Gangues impõem "lei" em 16 bairros

Dezesseis pontos de Fortaleza têm a rotina marcada pelo confronto de 16 grupos rivais. Outros 17, apresentam tensões em menor escala. Conflitos de territorialidade que alteram o dia a dia das pessoas por imposição do medo

Bruno de Castro brunobrito@opovo.com.br

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A pé, o supermercado dista dez minutos de casa. Mas a senhora faz o trajeto de ônibus. Enfrenta lotação e trânsito. Passa 40 minutos num coletivo. Dá uma volta enorme até chegar ao local das compras. Repete o estorvo na volta, cheia de sacolas. Exausta. Tudo para não atravessar a rua que divide o bairro. Morreria se cruzasse “o lado de lá”. Não é envolvida com droga. Nem com nada criminoso. Findaria pelo simples fato de viver no território onde um grupo disputa com outro o domínio da Sapiranga.

Uma “lei” de morte tão democrática quanto a própria morte. “Ou a pessoa dá essa volta toda ou se arrisca. Como já morreu muito inocente, a mãe evita passar a pé. Mas eles (os membros das gangues) também matam um o outro. Vez por outra, a gente ouve falar”, diz a jovem. Ela é ex-moradora da Sapiranga. Saiu pela pressão da incerteza de um futuro. Para si e para os filhos. E não é um caso isolado.

Os chamados conflitos de territorialidade alteram fortemente a rotina de 16 bairros e comunidades de Fortaleza. Impõem um universo paralelo que, até setembro de 2011, conforme levantamento do O POVO, existia de forma tão incisiva em “apenas” sete pontos da Capital. E que, hoje, afetam outras 17 populações em menor escala (ver mapas).

Os dados de 2014 foram informados ao O POVO pela Delegacia Geral de Polícia Civil, que se recusa a divulgar os nomes das gangues “para não dar mais publicidade aos integrantes”. O aumento desses conflitos o diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), Rommel Kerth, atribui principalmente à capilarização do tráfico. “A gente percebe que, às vezes, os membros nem se conhecem. Não existe animosidade pessoal. Mas simplesmente pelo fato de um pertencer a determinado grupo já se transfere o sentimento de rivalidade. Isso afeta a comunidade inteira. É uma política de cisão. Como se fosse um apartheid. Mas não tenho dúvidas de que é possível reverter”,
diz o delegado.

Ele e outros especialistas consultados pelo O POVO apontam a oferta de bons serviços públicos como principal vetor para o fim dos conflitos. A lógica é a seguinte: como o poder público não alcança essas populações com boas escolas, hospitais, opções de esporte e lazer etc, os próprios moradores brigam pelo domínio do lugar. “Enquanto os conflitos territoriais forem tratados apenas como questão de polícia, teremos apenas um terceiro envolvido neles. Na verdade, acredito que essas ações são pensadas de maneira equivocada e diria até preguiçosa. Todo e qualquer equipamento público com o objetivo de promover ações qualificadas para crianças e jovens é muito bem-vindo e tem um potencial enorme de gerar coisas boas para toda comunidade”, acredita o pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV/UFC), Luiz Fábio Silva Paiva.

Multimídia

VA existência de territórios rivais em Fortaleza é o Tema do Dia na cobertura de hoje dos veículos do Grupo de Comunicação O POVO. Confira:

Para escutar: Na rádio O POVO/CBN (FM 95,5 e AM 1010), o tema será discutido no programa Grande Jornal, às 8h30min, e/ou no programa Revista O POVO/CBN, às 15 horas.

Para ver - A TV O POVO trará uma matéria sobre o tema no O POVO Notícias, às 19h. Assista à programação pelo canal 48 (UHF/TV Aberta) e 23 (Multiplay).

Para ler e opinar: acompanhe a repercussão entre os internautas na página do O POVO Online no facebook

(www.facebook.com/OPOVOOnline ) e no portal O POVO Online

www.opovo.com.br

ENTENDA A NOTÍCIA

A ausência do poder público é apontada como principal causa dos conflitos territoriais. Na falta da escola, do hospital, da praça de lazer etc, a própria população disputa o domínio do lugar. Rixas que geram mortes.

Saiba mais

Em nota ao O POVO, a Secretaria Municipal da Segurança Cidadã de Fortaleza (Sesec) informou que “o Plano de Segurança Cidadã está sendo aplicado operacionalmente, como um piloto, em três territórios (Vicente Pinzón, Genibaú e São Miguel). Essa experiência será ampliada para outras áreas críticas, após avaliação das suas metas e resultados”.

Ainda conforme a nota, essa avaliação não tem data para ser concluída. O gabinete do prefeito Roberto Cláudio (Pros), no entanto, prevê para 9 de abril o fim das operações no formato “piloto”. No Vicente Pinzón, Genibaú e São Miguel, além de ocupação policial, ocorrerá a oferta de melhores serviços públicos.

A promessa inicial era de implementar essas ações do programa federal “Crack, é possível vencer” em janeiro, junto com o lançamento do plano. Vinte câmeras serão instaladas em cada bairro. Mais regiões da cidade podem ser beneficiadas de forma concomitante ou o programa pode migrar para localidades consideradas mais críticas.

Serviço

Para denúncias de conflitos de gangues no seu bairro

Onde: Delegacia Geral de Polícia Civil (Rua do Rosário, 199 - Centro)

Telefone: 3101 7300

Leia amanhã

Cuca da Barra do Ceará ganha Núcleo de Mediação de Conflitos. Unidades do Jangurussu e Mondubim também terão espaço de promoção da paz.

> TAGS: gangues violência

Aury Freire Martins Freire 12/02/2014 18:32

O povo merece respeito,pois até o nosso jornal faz a pessoa votar em um candidato, a mídia é a maior responsável pelo voto errado.

Rogério 11/02/2014 09:19

Esse Atanagildo fala muita besteira.

Alex Aquino 10/02/2014 21:13

No Vicente Pizon existe uma fronteira que quem passar de um lado para o outro está com sério de perder a vida. Se lá é considerado em menor escala, Fortaleza está condenada.

João Lopes 10/02/2014 16:25

É fácil de diagnosticar: Onde o governo não atua agem os marginais. Não se resolve a questão da segurança com carros importados e sim com estrutura básica na sociedade e soldos de respeito aos militares. Saneamento, saúde, educação e ocupação com qualidade PARA TODOS!!! 2014 É ANO DE ELEIÇÕES...

Atanagildo Carapicuíba 10/02/2014 15:46

Sabem por que DILMA/LULA/PT não faz nada pelo CEARÁ, pra que fazer, se já tem 80% dos votos garantidos? Sem fazer nada, já tem a enorme massa de eleitores ignorantes hipnotizados com as promessas que nunca se concretizam. E vão continuar enrolando até os manés ficarem indóceis e deixarem de acredit

alexandre 10/02/2014 15:45

Os que dizem que não vendem votos, muito pior se deixam encantar com o canto da sereia ferreira gomes o que é muito pior do que vender votos, basta ver a eleição do sr Roberto Claudio

Atanagildo Carapicuíba 10/02/2014 15:38

Sabem por que aqui na ZONA LESTE temos tudo melhor? Porque NÃO VENDEMOS NOSSOS VOTOS, TEM QUE FAZER PRA MERECER NOSSOS VOTOS, ao contrário do resto da cidade, os eleitores vagabundos, venais aproveitam as eleições para trocar o voto por telha, tijolo, dentadura, escolha de vocês, então aguentem!

Atanagildo Carapicuíba 10/02/2014 15:37

Atanagildo Carapicuíba 10/02/2014 15:34

tá todo mundo VENDIDO, sabem por que vocês NÃO TEM ESCOLAS, HOSPITAIS, TRANSPORTES PÚBLICOS E SEGURANÇA PÚBLICA DE QUALIDADE? Por que em ANO DE ELEIÇÃO eles vão aí e COMPRAM TODOS VOCÊS, ARQUEM COM AS CONSEQUÊNCIAS E PAREM DE RECLAMAR. Querem MUDANÇAS, NÃO SEJAM VENAIS!

Atanagildo Carapicuíba 10/02/2014 15:32

ALÔ PERIFERIA, deixem de reclamar, tá todo mundo satisfeito por aí e esse ano vão ELEGER NOVAMENTE DILMA/LULA/PT e o CANDIDATO DO GOVERNADOR. Não precisam mais VENDER SEUS VOTOS, já estão sentindo na pele o preço do BOLSA-FAMÍLIA e da DEMAGOGIA DE LULA/DILMA/PT...

NEWTON SILVA 10/02/2014 15:11

Carlos Pinheiro, o crime é a maior indústria que existe. Elege políticos e gera riquezas para muitos. O Brasil virou uma república financiada pelo crime.

Otavio Landim 10/02/2014 15:09

No Bairro Rodolfo Teófilo o tráfico de drogas impera nos turnos da manhã, tarde e noite. Sabemos que o problema do tráfico é estrutural. Enquanto os governos em suas instâncias e a sociedade civil não entrarem em sintonia, essa triste situação irá persistir. Só a repressão não resolve !!!

Carlos Pinheiro 10/02/2014 14:39

enquanto se priorizar compras milhonárias de HILUX em detrimento da EQUIPE RAIO(que diga-se de passagem, é quem de fato trabalha), o crime vencerá. Parece que ninguém pensa nesse governo?

Carlos Pinheiro 10/02/2014 13:45

Tem de mudar a lei! O beneficio de 1/6 da pena deve ser negado para crimes hediondos, pistolagens, traficos droga, corrupção,assaltos a bancos! ou pais vira um caos!

Carlos Pinheiro 10/02/2014 13:39

Opovo sabe mais que a "inteligencia" da policia; a sociedade se cala, enquanto as drogas aos poucos tal qual uma epidemia contamina todos os bairros... é o mal vencendo a guerra!

A VERDADE 10/02/2014 13:37

Este é o governo PETRALHA dez anos de bandidagem, safadeza ,corrupção roubalheira e o povo é que se lasque... EXISTE ATÉ UMA SECRETÁRIA NACIONAL CRIADA PELOS PETRALHAS "A DO DIREITOS DOS MANOS"

NEWTON SILVA 10/02/2014 13:29

O crime financia as campanhas políticas. Por isso que não acaba.

Atanagildo Carapicuíba 10/02/2014 13:24

O PAÍS ESTÁ DOMINADO PELA CRIMINALIDADE, EM 12 NOS DE LULA/DILMA/PT, CAOS TOTAL, O ESTATUTO DO DESARMAMENTO DE LULA SÓ FOI FAVORÁVEL AOS BANDIDOS, COMO AQUELES PRESOS NA PAPUDA. CORRUPTOS!

Carlos Marques 10/02/2014 12:52

Por isso os cucas foram pensados originalmente com nomes de personalidades históricas...Lamentavelmente pessoas despreparadas querem mudar as coisas sem saber o que estão fazendo; e acabam apenas piorando a situação, criando ainda mais divisão geográfica na cidade.

Carlos Marques 10/02/2014 12:48

Para de chamar o Cuca de "Cuca Barra" é uma das ações positivas... O mesmo se diz dos demais! Numa sociedade permeada por conflitos territoriais, é insensatez fomentar isso ainda mais com uma divisão dos poucos espaços de convivência por bairros.

Carlos Ivo 10/02/2014 12:34

A única solução desses problemas. sabe qual seria? Resposta.: Mudanças nas leis, prisão perpetua para Traficantes, Homicidas (requinte de crueldade), Pedófilos e Ladrões de Bancos...

Edmar Mcorreia 10/02/2014 11:46

"Mas não tenho dúvidas de que é possível reverter", disse o delegado entrevistado. Porém se há uma escalada de violência, fica claro que nada de efetivo está sendo providenciado.

Claudio Marques 10/02/2014 11:40

KD JARDIM IRACEMA E ALVORO WEYNER ? Poxa, é bom rever isso ai, quem mora nestas regiões sabe q este map e incompleto.

rafael 10/02/2014 11:23

Uma é coisa é certa ninguem pode dzr q fortaleza é uma cidade s/ lei como a lei estatal ñ tem força p/ evitar reprimir ou punir essa situação, os criminosos vão impondo sua lei e sua lógica violenta a cultura do medo. e vamos dialogar enquanto o pau ta quebrando dentro.

Felipe Trazzi 10/02/2014 11:08

Era mais fácil ter listado os bairros de Fortaleza que não têm brigas de gangues.

Gervasio Trigueiro 10/02/2014 11:00

Mas a policia nao acaba porque tem gente grauda metida nisso. La na favela e no bairro pobre aquele la é apenas o testa de ferro do grande e poderoso da Beira mar que é o verdadeiro chefe.mas cabe ao povo exigir que isso mude indo as ruas.espero que este ano na eleiçao lembremos disso.

MANU 10/02/2014 10:26

A pesquisa está mais por fora sei nem o que RODOLFO TEÓFILO está nas mãos de TRAFICANTE.

Zé Bob 10/02/2014 10:14

Alguém aí lembra da matéria, deste jornal, intitulada a "O que espera o Ceará depois de Cid Gomes"...?

DEFENSOR DA FAVELA 10/02/2014 10:06

O GOVERNO SABE E NÃO FAZ NADA.

Estefânia Mesquita 10/02/2014 09:36

4 pontos pertinho da Cidade dos Funcionários. Que Deus nos guarde dessa violência...

Assis Barros Leal 10/02/2014 09:12

As crianças, que deveriam estar nas escolas integrais, ficam nas ruas expostas ao tráfico e à pedifilia. Com isso, perdem a infâcia e logo viram adultos revoltados e o resultado estpa exposto aí.

anônimo 10/02/2014 09:01

E é isso aí.

guedes 10/02/2014 08:53

UAM AÇÃO DA POLÍCIA SIM, UMA AÇÃO DE PUNIÇÃO ENERGICA. NEM TODOS QUE MORAM NA PERIFERIA SÃO BANDIDOS, APENAS UMA MINORIA. SE CONTINUARMOS COM O PAPO DE COITADINHOS O POVO TRABALHADOR VAI SOFRER MAIS. A SABEDORIA POPULAR SABE MUITO MAIS DO QUE CERTOS ESTUDIOSOS QUE NÃO VIVEM A REALIDADE SOFRIDA.

Mirtinha 10/02/2014 08:37

Eu tenho parentes no Jardim Violeta (Barroso) e eles relatam que não podem mais nem levar as crianças à pracinha, nem à escola a pé porque sempre ocorrem assassinatos. Entre quinta e sexta da semana passada mataram 2. Virou território de gangues mesmo!

carlos 10/02/2014 08:26

E a polícia sabendo de tudo isso, por que não faz uma devassa e prende esses vagabundos?

Seu Guima 10/02/2014 08:23

...Até o mais rico.

Seu Guima 10/02/2014 08:22

...Essa barbárie, somente mostra o nível de política que é praticada em nosso país, ano após ano. O povo não aprende e por isso tem os serviços públicos que refletem os representantes que elegeram. Digo, com muito pesar, que a corrupção está entranhada na cultura brasileira, desde o mais pobre...

NEWTON SILVA 10/02/2014 08:22

E o mais revoltante é o governo agir como se tudo estivesse na normalidade. Dizem que a violência não passa de "boatos" nas redes sociais. Querem enganar principalmente turistas, pois o povo de Fortaleza faz tempo está refém da bandidagem impune e armada, fazendo o que bem entendem.

Seu Guima 10/02/2014 08:20

Acho que o Dr. Mundico está equivocado em seu comentário. Essa "mentalidade dominante" foi formada, justamente, pela inércia do Estado. Então, se pode sim reverter o quadro. Agora, é muito lógico que isso não se faz de uma hora para outra e o começo é, sim, oferecendo boas escolas e boa sa

eu 10/02/2014 08:17

Esqueceram da granja portugal proximo ao rio siqueira expecificamente na rua luminosa,travessa mar vermelho coronel fabriciano tudo ali proximo ao colégio paulo freire, mantido e guardado pelos policiais da 4ª do 6, onde eles vão buscar seus dizimos regularmente, isso é uma vergonha. fora coruptos.

Luis 10/02/2014 08:16

la vem o mesmo discurso . o problema e social. tradução , não podemos e nem vamos fazer nada . Voces que se explodam.

YM 10/02/2014 07:59

hobbes já previa isso! :)

Dr. Mundico 10/02/2014 07:16

Acho bom começar a se acostumar,pois isso não tem volta. Será o parâmetro de convívio que dominará as relações sociais:o gueto,a segregação.Não se corrige décadas de omissão e inércia com escolas e hospitais.A mentalidade já é dominante e o estrago está feito.Passou a vez e perdeu a hora!

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