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Ditadura 14/09/2015

Símbolo de resistência, frei Tito de Alencar faria 70 anos hoje

O frade que denunciou as torturas físicas e psicológicas sofridas durante a ditadura no Brasil morreu aos 28 anos
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Thaís Brito cotidiano@opovo.com.br
FOTO: EVILÁZIO BEZERRA
A casa de frei Tito, no Centro, está em caráter provisório de tombamento
Duplo homicídio Defesa pedirá análise mental de acusado de duplo homicídio em Paracuru (2) Arborização Verde e sombra como presentes para a Cidade (0) WALK Projeto propõe caminhadas para (re)conhecer Fortaleza (0)
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A segunda-feira seria de festa com familiares e amigos caso a vida do frade fortalezense Tito de Alencar Lima, nascido há 70 anos, não tivesse sido interrompida pelos efeitos das torturas sofridas durante a ditadura militar no Brasil. Submetido a sessões de choque e pancadas, frei Tito sobreviveu atormentado por essas lembranças durante o exílio na França até cometer suicídio.

Em Fortaleza, a memória do frade busca gerar reflexão sobre o passado e incentivar ações em defesa dos direitos humanos. A Capital guarda os sinais do início e do fim da curta vida de Tito, encontrado enforcado aos 28 anos. Os anos vividos em Fortaleza foram apenas na infância e na adolescência, pois seguiu em vocação religiosa para Recife, Belo Horizonte e São Paulo.


Em caráter provisório de tombamento na esfera municipal, a casa onde ele morou continua preservada no Centro. O túmulo está no cemitério São João Batista. Outros traços da vida de Tito estão expostos em memorial fixo no Museu do Ceará, também no Centro. A figura do cearense surgiu como ponto-chave na construção de uma história crítica do Brasil no espaço do museu, diz a diretora, Carla Vieira. “Serve para que as novas gerações saibam sobre este período tenebroso para nós”, comenta.


Esse é o primeiro memorial no Brasil com foco em educação para os direitos humanos, afirma o historiador Régis Lopes, da Universidade Federal do Ceará (UFC), que estava à frente do museu durante a montagem do espaço. O cearense se destacou como símbolo de resistência à ditadura com carta escrita dentro da prisão, em São Paulo, em fevereiro de 1970.


Ditadura

A irmã mais velha de Tito, Nildes Alencar, relata não saber até hoje a justificativa concreta para que o irmão tenha sido levado ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops), em novembro de 1969. “Eles (militares) diziam que ele tinha ido facilitar a ida de estudantes para a guerrilha em Araguaia. E que tinha vindo a Fortaleza fazer ligações com movimentos políticos, mas ele havia vindo para o enterro da minha mãe”, lembra.

Após ser banido do Brasil, frei Tito foi deportado. Encontrou asilo no Convento de Lyon, na França, onde foi encontrado morto em 1974.


Leia entrevista com a irmã de frei Tito, Nildes Alencar, no O POVO Online http://bit.ly/1K8M0uo

Saiba mais


Primeiros passos

Tito de Alencar nasceu no dia 14 de setembro de 1945 em Fortaleza. Foi eleito dirigente regional da JEC em 1963, com sede em Recife. Deixou o Ceará quando tinha 18 anos. Três anos depois, entrou no noviciado dos dominicanos, em Belo Horizonte. E foi residir no Convento das Perdizes em 1967, após fazer profissão simples dos votos e para estudar Filosofia na Universidade de São Paulo (USP).

Outras referências

Em Fortaleza, o bairro Caça e Pesca tem uma escola municipal e uma creche com o nome de Frei Tito. Além do Instituto Frei Tito, mantido pela sobrinha do frade, outra instituição que leva o nome dele é o Centro Acadêmico do curso de História na UFC. Na Assembleia, há o Escritório de Direitos Humanos e Assessoria Jurídica Popular Frei Tito de Alencar. Também em Fortaleza é sediada a Agência de Informação Frei Tito para a América Latina.

> TAGS: direitos humanos ditadura militar frei tito frei tito de alencar
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