Atualizada às 23h27min
Acabou por volta de 22 horas a nova rodada de depoimentos sobre o duplo homicídio de Adriana Moura de Pessoa Carvalho e a filha de oito meses, Jade, ocorrido no último domingo, 23, em Paracuru. Os últimos que saíram da sala foram Marcelo Barbarena Morais, 37, réu confesso do crime, e a mãe dele, Magali Barbarena, muito abalada.
As testemunhas foram ouvidas desde as 15h45min desta terça-feira, 25, pela diretora da Divisão de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), Socorro Portela.
Prestaram esclarecimentos, além do acusado, o irmão dele e a cunhada, que estavam presentes no dia do crime, outras duas pessoas, que trabalhavam na residência da família. "Eles chegaram a ficar juntos na sala, mas não houve necessidade de acareação. O Marcelo falou na frente do irmão que matou a mulher e os dois ficaram emocionados. Ele (Marcelo) gritou muito", relatou a delegada.
Marcelo e a mãe deixam sala onde prestavam depoimento, na companhia de advogado
De acordo com Socorro Portela, os depoimentos serviram para traçar o perfil psicológico do marido, como era a rotina do casal, além de esclarecer divergências dos testemunhos iniciais da família e do acusado.
"A mãe disse que ele era uma criança tranquila, não se envolvia em brigas". O acusado não confessou ter ciúmes do bebê, porém a babá levantou a possibilidade durante o depoimento. "Às vezes ele queria sair com a Adriana, mas não podia por causa do bebê", contou à delegada. A funcionária disse ainda que o patrão era educado, mas notava uma crise entre o casal há cerca de três meses.
Todos falaram com a diretora da DHPP mais de uma vez nesta terça. Enquanto Marcelo estava na sala prestando depoimento junto com o irmão, foram ouvidos gritos de choro. Socorro também ouviu o acusado junto com a mãe, que recebeu do advogado de defesa, Flávio Jacinto, recomendação para "segurar as emoções". O advogado e as testemunhas não falaram com a imprensa no local.
Nesta quarta-feira, 26, a Polícia vai ouvir moradores da cidade de Paracuru. Já na quinta-feira, 27, haverá coleta de DNA do suspeito, do irmão dele e da cunhada. A delegada Socorro Portela afirma que, por enquanto, não há suspeitas de que o casal tenha envolvimento no assassinato, mas o exame servirá para confirmar a autoria do crime, confessada por Marcelo.
Na próxima sexta-feira, 28, serão ouvidos os patrões de Marcelo e Adriana. A expectativa é que o inquérito seja finalizado em até dez dias.
Duplo homicídioAdriana e Jade foram encontradas mortas na casa de veraneio onde estavam com a família, por volta das 6 horas de domingo. As duas foram assassinadas a tiros enquanto dormiam.
A mulher tinha perfuração à bala na cabeça, enquanto a filha tinha sido atingida pelas costas. Ao verificar a casa, a Polícia encontrou um revólver calibre 38 dentro do bebê conforto da criança, no quarto onde Marcelo dormia com a filha mais velha do casal, de sete anos.
Inicialmente, o marido deu à Polícia uma versão de que a casa havia sido arrombada e que não teria ouvido o barulho dos tiros. Porém, durante perícia complementar feita pela DHPP, o homem confessou ter matado as duas.
Na segunda-feira, 24, a Polícia encontrou um arsenal no apartamento do casal, que fica no bairro Cocó. Nove armas, entre revólveres e espingardas artesanais estavam na residência.