Emerson Damasceno: exemplo de que o esporte resgata vidas
São frequentes os momentos em que a vida te desafia sem que você tenha a chance de optar pelo modo fácil, moderado ou difícil. Nessas horas, para que corpo e mente não sucumbam à pressão, a força de vontade precisa de uma âncora para prevalecer.
O advogado Emerson Damasceno, 43, encontrou no esporte uma fuga para três dos seus maiores desafios: a obesidade, uma grave doença do filho primogênito e um acidente de trânsito que tirou-lhe a mobilidade das pernas.
Por causa da obesidade, Emerson narra que estava “caminhando para morrer”. Chegou a sofrer de hipertensão e pesar cerca de 120 quilos, mas tinha consciência de que estava obeso e de que precisava mudar.
A coragem para tanto partiu do costume de não resistir a apostas. Desafiado por um amigo a participar de um campeonato de triathlon, o advogado, que antes só praticava natação, passou a treinar rigorosamente para a competição. Poucos meses antes de participar do Ironman, em 2007, percorreu cinco quilômetros numa corrida para iniciantes. Com a prova do Ironman, afinal, aprendeu a nunca desistir.
Após superar a obesidade, um segundo momento difícil, considerado por ele o pior, foi durante o tratamento de uma doença do filho. Após a cura, Emerson, fadigado pelo esforço físico e mental que dedicou ao período, se entregou novamente à vida de alimentação desregrada e de boemia. Só saiu dela quando soube que Fortaleza sediaria uma edição do Ironman em 2014. Foi quando criou o projeto “Ironman Fortaleza” nas redes sociais e começou a se preparar para a competição. Todos os dias postava fotos e vídeos de seu progresso.
O advogado lembra que fazia o seu melhor treino de ciclismo no dia em que foi atropelado por uma camioneta na rodovia CE-040, em março de 2014. “Eu estava muito bem fisicamente. Tinha emagrecido vários quilos”. Seu mínimo foi 80 quilos. À época, ele teve fraturada a coluna, acidente que resultou numa paraplegia.
Os primeiros meses foram difíceis para se readaptar à nova forma de vida, mas não foram suficientes para fazê-lo desanimar e voltar ao ritmo sedentário. Após dias de reabilitação no Hospital Sarah Kubitschek, ele se sentiu confiante para começar a retornar às atividades físicas que praticava.
Como aprendeu rápido a técnica de entrar e sair da piscina, natação tem sido a primeira experiência, mas ele não descarta aderir à moda das handbikes, só não se sente ainda preparado para o novo desafio. “Essa capacidade de foco é inerente. Após ter parado (os treinos para) o triathlon, engordei alguns quilos, acho que cinco. Mas se eu quiser emagrecer dez, eu consigo”, afirma.
Com o apoio constante da família, confiança, fé e esperança têm sido mote para tanta determinação. “Ser positivo é mais bacana”, afirma Emerson, convicto, quase como se proferisse um lema. (Luana Severo).
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