[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] A importância da afetividade para o desenvolvimento da criança na escola | O POVO
MARIA ISABEL BELLAGUARDA 19/02/2012

A importância da afetividade para o desenvolvimento da criança na escola

"Todo ser humano é movido pelo que lhe afeta. Ele se afeta tanto por elementos externos quanto por sensações internas "
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Durante toda a infância, um dos principais vetores do desenvolvimento, tanto psicológico, cognitivo, como social, é a afetividade. O afeto, indiscutivelmente, está entre as necessidades que precisamos suprir para a garantia da sobrevivência, da vivência e da convivência humana.

Em nossa prática, temos constatado que o encontro afetivo entre o adulto e a criança, dependendo de sua qualidade e ajuste, ajuda a criança a se sentir inteira emocionalmente e estimula seu percurso rumo à maturidade de forma construtiva para si e para os outros.


Todo ser humano é movido pelo que lhe afeta. Ele se afeta tanto por elementos externos - o olhar do outro, um objeto que chama a atenção, uma informação que recebe do meio, quanto por sensações internas - medo, alegria, fome. Essa condição humana recebe o nome de afetividade e é crucial para o desenvolvimento.


Na atualidade, nos chama a atenção a carência afetiva vivida pelo ser humano, e o número crescente de crianças que apresentam atraso simultâneo no desenvolvimento de funções básicas, socialização e comunicação. O fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares, falta de reciprocidade social ou emocional, atraso ou ausência de linguagem falada, fracasso em iniciar ou manter uma conversa, uso estereotipado e repetitivo da linguagem, ausência de jogos variados de faz-de-conta, padrões repetitivos e estereotipados de comportamento, incluindo maneirismos e estereotipias motoras. Os transtornos invasivos do desenvolvimento tais como o autismo, síndrome de Asperger, transtorno desintegrativo da infância (síndrome de Heller), transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, que também é conhecido como autismo atípico, são diagnósticos frequentes de crianças na atualidade.

 

Vimos que observar, acompanhar e estar em permanente contato afetivo com o filho ou o aluno é sempre o melhor caminho para que pais e professores possam identificar possíveis distúrbios no comportamento da criança. Ser sensível a pequenas mudanças, como o excesso ou ausência de fala, os medos que comprometem sua boa inserção nos grupos sociais, o aumento de comportamentos agressivos, timidez e insegurança aumentados que comprometem a socialização. É comum que estas alterações comportamentais estejam acompanhadas ou sejam antecipadas por mudanças mais sutis que acontecem nas áreas do sono, da alimentação, entre outros. É ainda importante escutar e responder afetivamente às dores que podem aparecer ao longo do desenvolvimento infantil, porém, sem reforçá-las, como dores de cabeça, dores de barriga, o aparecimento de tiques, tais como roer unhas, piscar de olhos, gestos repetitivos, dentre outros.

 

Sabe-se que há no ser humano uma dimensão intelectual que nossa sociedade potencializa e valoriza na medida em que é suscetível de produzir, e que há também uma dimensão emocional, afetiva, que não só é apenas citada habitualmente, como há interesse concreto em ignorar e esconder. Deste modo, vive-se em uma racionalidade imposta pelo poder que, em nome da razão, justifica os atos, enquanto deixa de lado as emoções.

 

Consideramos que há uma necessidade, cada vez maior, de o professor construir com o aluno um espaço relacional vivenciado, em que os elementos afetivos e emocionais se tornem indispensáveis, por favorecerem a aquisição adequada dos conhecimentos e da construção da personalidade. Acreditamos ainda que é necessária uma consciência do educador, de que não basta apenas educar para afetividade, é preciso educar na afetividade. Isso implica uma nova práxis, pois o educador que não sabe para que educa e por que educa acaba reproduzindo a educação tradicional que privilegia a razão em detrimento da emoção. Para o educador consciente da importância da afetividade na construção do conhecimento de seus educandos, toda ação torna-se uma ação para transformação.

 

O Centro Internacional de Análise Relacional (CIAR), em suas atividades com crianças e adultos, e também por meio do Curso de Pós Graduação Formação Especializada em Psicomotricidade Relacional, trabalha com professores da Rede Particular e Municipal de Ensino de Fortaleza com o objetivo de implementar na prática, mudanças efetivas no que se refere ao desenvolvimento do potencial afetivo e relacional de professores e alunos, e, consequentemente, maximizar processos inclusivos, minimizar a violência, e elevar os níveis de aprendizagem global.

 

Em Psicomotricidade Relacional, coloca-se a importância do lugar do corpo na formação da personalidade do sujeito, concebe-se a aprendizagem e o desenvolvimento da criança como consequência natural das formas de relação afetiva que estabelece com o outro, de acordo com as possibilidades e limites de cada um. Além do objetivo preventivo da intervenção da Psicomotricidade Relacional na escola, também temos encontrado na pratica clínica, uma intervenção e escuta profunda das necessidades sócio emocionais e psicomotoras de crianças, jovens e adultos.

 

Na medida em que coloca os dizeres corporais no centro de sua atenção, valorizando por meio do jogo espontâneo e da comunicação não verbal, as competências do sujeito, a Psicomotricidade Relacional, sem a necessidade de tocar no que “está doente” ou “fora de ordem”, propicia condições que fortalecem no sujeito um melhor equilíbrio afetivo, despertando no indivíduo o desejo de agir, interagir, de se superar, enfim o desejo de existir positivamente para si e para o outro!

 

Maria Isabel Bellaguarda Batista é psicóloga, psicomotricista titular da Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP), diretora do Centro Internacional de Análise Relacional (CIAR) e doutora Honoris Causa em Psicomotricidade Relacional e Análise Corporal da Relação pela Sociedade Brasileira de Medicina Psicossomática (ABPM/DF - Brasil)

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junião rios 05/07/2014 09:43
oras bolas , as pessoas que tratam crianças com afetividade são acusada de terem doenças mentais, por isso fica muito difícil implementar essas recomendações da especialista.por isso é mais fácil negar esse tipo de coisa.
Tatiana Bellaguarda 04/06/2012 00:14
As sutilezas nos relacionamentos e os cuidados diários pode e a fazer toda a diferença na vida adulta de nossos pequenos!!!
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