[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive]
“Ninguém quer ser Barbosa”, foi a síntese feita por Márcio Santos, zagueiro tetracampeão mundial, em 1994, para tentar explicar o estado de nervos, a aflição dos atletas brasileiros que, depois de 64 anos, voltam a jogar pela sua seleção em casa. O dever de não repetir o fracasso de 1950 e, principalmente, o medo de ser o maldito da vez seria uma das causas da instabilidade emocional.
A final de 1950 marcou a mais sofrida derrota da história do futebol. Até jogadores uruguaios, ao caminharem pelo Rio de Janeiro após o 2 a 1, diziam ter certo arrependimento por impor tamanha tristeza a povo tão amável.
Nelson Rodrigues, em sua característica hipérbole, dizia que aquela era “uma tragédia pior que Canudos”, a “nossa Hiroshima”. O que fazia do goleiro Moacir Barbosa o equivalente ao marechal Bittencourt ou mesmo à bomba atômica.
Não houve personagem mais estigmatizada na história do esporte brasileiro. O gol da virada, marcado por Ghiggia, entrou para a história como um frango monumental. “A pena máxima para um crime no Brasil é de 30 anos. Eu pago por aquele gol há 50”, dizia pouco antes de morrer, em 2000. Era, na ocasião, uma figura melancólica, em que até o riso era pesaroso.
Depois dele, criou-se o estigma racista de que não se poderia confiar em goleiro negro. Suprema humilhação, foi proibido de entrar na concentração da seleção, na Copa de 1994, para “não dar azar”.
Barbosa ficou marcado pelo gol que levou, mas foi um dos maiores e mais vitoriosos jogadores do futebol brasileiro. Era a segurança do Vasco da Gama que ficou conhecido como “Expresso da Vitória” - base da seleção de 1950 e que venceu cinco campeonatos cariocas. Estava ainda no time “super-supercampeão” carioca de 1958, em que o Vasco terminou duas vezes empatado com o Botafogo de Garrincha e o Flamengo de Dida e Zagallo, e só conquistou a taça no segundo triangular de desempate.
Barbosa foi também herói na primeira grande conquista internacional de um time brasileiro, o Sul-Americano de 1948, precursor da Libertadores da América. No empate que garantiu o troféu, contra o melhor time da história do River Plate, pegou pênalti cobrado pelo craque Labruna.
Brilhou ainda na conquista do Rio-São Paulo de 1958, à época o mais importante torneio do País. Na seleção, ganhou quatro títulos, o principal, o sul-americano de 1949.
Contra o Uruguai, em 1950, o Brasil saiu na frente. Mas o lado esquerdo da defesa era vulnerável. O ponta Ghiggia passou pelo lateral Bigode, o zagueiro Juvenal falhou na cobertura e o uruguaio cruzou para a área, onde Schiaffino marcou. A 11 minutos do fim, a jogada se repetiu. Ghiggia passou por Bigode, Juvenal não chegou. Barbosa saiu para cortar o cruzamento, mas o chute veio entre o goleiro e a trave.
Nas décadas seguintes, houve muitas discussões, trocas de acusações e buscas de culpados. Mas Barbosa não apontou o dedo para ninguém.
Dificilmente haja algum brasileiro tão notável em sua atividade a ter suportado tamanho massacre com tal dignidade. Se os jogadores de hoje temem ser Barbosa, não entendem a grandeza e a bela história que está além da derrota ou da vitória. Para qualquer deles, falta uma história inteira para ser um Barbosa.
SAIBA MAIS
6
vezes campeão carioca. Barbosa ganhou títulos pelo Vasco em 1945, 1947, 1949, 1950, 1952 e 19584
títulos na seleção: Copa Roca (1945), Copa Rio Branco (1947 e 1950) e Copa América (1949)
22
jogos disputados pela seleção entre 1945 e 1953, num tempo em que se jogava muito menos
79
anos Barbosa tinha quando morreu, em 2000. Ele jogou até os 41 anos, 12 após a final de 50
Erro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje
Erro: maximum recursion depth exceeded while calling a Python object
Erro ao renderizar o portlet: Barra Sites do Grupo
Erro: <urlopen error [Errno 110] Tempo esgotado para conexão>
Copyright © 1997-2016