Amanda Araújo
amandaaraujo@opovo.com.br
O incêndio de um ônibus da linha João Arruda, no último sábado, 28, teria sido um protesto contra o sistema penitenciário cearense. Os suspeitos entregaram ao motorista um bilhete denunciando desrespeito e maus tratos de presos em unidades do Estado, como a Penitenciária Francisco Adalberto de Barros Leal (UPFABL), conhecida como "Carrapicho".
“Queremos melhorias no sistema penitenciário Carrapicho. Estamos sendo maltratados em visitas, desrespeitados pelos agentes mal disciplinados, que tratam os internos como bichos”, diz um trecho do bilhete. Além disso, a denúncia afirma que o Estado ganha para tratar os internos com dignidade e respeito. “É para sairmos como homens regenerados, precisamos de respeito e dignidade”, completa a mensagem.
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Procurada, a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado (Sejus) informou que está acompanhado as investigações da Polícia Civil sobre a queima do ônibus. “Caso se confirme alguma relação com internos do sistema penitenciário, a Sejus adotará as providências cabíveis”, diz a pasta, em nota.
Segundo o Corpo de Bombeiros, ninguém ficou ferido no incêndio e as chamas foram debeladas. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) repudiou “mais um ato de vandalismo contra o sistema de transporte público de Fortaleza”.
Detentos gravam vídeo com ameaças
Em janeiro, um vídeo com detentos do Carrapicho, em Caucaia, foi divulgado nas redes sociais. Nas imagens, os presos ameaçavam sair da cela que dividem, um ambiente aparentemente superlotado.
Para a antropóloga Jânia Perla Aquino, do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), as imagens mostraram uma realidade do sistema carcerário brasileiro.
“Há muito preconceito com os presos. A prisão deveria ter a função de reeducar, mas a nossa sociedade, aterrorizada pela violência, espera vingança com os criminosos sendo punidos lá dentro”, avaliou.
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