto aos 22 anos, com cinco tiros, José era fotógrafo amador, editor de revistas e membro da elite fortalezense. O crime figurou nos jornais, rendeu artigos e livro, mas permanece sem solução ao longo destes 101 anos.
Ditadura
Para não esquecer
“Preso, torturado, banido do País, atormentado…”. Os dizeres estão na lápide de frei Tito de Alencar para eternizar o sofrimento que o levou ao suicídio.
MAIS VISITADOS
Milagreira
Agradecimento pelas graças
Túmulo de gente cujos nomes costumeiramente figuram como logradouros da Cidade tem visitas certas. Mas, falecida com apenas dois anos, Lúcia Távora tem um dos jazigos mais procurados do cemitério. Ela tem fama de milagreira. O túmulo recebe doces e plaquinhas em agradecimentos a graças alcançadas.
MONUMENTO COMO DISTINÇÃO
O sol nasce 1º para os ricos
Ostentação
O pesquisador Henrique Sérgio lembra que o cemitério é construído de forma que as lápides recebem o sol a nascer. E assim como na vida, principalmente na Fortaleza do século XIX, o sol nasce primeiro para quem tem posses. Os túmulos dos mais abastados da Cidade encontram-se concentrados na parte da frente da necrópole. “A morte é distinção. Esse local público por excelência servia para elites ostentarem sua riqueza, por isso o investimento em arquitetura tumular”, pontua, acrescentando que muito do estatuário era importado da Europa. Os jazigos da família Albano, do Barão de Aratanha, com Jesus Cristo crucificado e as três Marias feitos de ferro, eram tradição francesa e são dos maiores investimentos em arte funerária da história do Ceará.
MUDANÇAS DE ESTILO
Do mármore ao azulejo
Marcas do tempo
Neoclássico, art nouveau ou art decó, os estilos dos túmulos foram mudando conforme a passagem do tempo. Principalmente na parte posterior do cemitério, o mármore foi sendo substituído pelos azulejos e a estética kitsch. Para Henrique Sérgio, essa é a prova de que o cemitério está vivo.
SIMBOLISMO
Sobre o inacabado
Febre amarela
Reconhecidamente símbolo maçom, a coluna quebrada do túmulo do presidente de província Caio Prado gera polêmica. A versão mais aceita é a que remete à morte prematura, com 36 anos, e ao governo inacabado.
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