O Ceará não só fechou a quadra chuvosa - de fevereiro a maio - abaixo da média, com 329,3 mm de precipitação e desvio negativo de 45,2%, como 2016 entrou na lista dos dez anos mais secos da região desde 1951. Desde 2012, o Estado tem apresentado precipitações abaixo da média histórica, chegando ao quinto ano consecutivo de estiagem.
O mês mais crítico do período chuvoso deste ano foi fevereiro, com -55,3%, seguido de abril (-47,8%), maio (-46,6%) e março (-36,2%). A Fundação Cearense de Metereologia e Recursos Hídricos (Funceme) ressalta que, segundo a climatologia, março e abril são os meses mais chuvosos, com média de 203,4 mm e 188 mm, respectivamente, enquanto, em fevereiro, a média mensal para o Ceará é de 118,6 mm. Já maio alcança somente 90,6 mm.
O presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins, mostrou preocupação ao comentar sobre resultado de quadra chuvosa. "A gente tem certeza da chuva no primeiro semestre e a certeza de que não chove no segundo semestre. As chuvas do segundo são muito pequenas. Mais de 90% das chuvas acontecem no primeiro semestre. Agora é uma preocupação, porque já sabemos o que vem pela frente", disse ele.
Na quadra chuvosa deste ano, a região Jaguaribana foi a macrorregião mais afetada com desvio percentual negativo de 54,5%. O menor desvio registrado ocorreu no Litoral de Pecém, com -25,1%. O Litoral de Fortaleza apresentou desvio de -39,1%.
Piores precipitações
Desde 1951, o ano de 1958 registrou o pior desvio, com -65,9%. Em seguida, a lista da Funceme tem os anos de 1998 (-59,8%), 1993 (-51,8%), 1951 (-51,1%), 2012 (-49,7%), 2010 (-49,6%), 1983 (-48,8%), 2016 (-45,2%), 2013 (-39,3%) e 1970 (-39%).
Fatores
O resultado de quadra chuvosa abaixo da média já havia sido previsto pela Funceme em 2016, quando o órgão divulgou o primeiro prognóstico, em janeiro. Entre os fatores determinantes para o período seco, estão as condições do Oceano Atlântico tropical com predominância de áreas neutras e mais aquecidas, tanto ao norte quanto ao sul do Equador, e a atuação do fenômeno El Niño, na categoria forte, no
oceano Pacífico Equatorial.
Conforme as análises da Funceme, os padrões oceânicos acabaram afetando o posicionamento da Zona Convergência Intertropical (ZCIT), principal sistema indutor de chuvas na região.
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