[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Convívio com o câncer desde cedo | O POVO
Futuro 21/07/2013

Convívio com o câncer desde cedo

Se câncer é doença relacionada às características genéticas e reações do DNA a fatores internos e externos, no futuro, indicam pesquisadores, chave do tratamento será encontrar terapias personalizadas
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Em um futuro não muito distante, os cabelos cairão menos, as náuseas serão menos frequentes, o mal-estar vai diminuir. Em alguns anos, a tão temida e incômoda quimioterapia deve se fazer menos presente no cotidiano dos pacientes com câncer. Talvez, alguns médicos defendem, ela (e seus maus tratos) chegue a desaparecer da rotina de quem luta contra o desequilíbrio do próprio corpo.

 

Com o desenvolvimento da ciência e da pesquisa médica, o alvo do câncer passa a ser atacado durante o tratamento. Nada de destruição de células não cancerígenas que também se multiplicam rapidamente, como as que dão origem ao cabelo, por exemplo - o que ocorre com uso de quimioterápicos. Na chamada terapia-alvo, apenas as células que provocam o câncer são atingidas pelos medicamentos. A técnica, que envolve a genética do câncer, deve ficar cada vez mais presente no tratamento de vários tipos de cânceres. É a personalização do tratamento.


“(São medicamentos que) agem exatamente no local que determina a multiplicação celular. São muito menos agressivos”, comenta o médico Luiz Porto. Ele coordena o Grupo de Educação e Estudos Oncológicos (Geeon), da Universidade Federal do Ceará (UFC), e o Comitê Estadual de Controle de Câncer. O médico cita, por exemplo, o Herceptin® (transtuzumabi), usado no tratamento de pacientes com câncer de mama. Por ser um tipo de anticorpo monoclonal, o remédio bloqueia os clones celulares mutados que vão surgindo no organismo quando do aparecimento de uma célula tumoral. Esse tipo de medicamento age matando os clones celulares, no alvo.


Isso só é possível porque o diagnóstico do câncer “deixou de ser só clinico e passou a ser molecular”, destaca Porto. “No diagnóstico, você é capaz de ver quais são as moléculas que devem ser bloqueadas (com medicação)”. É o que o médico chama terapia-alvo ou tratamento paletó: um tratamento específico para uma molécula específica.


“Ele (o Herceptin®) não é inócuo, mas é muito menos agressivo do que é, por exemplo, uma Adriblastina®, a famosa vermelhinha, um medicamento quimioterápico que é muito agressivo - dá náuseas, vômito”, cita o médico. “Nós achamos que, à proporção que nós descobrirmos cada vez mais os mecanismos de bloquear o crescimento da célula tumoral, vai chegar um momento em que usaremos cada vez menos quimioterapia. Aliás, já se usa, cada vez menos, quimioterapia.” De acordo com Luiz Porto, há cerca de 30 drogas da chamada terapia-alvo em teste nos EUA e na Europa. “Estamos evoluindo para identificação cada vez mais completa da célula maligna”.


Doença crônica

Quando a pesquisa do Lacog indica que teremos mais casos de câncer no futuro, mostra, ainda, que isso deve ocorrer porque, em breve, câncer passará a ser considerado doença crônica.

 

“O diabetes, antes da insulina, não tinha muita perspectiva. Com insulina, passamos a ter controle da doença. Não cura, mas garante a sobrevivência. A perspectiva do câncer com os anticorpos monoclonais é essa, de ter a doença sob controle, saber viver com ela, ser uma doença crônica e com cura”, defende o coordenador de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional de Câncer (Inca), Cláudio Noronha. A cura, lembra Noronha, é possível quando a doença está localizada, ou seja, quando não há metástase. (Mariana Lazari)

 

Saiba mais

Mesmo que não haja cura, o médico Luiz Porto cita que o uso de anticorpos monoclonais combinados ou não à quimioterapia “mudou a história de vida de pacientes que antes morriam com seis meses”.

 

“Tenho paciente com metástase hepática com 10 anos de evolução tomando o Herceptin®. Ela tem muito mais chance de morrer hoje com doença cardíaca - que mata mais do que câncer - do que morrer do câncer dela”, diz.

 

No Ceará, 315 mulheres tomam essa medicação com financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento custa, em média, entre R$ 10 mil e R$ 12 mil por mês.

 

À PROPORÇÃO QUE DESCOBRIRMOS CADA VEZ MAIS OS MECANISMOS DE BLOQUEAR O CRESCIMENTO DA CÉLULA TUMORAL, VAI CHEGAR UM MOMENTO EM QUE USAREMOS CADA VEZ MENOS QUIMIOTERAPIA

 

A PERSPECTIVA DO CÂNCER COM OS ANTICORPOS MONOCLONAIS É ESSA, DE TER A DOENÇA SOB CONTROLE, SABER VIVER COM ELA, SER UMA DOENÇA CRÔNICA E COM CURA


Cláudio Noronha, coordenador do Inca

 

O POVO online

Documentário sobre a história do câncer no mundo

O inimigo interior: 50 anos na luta do câncer (em inglês) vimeo.com/54898062

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