"Em 1964, o momento mais difícil foi fevereiro. Tivemos problemas graves com revoltas, ações indisciplinada de marinheiros e fuzileiros navais. Sentimos que estava para explodir. Eu era um major, tinha visão dos problemas. Nós sentíamos que havia uma tendência para se implantar no Brasil uma ditadura de esquerda. Vários governadores da época não aceitavam a anarquia reinante. Sim, naquela época, era a anarquia no Brasil. Fui designado para comandar a Polícia Militar no Piauí, pois nós do Exército tivemos que ocupar a polícia. Era revolta, revolta, revolta. Ninguém sabia mais o que ia acontecer.
Graças a Deus, foi feita uma contrarrevolução. Se o 31 de março não tivesse acontecido, nós não teríamos Itaipu, não teríamos o sistema do rio Paraná, nós estaríamos no escuro. Os militares apenas usam as fardas, o padre usa batina, o médico usa o jaleco. Era governo de cidadãos que vestiam farda, pois o militar é um cidadão. (...) Fui enviado para o Piauí, nessa época, onde enterrei gente morrendo de fome. Havia a necessidade de um comandante lá. Nós tivemos grandes mudanças. Quando fui transferido para o Piauí, não existia um pedaço de asfalto até lá.
Se não tivesse acontecido o ano de 1964, no Brasil, nós estaríamos iguais a Cuba. Teríamos taxas de mortandade horríveis. Mas, graças a Deus, não houve o problema. O que houve foi que nós (militares) salvamos o Brasil de uma desgraça. No Piauí eu comandava a Polícia Militar. Fazia pena. Não tinham fardas. Nós começamos um trabalho. Tinha a impressão, quando cheguei, de que os soldados eram vistos pela sociedade como ratos. Isso não deve ser assim. A Polícia merece respeito. (...) O 31 de março foi a salvação nacional. Veio a ordem. Um homem quase sem pescoço, com cabeça torta, foi presidente da República e todo mundo falou ‘tá bom’. Acabou a anarquia.
(...) Eles iam para fora por que queriam (exilados). Ninguém mandou Fernando Henrique Cardoso ir para o exterior. Pediram passaporte, receberam e levaram o passaporte. Os que ficaram aqui, ficaram. Agora, se alguém saia no meio da rua, matando e atirando, não. Era a defesa da sociedade. (...) Eu nunca torturei ninguém. E não admito que ninguém seja torturado. Eu sou torturado ao ver o Brasil imitar Cuba ou Venezuela.
Na época dos generais – que entraram pobres e saíram pobres - foram criados milhões de empregos, a Petrobras aumentou a produção, chegamos a ter um PIB de 14% ao ano, criamos a Eletrobrás e a Embratel, construímos Angra I e Angra II, fortalecemos a indústria naval, criamos o Proálcool, a rede de asfalto foi ampliada, universidades foram abertas, construímos vários aeroportos, polos petroquímicos, os grandes tubos para transportar petróleo, foi feito o Funrural e a Embrapa. O Brasil é um dos maiores produtores de soja por conta da Embrapa. São obras que salvaram o Brasil. Nós estamos vivendo por que o Brasil foi salvo naquela época. Não foi milagre. Foi trabalho".
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