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Em 25 de janeiro de 1984, o movimento que começara tímido no fim do ano anterior alcançou dimensão que espantou os próprios organizadores. Magnitude capaz de estremecer as estruturas de uma ditadura que já não tinha mais instrumentos para abafar o coro de um povo a cantar na sua frente.
Naquele dia, que completou 30 anos neste sábado, a Praça da Sé de São Paulo recebeu o primeiro grande comício da campanha pelas Diretas-Já. Acontecimento até hoje repleto de polêmicas, como pelo fato de ter sido noticiado pelo Jornal Nacional, da TV Globo, como se fosse comemoração pelo aniversário da capital paulista.
Em Fortaleza, a célula local do PMDB promovia plebiscito. As urnas foram colocadas nas praças do Ferreira, da Estação, José de Alencar e Coração de Jesus. Na cédula, a indagação: “Você quer votar para presidente?” Mais que prospectar opiniões, a consulta informal pretendia divulgar o comício marcado para 28 de janeiro.
Três dias após o evento paulistano, a Praça José de Alencar recebeu Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Franco Montoro, Luiz Inácio Lula da Silva, entre outros. No dia 29, O POVO descreveu a “verdadeira manifestação popular em favor de um dos mais legítimos direitos do cidadão, atraindo um público vibrante e entusiasmado”.
Quermesse ideológica
A reportagem definiu o evento como “no bom sentido, uma grande quermesse, uma espécie de quermesse ideológica”. O público estimado em 30 mil pessoas participou de cinco horas de programação, com apresentações artísticas, muitos discursos e avisos de utilidade pública sobre desaparecimento de crianças na multidão. Barracas vendiam, além de picolés e cachorros-quentes, livros e jornais da oposição.
Na época em exercício na presidência do PMDB cearense, Iranildo Pereira destaca que, naquele momento, a ditadura já não dispunha dos mecanismos de repressão de anos antes. “Não era mais como na linha dura. Era momento em que se começava a respirar um pouco de democracia. Isso dava muito entusiasmo. Anseio de que as liberdades fossem reconstituídas”, lembrou em conversa com O POVO, na semana passada.
Iranildo explica que o PMDB enfrentava divisões e alguns setores tergiversavam quanto à forma de defender a redemocratização. De modo que coube aos movimentos populares encampar as posições tidas como mais avançadas. Porém, ainda que de modo hesitante, ele aponta que a sigla se engajou nessa luta. Iranildo destaca ainda o apoio, ainda velado, do então governador Gonzaga Mota. Discretamente, contribuiu, inclusive, para a estrutura do comício.
No dia em que a emenda Dante de Oliveira foi a votação, em 25 de abril, houve vigília na Praça do Ferreira. As informações chegavam de Brasília pelo Clube do Advogado, no Centro. As Diretas não passaram, mas o movimento não deixou de ter sucesso. Ao virar as costas ao clamor popular, o Colégio Eleitoral se desmoralizou.
Em setembro, até o então ministro das Minas e Energia, César Cals, já passara a defendia eleições diretas. “Não há mais como se defender o Colégio Eleitoral. (...) deixou de representar a opinião do eleitor”, disse um dos mais proeminentes apoiadores do regime militar no Ceará. Mas não havia restava tempo para mudança. Em janeiro de 1985, o desacreditado Colégio Eleitoral elegeu o opositor moderado Tancredo Neves. Os 20 anos de domínio dos generais chegaram melancólico fim.
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