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Aldeota 01/07/2015

Histórias de quem preserva o valor histórico e afetivo de casarões

Edificações marcam o segundo momento urbanístico da Capital, entre as décadas de 1930 e 1960
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Thaís Brito cotidiano@opovo.com.br
FOTO: EDIMAR SOARES
Adriano Ribeiro garante que não vende casa, de 1937, na Barão de Aracati (à esquerda). Jorge e Fábio projetam casa de gastronomia no imóvel da rua Monsenhor Bruno (à direita)
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Hortênsia, Adriano e Luís Germano não sabem o que é morar em outro lugar. Os irmãos nasceram na casa de esquina das ruas Barão de Aracati e Pinto Madeira. E deixam resistir a morada de muros baixos, portãozinho de ferro, jardim e quintal. “Quando alguém pergunta um ponto de referência, é só dizer que é uma casa. Porque o resto da esquina é todo de prédio”, lembra o contabilista Adriano Ribeiro, 54. Não faltam propostas para transformar o terreno em torre, com oferta de apartamento na planta. A negativa é consenso na família. “Vou sair dessa tranquilidade e ficar numa gaiola?”, questiona Hortênsia, 66.

 

Para Luís Germano, 49, a casa guarda memória. Foi construída em 1937 pelo pai e pelo avô, deixada para os sete filhos. Dentro da casa, continuam o assoalho, as cerâmicas e os móveis de quando os pais eram vivos. Germano tinha quase seis anos quando a rua foi asfaltada. “Hoje é estranho ver tanto movimento. Passa muita gente, mas é uma relação meio impessoal”, opina. Para eles, o casarão demolido no último sábado, na avenida Santos Dumont, é mais um exemplo das tantas edificações que vão deixando de existir nas redondezas.


Fixar morada na “primeira Aldeota” foi o segundo momento urbanístico da Capital, na década de 1930. O primeiro havia sido do Centro para o Jacarecanga, nos anos anteriores. E foi de lá que se deslocaram as famílias ricas após a chegada da via férrea, dos trabalhadores e das fábricas, explica a arquiteta Márcia Sampaio, representante do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-CE) no Conselho Estadual de Patrimônio Cultural do Ceará (Coepa). Na Aldeota, a ocupação residencial se consolidou até a década de 1960 com casarões e bangalôs nos estilos neocolonial, de missões e eclético.


É pela beleza e pela história que o casarão na esquina das ruas Monsenhor Bruno e Pereira Filgueiras terá os traços preservados pelos novos locatários. O prédio abrigou o gabinete da vice-prefeitura de Fortaleza e está em reforma para receber a L’École Brasil Casa de Gastronomia. “A gente acabou tombando”, brincam os gastrônomos e sócios do empreendimento, Fábio Moreira e Jorge Almeida. O terreno que era apenas estacionamento terá prédio novo. Mas o projeto de modificar o casarão e colocar estruturas de vidro foi barrado por eles. As instalações para o restaurante e oferta de cursos manterão a arquitetura original. “Fortaleza quase não cuida do seu patrimônio, mas não abrimos mão deste espaço como era antes”, diz Jorge.

 

Preservação

Quando não há proteção legal, a responsabilidade de preservar os imóveis históricos fica para a população, critica a arquiteta Márcia Sampaio. Além do tombamento, ela lembra que a criação de inventários do patrimônio permite que os governos conheçam os bens móveis e imóveis históricos nas cidades. Conforme Márcia, isso permite que a Prefeitura intervenha antes de conferir um licenciamento para obras. Atualmente, um inventário em elaboração pela Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor) revisa o catálogo feito com imóveis da primeira etapa dos trabalhos, no entorno das praças do Centro.

 

Ainda conforme a arquiteta Márcia Sampaio, inventários feitos há mais de 15 anos na Capital podem ajudar o poder público a identificar e proteger prédios de valor histórico. “É de se estranhar que a população precise fazer sempre um esforço enorme para salvar o patrimônio. Não que seja necessário manter tudo, mas construir valores e delinear qual é a cidade que queremos preservar”, conclui.

 

Saiba mais


Ministério Público

No último sábado, 27, foi demolido o casarão onde funcionava a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde, vinculada ao Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), na Aldeota.

A sede do órgão será levada ao bairro Parquelândia. A saída ocorreu após o encerramento do contrato de locação. No terreno, será erguida torre empresarial com 20 pavimentos.

 

Meireles

No bairro Meireles, são tombados pelo Município os prédios do Ideal Clube (avenida Monsenhor Tabosa) e do Náutico Atlético Cearense (avenida Abolição). Pelo Estado, o prédio tombado na região é o Palácio da Abolição, na avenida Barão de Studart, sede do Governo.

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espaço do leitor
Zé Bob 01/07/2015 09:46
É com tristeza que vejo essas demolições. História que se vai. O cearense perde um pouco de sua identidade. O Estado, por outro lado, não possui transparência quanto à sua política de preservação destes acervos imobiliários. Os empresários locais também mostram-se pouco afins à identidade regional. Não há interesse. Compreensível se pensarmos em um Estado que não possui segurança pública, educação e saúde de qualidade, quem quer saber de c/u/l/t/u/r/a...?
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