[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Mulheres correm riscos durante a gestação de bebês anencéfalos | O POVO
Estudos 29/04/2012

Mulheres correm riscos durante a gestação de bebês anencéfalos

Para além do sofrimento psicológico, as gestantes também sofrem consequências físicas durante o período de gravidez dos anencéfalos. Médicos contrários defendem que há soluções
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As mulheres que decidem levar adiante a gravidez de um anencéfalo podem correr alguns riscos. O ginecologista e coordenador do grupo de estudos sobre aborto da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Thomaz Gollop, afirma que o feto, nessas condições, não faz a deglutição do líquido amniótico. Além disso, as mulheres tendem a ter dificuldades no parto, porque o feto não está em posição correta, aumentando a pressão arterial.

 

“Cerca de 50% das grávidas tem excesso de líquido amniótico, porque o feto não consegue degluti-lo. E, com o aumento do útero, a gestante pode perder a capacidade de contração logo após o parto, resultando em hemorragia”, diz o médico. A escolha, Gollop deixa claro, é da mulher. A lei somente descriminalizou o aborto nesses casos. “Assim, as mães não precisam mais recorrer à Justiça se quiserem interromper a gestação. Aquelas que optarem por continuar, tem todo o direito”. Mas os médicos contrários ao aborto esclarecem que o problema pode ser prevenido com a punção do líquido.


O vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Carlos Vidal, informa que existem determinadas deformações do feto que podem trazer mais riscos à mãe, como é o caso da anencefalia. “Retenção de placenta, gestação mais prolongada, presença de polidrâmio (excesso de líquido amniótico), apresentação de face pélvica em maior quantidade, de forma que são riscos à vida materna”, elenca.


Aborto natural


Cerca de 50% das grávidas de fetos anencéfalos acabam tento o aborto natural. A informação é da obstetra Elizabeth Carvalho, professora do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza (Unifor). A maior parte dos bebês nascidos com esse tipo de má formação, segundo ela, morre nos primeiros minutos de vida.


“São raros os casos em que eles vivem por alguns dias. Conheço o caso de uma norte-americana que conseguiu, na Justiça, que os médicos usassem aparelhos de ressuscitação a cada parada cardíaca. E assim a criança sobreviveu por meses”, conta.


Não se sabe as razões que levam um determinado local do mundo a ter menos ou mais casos da má formação. O que se tem certeza é que existem fatores genéticos e ambientais envolvidos. Zenilda Vieira Bruno, obstetra da Meac, assegura que ainda não foi descoberta uma determinação específica. “(Uma gravidez de) anencéfalo é independente da idade da mãe, do número de filhos. É uma deformidade genética. Não existe nenhuma explicação genética encontrada e não existe nenhum tipo de prevenção garantida”, ressalta.


No entanto, mulheres diabéticas têm seis vezes mais chances de ter um bebê com alguma anomalia, informa o médico Oswaldo Dias. “O que se sabe é que a ausência do ácido fólico (vitamina B9) tem influência na formação de um feto anencéfalo. Assim, três meses antes de a mãe pensar em engravidar, quando ela manifesta o desejo ao ginecologista, o médico deve receitar essa vitamina”, aponta. (Angélica Feitosa)

Angélica Feitosa angelica@opovo.com.br
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