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A montanha verde que se enxerga no bairro Jangurussu já foi fonte de renda para a catadora Lúcia Januário de Oliveira, 51 anos. Até 1998, quando o local ainda funcionava como lixão, ela tinha a rotina de catar o sustento por dentro dos sacos plásticos ali depositados. Foram dois anos de serviço, outros sete se virando, até se tornar integrante da Associação dos Catadores do Jangurussu (Ascajan), que reúne outros trabalhadores do mesmo lixão.
Hoje, Lúcia se vê em condição diferente. Trabalha em galpão, protegida do sol, e tem expediente organizado, com tempo para intervalo e lanche. Mesmo trabalhando sem luvas, já não está tão exposta aos riscos. Não precisa mais rasgar os sacos de lixo para encontrar o sustento. Os materiais que, antes, procurava no monturo agora são destinados à associação por parceiros que realizam, por conta própria, a coleta seletiva. Sua função hoje é separar cada um dos produtos, já previamente divididos.
“É tudo diferente, né? Ninguém precisa mais carregar peso, ficar queimando no meio do sol. Pra mim, tá melhor”, considera.
O principal medo de Lúcia era do corte, de pegar doença grave no contato com o imundo. Hoje, isso já não é mais preocupação. “Tudo de contaminado tinha ali em cima do lixão. Era fácil pegar uma infecção, sofrer de algum mal”, relata.
Ainda criança, a filha da catadora Sebastiana do Carmo Alves, 39, acompanhava a mãe na lida. Como não tinha a quem confiar os cuidados da pequena, costumava levá-la ao lixão, a despeito das doenças. Logo nos primeiros dias, a menina apresentou marcas de micose. “Ela tinha uns dois anos nesse tempo. Teve que passar mais de mês internada para se tratar”, refaz, na memória. Os riscos e o medo do trânsito dos caminhões no lixão obrigaram Sebastiana a afastar a filha do ambiente.
Hoje, a catadora atua como presidente da Ascajan, que possui outros 70 associados. Quinzenalmente, todo o material separado pela entidade é vendido para empresas de reciclagem. O valor do apurado é repartido igualmente para todos os trabalhadores.
Novo destino
Desde que o lixão do Jangurussu encerrou as atividades, os resíduos de Fortaleza são encaminhados para o Aterro Sanitário Municipal Oeste de Caucaia (Asmoc). Uma das diferenças entre aterro sanitário e lixão, além dos cuidados ambientais, é a inexistência de catadores de materiais recicláveis nos locais de despejo.
“A orientação é que nenhum funcionário tenha que tocar diretamente no lixo. Todos os que trabalham aqui precisam fazer exames periódicos para acompanhar a saúde e todos também recebem adicional de insalubridade, por conta da natureza do serviço”, esclarece Gleydson Amorim, gerente do aterro.
SAIBA MAIS
O manuseio de material orgânico em decomposição é um dos principais riscos observados por Aldo Ângelo Moreira, professor da Faculdade de Medicina da UFC. Segundo ele, se as casas dos catadores não tiverem saneamento básico, outros familiares
e a comunidade do entorno também podem se contaminar com as verminoses adquiridas no lixão.
O uso de equipamentos de proteção (luvas, máscaras etc.) podem reduzir as chances de contaminação. No entanto, esses materiais têm custo elevado e necessitam de instruções técnicas para serem utilizados com correção. Isso dificulta o acesso dos catadores aos equipamentos.
Além do risco de doenças, os catadores também estão expostos
a acidentes de trabalho.
MULTIMÍDIA
VÍDEO
O POVO conheceu duas realidades de catadores: dos que lidam em lixões de Guaiúba e Pacajus, e dos que se organizam em cooperativas, caso da Associação dos Catadores do Jangurussu (Ascajan). Assista ao vídeo sobre vidas que se sustentam no lixo em www.opovo.com.br/videos
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