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Entrar com adolescente num hotel de Fortaleza não é tão difícil como deveria. “Tive um cliente da Itália, tava hospedado num hotel na beira-mar, um hotel cinco estrelas. Passei três meses com ele. Eu ia pro hotel uma vez na semana, duas vezes na semana. Ele comprou minha roupa completa de mulher. E me deu mil reais”, diz Leonardo, michê de 18 anos, à época com 16. “Era mais procurado por turista, tinha mais cliente estrangeiro do que daqui”, conta. Ele passava a semana nas ruas do bairro onde mora, na periferia, e no fim de semana fazia ponto na Praia de Iracema.
A três quadras da praia mais famosa de Fortaleza, na rua Joaquim Alves, garotas de programa assediam os hóspedes no saguão de um hotel de padrão médio. “Eu posso subir no quarto, os meninos me conhecem”, tranquiliza o turista. “Eu fico por aqui (no saguão), ou então quando alguém quer, eles me ligam, porque eles têm meu número”, diz. Costuma ficar no hotel até as 22 horas, depois vai para uma boate frequentada por turistas, a duas quadras da Praia de Iracema. “Um lugar de turismo sexual”, informou um dia antes um guia informal que aborda os turistas no calçadão da Avenida Beira-Mar.
A baixo custo
O típico turista sexual acorda por volta das 10 horas e vai à praia ciente de que lá encontrará garotas disponíveis. No fim da tarde, volta com uma delas ao hotel, sai com ela para jantar por volta das 20 ou 21 horas e dali emenda a noitada. Os que não encontram companhia já sabem os lugares onde encontrá-las à noite. Seja Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Fortaleza ou Natal, cada cidade tem seus pontos propícios para o pornoturista. A maioria dos pornoturistas vem da Itália, Alemanha, Espanha e Estados Unidos. São, em geral, homens com idades entre 30 e 50 anos, de classe operária ou média baixa, que aproveitam as férias para uma temporada de orgia a baixo custo.
O tempo de umas férias não permite ao estrangeiro itinerante ter relações prolongadas, daí a opção por uma relação profissionalizada. Jactam-se de um status de importância, embora não tenham perfil para tanto. São, em geral, operários em seus países. “É o tipo de pessoa que junta 3 mil euros o ano todo pra passar uma semana aqui. Traz 3 mil euros e, multiplicado por duas vezes e meia (diferença do câmbio com o real), vai estar por baixo com 7 mil reais pra gastar em uma semana. “Quer dizer, tem mil reais para gastar por dia. Dá uma pinta de rico”, diz um taxista habituado a transportar turistas do gênero em Fortaleza.
Megaeventos como a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 tendem a agravar essas discrepâncias devido à vinda dos pornoturistas imiscuídos no grande fluxo de turistas. Os governos resistem em admitir a existência do turismo sexual porque isso mancha a reputação das cidades turísticas, o que se reflete na falta de ações governamentais. (MK)
Saiba mais
Esta é a versão resumida da série de reportagens publicada simultaneamente no jornal Gazeta do Povo, de Curitiba. O projeto é vencedor do 6º Concurso Tim Lopes de Jornalismo Investigativo.
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