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A casa própria é o sonho de muitas pessoas, mas para moradores da periferia, a esperança virou um pesadelo em decorrência do tráfico de drogas em Fortaleza e Região Metropolitana. Especificamente em comunidades como Babilônia (Barroso), Piçarreira (Conjunto Palmeiras), Serrinha, Parque Leblon (Caucaia) , Pirambu e , por último, no Vila Velha, os proprietários das casas são expulsos. São pessoas que vivem em casas próprias financiadas por programas sociais como o Minha Casa Minha Vida e que se vêem sem moradia devido a violência gerada pelo comércio ilegal de entorpecentes.
No último domingo, 6, uma mulher teve que sair da própria residência com as três filhas por determinação de traficantes do bairro Vila Velha. O POVO apurou casos com a Polícia em que pessoas foram retiradas das próprias casas e bairros que possuem “ruas fantasmas”.
Segundo o diretor de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD), delegado Sérgio Barbosa, um caso específico em que o tráfico expulsou famílias aconteceu na Serrinha, em dezembro de 2014 e culminou na prisão do traficante Francisco de Assis da Costa Lima, 37.
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Na área da Babilônia, localizada no bairro Barroso, a situação é a mesma. A delegada Ana Cristina, titular do 8º DP (José Walter), havia relatado ao O POVO, ainda neste ano, sobre a problemática das residência na área da Babilônia, em que as pessoas também são expulsas as residências.
Em 2013, no Pirambu, um traficante teria mandado construir um muro para impedir a entrada da Polícia e uma moradora teria ido reclamar, mas foi agredida com golpes de pistola na cabeça. Ainda na época, o traficante teria enviado um grupo e depredado a casa da mulher. Outra ação criminosa, também em 2013, foi contra líderes comunitários, um deles teve o cachorro baleado e o animal ficou cego.
Vila Velha
No caso do bairro Vila Velha, a mulher teve o filho de 17 anos apreendido no ano passado e com ele foram encontradas uma arma e uma motocicleta. Em razão dessa apreensão e sabendo que o jovem estava próximo de ganhar a liberdade, os traficantes foram até a residência da mulher na última sexta-feira, 4, e segundo a vítima (de nome preservado) a mandaram sair da residência, caso não obedecesse, ela e a família morreriam.
A mulher procurou o 34º DP (Centro), e o policial civil Marcos Cacalcante a levou até a residência para que ela pudesse tirar os pertences e a levaram para um abrigo, com apoio da Unidade Tático Operacional (UTO), da PCCE.
A Secretaria Municipal do Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor) informou que a questão de documentação deve ser tratada com a Caixa Econômica Federal , mas que a pessoa que já recebeu uma casa não pode receber outra e a regra é nacional, ou seja, não há possibilidade de haver uma troca para que a mulher vítima das ameaças possa mudar de bairro e continuar com a casa própria.
A Habitafor relata que, após o recebimento da casa, o papel do órgão é fazer um trabalho social, com capacitações, mas que não pode agir no âmbito de negociação.
Já o comandante da área, major PM Alexandre Ribeiro descreve o fato como uma situação difícil e disse que não teria como oferecer garantia de vida para mulher. Mas que a Polícia iria procurar prender os envolvidos na ameaça.
Enquanto isso, a vítima segue com as filhas dormindo em abrigos.
Operações
O coordenador da Coordenadoria Integrada de Planejamento Operacional (Copol), delegado Fernando Menezes Silva Júnior, comentou sobre a importância da operação Nômades, da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), para reprimir e acabar com as expulsões das residências e também com a prática dos traficantes de obrigarem os moradores a guardar drogas, carros roubados e armas.
"A operação Nômades nasceu de uma necessidade dos trabalhos da Polícia de efetuar a repressão ao crime, com o apoio do judiciário e do Ministério Público, além dos delegados estaduais, com a provocação da representação visando mandados de busca coletiva", explicou.
As comunidades citadas pelo coordenador onde foi constatado esse tipo de prática e onde aconteceram operações foram o Muro Alto (Sapiranga), Pôr do Sol (Messejana), Lagoa Seca (Sapiranga), Serviluz, Babilônia (Barroso).
“Tivemos êxitos em operações onde as pessoas tinham o costume de dizer que era um local dominado pelo tráfico. O traficante fica acuado e não consegue mais ter a proteção atual. Os mandados coletivos são um grande trunfo, pois o juiz autorizando o mandado nós vamos entrar na casa do cidadão de bem e nos locais onde há suspeita de tráfico e isso faz com que o traficante veja que não tem a possibilidade de guardar em outras casas", relata.
Segundo a SSPDS, as operações Nômades já resultaram em 2.283 casas vistoriadas, 41 pessoas presas, além de seis adolescentes apreendidos. Nas sete operações, a Polícia apreendeu, ainda, 16 armas de fogo, munições e acessórios de uso proibido ou restrito, quatro motocicleta, um carro, coletes balísticos, balanças de precisão, crack, cocaína e maconha.
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