poesia 11/09/2017 - 13h46

Tubérculo público

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Tubérculo público
 
Italo Lima 

A graça do teu sorriso pálido
consiste exatamente 
na curvatura dos teus cílios 
evocando mistérios
tu, quando surges
por toda fresta
faz luzir o céu em agonia

Sei da tua valsa
trampolim 
rosa chá
assombro 
lampião carmim
teus pés descalços em assobio
eu chama azul acesa
com meu alecrim de estimação
canto testamentos líricos 
anunciação
velhos desejos
arrojo breu a sós

Tremo de desejo quando
teus lábios cercam a aurora
a madrugada inteira 
sabe de ti nua pelos becos
menos eu menino selvagem
feito de pedra e de pó

Quando penso na possibilidade
de beijar-te todo o universo
entra em conspiração 
vênus, Edith Piaf 
crispada jasmim 
rezadeira, água benta
nosso giro sagrado
confirma que sim
eu evoco os orixás sinistros 
e ponho teu nome
na roda do desejo da encruzilhada
cruzo os dedos evocando maré alta
Iemanjá saudando o dia
você batendo em minha porta

Tu pareces um verso de Lorca
eu linha apagada vou crispando 
minha ousadia de órgão duro e latente
aguçando a pele em rebeldia 
quando teu rastro fios de cabelos
caem soltos pelo chão toda rua faz a festa
saúdo tua calcinha larga verde de ervas
da terra brotam suores
tua boceta cabeluda 
raízes aladas
velhos tambores 
odor forte de agonia
eu embrenhado no calor do teu anus
você finalmente nos meu braços
teu mau hálito, minha possessão
ventre lanhado de ervas daninha 
cuspe servindo de entrada
teu olho revirado implorando perdão
eu fincado na tua próstata
você mãos espalmadas na parede

Os deuses nórdicos já sabiam de nós. 

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