[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive]
EM SANTANA DO CARIRI, O POVO DO DISTRITO DE INHUMAS NÃO ESPEROU
A DECISÃO DA IGREJA. JÁ FEZ UM SANTUÁRIO COM PEDRAS DA REGIÃO E CELEBRA AMENINA QUE CONSIDERAM “MÁRTIR DA PUREZA”. BENIGNA, PARA ELES, É SANTA HÁ 70 ANOS
o vitral abaixo do altar do santuário todo de pedra cariri, o batistério emoldurado de Benigna Januário Cardoso está para atrair olhares e devoções. O documento expõe um testemunho sobre a menina de Santana do Cariri, morta sete décadas atrás, com recém-completados 13 anos de vida terrena. Hoje, todos por ali já a têm como santa. Padre Christiano Coêlho, falecido, escreveu, ao lado dos dados de nascimento da criança, o que queria lido e considerado:
“Morreu martirizada às 4 horas da tarde do dia 24 de outubro de 1941 no sítio Oiti. Heroína da Castidade. Que sua santa alma converta a freguezia e viva de proteção às crianças e às famílias da paróquia. São os votos que faço da nossa santinha”. A menina, com nome de bondade, estava avalizada pelo sacerdote.
No mesmo vitral, a moringa de barro que ela levava para buscar água numa cacimba próxima. Pela época do ano, as tardes sertanejas eram de sol inclemente. Também está lá um vestido de tecidinho fino e amarrotado do tempo, presente da mãe de criação. Relíquias sacralizadas pela fé no distrito de Inhumas.
O sítio Oiti tem uma cruz que demarca onde Benigna caiu. Atacada três vezes a facão, no pulso, nos rins e no pescoço, pela sandice pretensiosa de um rapazote, Raul Alves. Eram de idades próximas. Ele a queria a todo custo, assédio não correspondido já havia algum tempo.
Henrique Duarte, guia cultural de Santana há dez anos, conta que, depois do crime, Raul levou o facão sujo para casa. “Ele disse que tinha matado um tejo. A mãe cortou a carne com o próprio facão sujo. No almoço, a carne amargou”. O corpo foi achado por um agricultor.
Os policiais caçaram o bicho homem daquela perversidade. Numa manhã daqueles dias de busca, Raul cinicamente jogava bola no areal quando alguém, brincando, gritou: “Corre, Raul, que lá vem a polícia te pegar”. E ele correu mesmo. O mal caiu por si só. Preso, o matador de Benigna, preso, admitiu tudo. Era um bicho moço, como na violência do dias de hoje. “(Raul) depois que cumpriu pena, voltou aqui e se arrependeu. Chorou muito, eu vi, até ficou devoto”, relata seu Francisco.
Benigna era órfã de pai e mãe, criada por quem também adotara seus pais. Teve três irmãos de sangue, Carmélia, Alderi e Cirineu. “Ela foi criada por minha vó Honorina e minha tia Rosa”, diz Tetê Sisnando (no batismo, Teresinha de Alencar Nuvens), 74, que a teve como irmã de cria. “Era morena, cabelo pequeno, solto, e tinha um pequeno desvio no olho. Ela era tristinha”.
Da memória dos quatro anos que tinha na época, Tetê puxa a letra da cantiga de roda das brincadeiras com Benigna: Carneirinho, carneirão, neirão, neirão/ Olhai pro céu, olhai pro céu, pro céu, pro céu/ Pra ver Nosso Senhor, senhor, senhor... “Aí a gente se ajoelhava, pegava nas mãos e olhava pro céu. Por ser criança, eu pensava que via mesmo”. Talvez Tetê visse. Criança vê o que adultos não enxergam.
O santuário de Benigna é atração. Lota todo mês. O bispo da diocese do Crato, dom Fernando Panico, instalou a Comissão Pró-Beatificação de Benigna, para estudar documentos que endossem a santidade. Com as chuvas de agora, o local da cruz de Benigna, no Oiti, perto de algarobas, hoje está cercado de um mato alto, de metro. E um perfume. Indescritível.
Erro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje
Erro: maximum recursion depth exceeded while calling a Python object
Erro ao renderizar o portlet: Barra Sites do Grupo
Erro: <urlopen error [Errno 110] Tempo esgotado para conexão>
Copyright © 1997-2016