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Hortênsia, Adriano e Luís Germano não sabem o que é morar em outro lugar. Os irmãos nasceram na casa de esquina das ruas Barão de Aracati e Pinto Madeira. E deixam resistir a morada de muros baixos, portãozinho de ferro, jardim e quintal. “Quando alguém pergunta um ponto de referência, é só dizer que é uma casa. Porque o resto da esquina é todo de prédio”, lembra o contabilista Adriano Ribeiro, 54. Não faltam propostas para transformar o terreno em torre, com oferta de apartamento na planta. A negativa é consenso na família. “Vou sair dessa tranquilidade e ficar numa gaiola?”, questiona Hortênsia, 66.
Para Luís Germano, 49, a casa guarda memória. Foi construída em 1937 pelo pai e pelo avô, deixada para os sete filhos. Dentro da casa, continuam o assoalho, as cerâmicas e os móveis de quando os pais eram vivos. Germano tinha quase seis anos quando a rua foi asfaltada. “Hoje é estranho ver tanto movimento. Passa muita gente, mas é uma relação meio impessoal”, opina. Para eles, o casarão demolido no último sábado, na avenida Santos Dumont, é mais um exemplo das tantas edificações que vão deixando de existir nas redondezas.
Fixar morada na “primeira Aldeota” foi o segundo momento urbanístico da Capital, na década de 1930. O primeiro havia sido do Centro para o Jacarecanga, nos anos anteriores. E foi de lá que se deslocaram as famílias ricas após a chegada da via férrea, dos trabalhadores e das fábricas, explica a arquiteta Márcia Sampaio, representante do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-CE) no Conselho Estadual de Patrimônio Cultural do Ceará (Coepa). Na Aldeota, a ocupação residencial se consolidou até a década de 1960 com casarões e bangalôs nos estilos neocolonial, de missões e eclético.
É pela beleza e pela história que o casarão na esquina das ruas Monsenhor Bruno e Pereira Filgueiras terá os traços preservados pelos novos locatários. O prédio abrigou o gabinete da vice-prefeitura de Fortaleza e está em reforma para receber a L’École Brasil Casa de Gastronomia. “A gente acabou tombando”, brincam os gastrônomos e sócios do empreendimento, Fábio Moreira e Jorge Almeida. O terreno que era apenas estacionamento terá prédio novo. Mas o projeto de modificar o casarão e colocar estruturas de vidro foi barrado por eles. As instalações para o restaurante e oferta de cursos manterão a arquitetura original. “Fortaleza quase não cuida do seu patrimônio, mas não abrimos mão deste espaço como era antes”, diz Jorge.
Preservação
Quando não há proteção legal, a responsabilidade de preservar os imóveis históricos fica para a população, critica a arquiteta Márcia Sampaio. Além do tombamento, ela lembra que a criação de inventários do patrimônio permite que os governos conheçam os bens móveis e imóveis históricos nas cidades. Conforme Márcia, isso permite que a Prefeitura intervenha antes de conferir um licenciamento para obras. Atualmente, um inventário em elaboração pela Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor) revisa o catálogo feito com imóveis da primeira etapa dos trabalhos, no entorno das praças do Centro.
Ainda conforme a arquiteta Márcia Sampaio, inventários feitos há mais de 15 anos na Capital podem ajudar o poder público a identificar e proteger prédios de valor histórico. “É de se estranhar que a população precise fazer sempre um esforço enorme para salvar o patrimônio. Não que seja necessário manter tudo, mas construir valores e delinear qual é a cidade que queremos preservar”, conclui.
Saiba mais
Ministério Público
No último sábado, 27, foi demolido o casarão onde funcionava a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde, vinculada ao Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), na Aldeota.A sede do órgão será levada ao bairro Parquelândia. A saída ocorreu após o encerramento do contrato de locação. No terreno, será erguida torre empresarial com 20 pavimentos.
Meireles
No bairro Meireles, são tombados pelo Município os prédios do Ideal Clube (avenida Monsenhor Tabosa) e do Náutico Atlético Cearense (avenida Abolição). Pelo Estado, o prédio tombado na região é o Palácio da Abolição, na avenida Barão de Studart, sede do Governo.Erro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje
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