[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Concurso público. Um modelo de seleção colocado em xeque | DOM. | O POVO Online
Reportagem.dom 06/09/2015

Concurso público. Um modelo de seleção colocado em xeque

Estabilidade na carreira e bons salários atraem candidatos para os concursos públicos. Modelo de seleção adotado nos certames, entretanto, é questionado
notícia 13 comentários
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Isabel Costa isabelcosta@opovo.com.br
FOTO RODRIGO CARVALHO
Cursos preparatórios, como o Prime, em Fortaleza, são cada vez mais procurados
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Cotidiano


A cena acontece frequentemente aos domingos em todo o País: candidatos enfileirados na calçada de universidades, aguardando a abertura do portão. A estabilidade financeira e profissional seduziu no passado e continua atraindo milhares de pessoas, ano após ano, para os concursos públicos. O modelo de estudo, avaliação e admissão dos certames, entretanto, é alvo de críticas.


Uma publicação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Direito-Rio e da Universidade Federal Fluminense (UFF) aponta falhas no modelo de seleção de servidores. Os pesquisadores argumentam, na publicação de 2013, que as seleções perderam a motivação para a qual foram instituídas: escolher os profissionais mais qualificados para ocupar cargos na máquina pública.


Fernando Fontainha, coordenador da pesquisa, diz que falta efetiva avaliação das competências. “É alarmante a quantidade de cargos públicos nos quais você pode chegar só por uma prova de múltipla escolha. Isso é absolutamente questionável”, salienta Fernando – hoje docente do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Na opinião do professor, os conhecimentos cobrados nos certames estão dissociados do sistema básico de ensino e, também, das habilidades exigidas pelas carreiras.


Críticas

César Nildo Farias, diretor do Curso Referencial, reconhece a existência de uma crítica aos modelos utilizados atualmente para selecionar servidores, mas discorda que os assuntos exigidos nas provas estejam totalmente desligados do mundo do trabalho. “A maioria dos certames é para cargos de nível médio, então, eles cobram esses conhecimentos. E quando os candidatos chegam nas instituições há treinamento prático para exercer as funções”, argumenta.

Maria Thereza Sombra, diretora-executiva da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), diverge abertamente das ideias apresentadas pelos pesquisadores no livro. “O concurso público é a ferramenta mais razoável e honesta que existe neste País. É o caminho para acabar, de uma vez por todas, com o apadrinhamento político”, pontua. Ela reforça que a busca por estabilidade ainda é mola propulsora para muitos candidatos. E, como o índice de desemprego sofreu elevações nos últimos meses, os profissionais voltaram o olhar (ainda mais) para o serviço público.


Essas motivações, acredita Thereza, casam com a necessidade dos órgãos governamentais - que têm número elevado de funcionários terceirizados ou executam as tarefas com déficit nos quadros. “Não havendo concursos, a máquina pública irá emperrar”, frisa.


Projeto que atrai

Com o crescimento da taxa de desemprego – relatam professores e gestores de cursos preparatórios –, a estabilidade garantida no serviço público se tornou um chamariz mais forte para os candidatos. “Tanto pelo salário como pela estabilidade. Principalmente neste momento, pois está sendo noticiada uma ‘crise’ financeira e nos empregos. O concurso virou um porto seguro”, pontua Thiago Pacífico, coordenador do Curso Prime. O preparatório, administrado por um coletivo de docentes, chegou ao mercado de Fortaleza há quatro meses. “Nós tivemos um número de matrículas assustador”, afirma Thiago.

Multimídia

Leia a pesquisa Processos Seletivos para a Contratação de Servidores Públicos - Brasil, o país dos concursos?:

http://bit.ly/1fTHgxH

Pesquisa


Mudanças propostas:


Taxa de inscrição

Fixar critérios para que taxas de inscrição não tenham distorção de valores. Além de criar um processo claro de concessão de isenção.

Forma de inscrição

Estipular a inscrição via Internet como primeiro caminho. E facultar ao candidato a possibilidade de efetivação das inscrições via Correios.

Condições de inscrição

Vedar aos candidatos presença para o mesmo certame mais do que três vezes e, também, a participação no certame dos candidatos que não apresentarem as condições exigidas no edital. “Ambas as medidas visariam a um incremento qualitativo na população de candidatos, concomitante a uma crucial diminuição quantitativa”, diz o estudo.

Provas de múltipla escolha

Proibir o uso de provas desta modalidade como instrumento de medição de desempenho. “Provas dessa natureza possuem o condão de facilitar a correção e gerir os colossais contingentes de candidatos. Por outro lado, elas representam um elemento que contribui em muito para alimentar a ideologia concurseira: as habilidades necessárias para realizá-las em nada se assemelham às práticas de avaliação escolares/universitárias, e muito menos às práticas profissionais inerentes ao cargo em disputa”, diz a pesquisa.

Provas práticas

Inclusão da modalidade em todos os recrutamentos de funcionários públicos. Por exemplo: numa prova para técnico do INSS, seriam passados aos candidatos os dados de um segurado ficcional e lhes seria pedido para enquadrar sua situação junto ao órgão, seus direitos de seguridade.

SAIBA MAIS

Segundo o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, o Projeto de Lei Orçamentária Anual 2016 autoriza o limite de até 14.897 cargos civis para concursos públicos, no próximo ano, nos órgãos e entidades do Executivo Federal. Os números dependem de aprovação no Congresso.


No âmbito do Poder Executivo Federal, as contratações abrangem cargos civis e militares. O total estimado de vagas para esse contingente é de 25.606. A pasta autoriza concursos somente para cargos civis, destinados aos quadros de pessoal dos ministérios, autarquias e fundações. As empresas públicas e sociedades de economia mista têm autonomia para realizarem seus próprios concursos.

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espaço do leitor
Ana 16/09/2015 07:18
E quem acabou de sair da faculdade e não tem experiência? Nunca poderá trabalhar, por que nas empresas EXIGEM experiência, e em um cargo público (que era a chance de demonstrarmos que somos capazes de exercer o que aprendemos) a porta de entrada também será exigida experiência? Se os concursos forem abolidos, as provas de múltipla escolha deveriam ser alteradas para provas práticas, e não substituídas por prova de títulos.
Povo Brasileiro 08/09/2015 11:02
Essa matéria foi encomendada pelo PT foi? As provas objetivas com questões de múltipla escolha medem sim o conhecimento do candidato e de forma realmente objetiva (ou sabe ou não sabe, quem chuta -se for no CESPE-está fadado à eliminação). Isso é o princípio do concurso público (selecionar os melhores).Era só o que faltava. O PT tá querendo acabar até com concursos públicos, porque precisa dos cargos públicos para usar como moeda de troca, com sempre fez. Agora quem estuda fica de fora?
Marcos Vinicius 08/09/2015 10:53
Por mim deveriam acabar com essa história de pagar taxa de inscrição. Não vejo nexo em pagar para disputar uma vaga no serviço público.
Francisco Sousa 07/09/2015 17:40
Os concursos de múltipla escolha são a forma menos ruim de selecionar. O resto é conversa de perdedor.
Rodrigues 07/09/2015 15:31
Na França você presta o mesmo concurso apenas três vezes. O que está em xeque é a qualidade do serviço público, a falta de estrutura, bem como a falta de bom atendimento. A presteza no atendimento é crucial, e a vocação é muito importante, fazer o que gosta.
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