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Em Tombei, novo single de Karol Conka, a rapper curitibana dedica os primeiros 12 versos a defender o empoderamento feminino, logo antes de investir em uma gíria gay no refrão “Já que é pra tombar/ Tombei/ Bang bang”. Bem antes da curitibana, porém, a cantora e compositora cearense Karine Alexandrino defendia um tombamento figurativo como forma de se rebelar contra a opressão ao feminino. Desde dezembro, quando Karol divulgou a nova canção ao público, as semelhanças entre as duas obras têm sido alvo de questionamentos da artista cearense.
Conhecida como “Mulher Tombada” – alcunha que inclusive adotou na rede social Twitter –, Karine iniciou uma campanha online contra o patrocínio a Karol Conka, já que, para a cearense, a obra patrocinada é fruto de um plágio. A história, então, perdeu força e o clipe prometido foi adiado. Até que, no último dia 16, a Secretaria de Cultura de Fortaleza anunciou as atrações para o Ciclo Carnavalesco 2015. E, para surpresa de Karine, o nome de Karol Conka estava lá.
“A Prefeitura foi desinformada, leviana ou mau caráter”, acusa a cearense. Procurada pelo O POVO, a Seculfor ressaltou, por meio de assessoria, que o convite a Karol seguiu o critério de busca por diversidade musical. Hoje, Karine só pede o reconhecimento como autora do conceito moderno de “tombamento”, com que trabalha desde 1999.
Mais do que a referência musical, o “tombar” de Karine Alexandrino surge como força motriz de uma trilogia de CDs formada por Solteira Producta (2007) e Querem Acabar Comigo, Roberto (2009) e que deve ser encerrada esse ano com Mulher Tombada. Na obra de Karine, o “tombamento” é renascimento, é filosófico e surgiu ainda como performance, quando a artista cearense “tombava” no chão em séries de fotos em diferentes locais. “Vou lançar o novo CD depois do Carnaval e fico até com medo de que pensei que fui eu que plagiei a rapper”, disse Karine, sobre o disco Mulher Tombada.
Karol Conka, por sua vez, se recusa a falar sobre o assunto. A única declaração sobre o caso foi postada em seu Twitter oficial (@karolconka): “Aprendi o termo “tombando com meus amigos gays! Agora, quem inventou eu não sei, só sei que foi assim! Então já qué pá tombá, tombamos. :D”, escreveu. Em outro momento, porém, Karine se sentiu pessoalmente atingida por uma foto publicada no Instagram em que Karol, o produtor Zé Gonzalez (Zegon) e mais dois colegas surgem com o dedo médio levantado e com os dizeres “#AceitaeDeita”. “ Que feminismo é esse que ela diz e me responde na fanpage com um bocado de gente ‘dando cotoco’, um pegando no pau e a hashtag #aceitaedeita?”, questiona.
Grande parte da revolta de Karine é focada no produtor Zé Gonzalez, o DJ Zegon. “Ela é uma marionete de produção, mas é impossível que os produtores não saibam quem eu sou”, garante. No Twitter, a cearense interpelou seguidas vezes a Zegon, que, segundo ela, a desrespeitou várias vezes. “No hip hop sampleiam tudo e acabam perdendo a noção”, defende Karine, sobre as composições do estilo musical que pegam emprestadas as bases de outras canções. “Eles não têm diálogo. Tenho um público pequeno e seleto e os fãs dela já me abordaram com xingamentos”, queixa-se Karine.
Opinião da crítica
Para o crítico musical e jornalista cearense Luciano Almeida Filho a rusga tem uma solução bem direta. “Seria uma questão simples se a Karol Conká e seu produtor, Zé Gonzalez, reconhecessem a influência”, defende. Segundo ele, vale ainda ressaltar que o conceito proposto pela sua conterrânea bebe de influência da arte contemporânea e da performance, enquanto Karol “parece que vai na trilha da Anitta e da Valesca Popozuda que fizeram sucesso nacional a partir da apropriação dessas gírias gays”. “É claro que a origem do termo é a cena gay, mas Karine deu uma outra leitura e amplitude formatando um conceito a partir de uma coisa que era meramente uma gíria”, pontua Luciano.
Já para o jornalista Pedro Alexandre Sanches, editor do Farofafá, da Carta Capital, a briga soa “tristemente antifeminista”. “Trata-se de duas artistas que admiro bastante, inclusive por terem obras fortemente ancoradas em discursos feministas, no advento de novos comportamentos femininos, mais independentes, autônomos e altivos”, define. Para ele, porém, a discussão se alinha muito a um conceito antigo de plágio, focado em “muita competição, pouca cooperação”.
Ao mesmo tempo, Pedro aponta que apreende poucas semelhanças entre a “genial mulher tombada da Karine” e o “tombei” da Karol. “É como se alguém resolvesse patentear a expressão ‘deita na BR’ e a partir daí a gente não pudesse mais usar o termo no Twitter porque agora tem dono”, acrescenta. Pedro e Luciano concordam, no entanto, ao defender que bastava Karol reconhecer a existência da “mulher tombada” ou ainda demonstrar interesse em conhecê-la para a questão se desanuviar. “Estou 100% com a Karine se for o caso de afirmar que arrogância artística é um saco”, conclui Pedro.
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