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Recentemente, um estudo publicado em um dos periódicos mais respeitados da comunidade científica mundial (a revista inglesa Lancet) provocou alvoroço na imprensa: a pesquisa mostrou que sedentarismo é o responsável por uma em cada dez mortes decorrentes de doenças crônicas não transmissíveis, principalmente doenças coronarianas, diabetes tipo II, câncer de cólon e mama.
Sim, e qual é a novidade? Para quem está familiarizado com as pesquisas que relacionam atividade física e saúde, nenhuma. Mas talvez os diversos países envolvidos, o currículo de alguns dos pesquisadores responsáveis, o prestígio acadêmico dos centros de pesquisa (incluindo a renomada Harvard School of Public Health), as estatísticas de certa forma impressionantes e ainda a comparação entre sedentarismo e tabagismo (ambos provocam o mesmo número de mortes/ano) causaram o rebuliço citado.
Obviamente agora chegam diferentes “especialistas” no assunto querendo empurrar teorias revolucionárias sobre como, através de estratégias fáceis, é possível aumentar a participação da comunidade em programas de exercícios físicos. Bobagem! As estratégias bem sucedidas podem até ser simples, mas estão longe de serem fáceis. Não se trata exclusivamente de orientar a população sobre os riscos da inatividade física ou sobre os benefícios do exercício, afinal a maioria das pessoas (até mesmo de baixa escolaridade) sabe que exercitar-se é importante, faz bem e pode até divertir; o problema é que esse fato não tem sido suficiente para retirá-las do sofá e de frente da TV ou do computador.
Acredito que a mudança de mentalidade levará mais algumas gerações e certamente passará pela escola, onde através de exemplos práticos, vivências divertidas e apresentação de diferentes modelos pode surgir a consciência de que movimentar o corpo é inerente ao ser humano, a despeito de todas as inovações tecnológicas convidativas ao ócio. Nesse aspecto, quero lembrar a todos os profissionais de Educação Física que atuam na escola a imensa responsabilidade que temos com a saúde pública desse país; querendo ou não influenciamos muitas das escolhas que nossas crianças fazem em relação à prática de exercícios físicos ao longo de seu desenvolvimento, cabe a você professor decidir como quer participar desse processo: educador para saúde ou o sujeito “boa praça” que garante a hora do racha.
Outro aspecto fundamental para gerar estilos de vida ativos é o exemplo familiar. Não há muito que explicar em relação a isso, o fato é que crianças que cresceram em ambientes familiares cuja prática de atividades físicas fazia parte da rotina tem MUITO mais chances de serem adultos ativos e reproduzirem esse hábito nas novas gerações. Simples assim.
Até lá o que fazer? Meu recado vai para você que já sabe a importância que a prática regular de atividade física traz para saúde, já experimentou as mudanças que o treinamento promove no corpo, na disposição e no bom humor e mesmo assim continua sedentário. O que está faltando? Não me venha com justificativas prontas do tipo “não tenho tempo” ou “meu trabalho me cansa muito”. Poderíamos discutir horas sobre organização, prioridades e valores de vida ou ainda eu poderia citar os inúmeros profissionais que conheço que trabalham 12, 14 horas por dia e ainda encontram espaço na agenda para se movimentar, talvez não da forma ideal, mas o suficiente para se sentir melhor e fugir das estatísticas de risco. Enfim, é hora de “quebrar” esse ciclo de imobilismo!
É interessante como durante a avaliação física, eu frequentemente ouço afirmações do tipo: “Professor, eu sou muito determinado nas minhas coisas, quando eu me proponho a fazer algo, ninguém me segura”, mas por que na mesma conversa, essa mesma pessoa acaba confessando que já abandonou várias vezes a prática de exercícios? A determinação somente é acionada quando o caminho é difícil, alguém já ouviu falar de determinação para sair com os amigos ou tomar umas cervejas? Não! Determinação indica que você continua seguindo o que planejou APESAR das adversidades. Entenda uma coisa: se você desiste sempre, não prossegue, deixa-se levar pela preguiça ou procrastina: VOCÊ NÃO É DETERMINADO! Ah! Achou que fui rude demais? Pois me prove o contrário, atrase o churrascão de domingo e vá vestir uma camiseta agora para começar nem que seja uma caminhada e torne isso um hábito, aí sim talvez eu reveja meus conceitos sobre sua determinação.
Entendo que praticar exercícios para muitas pessoas é chato, enfadonho e maçante, mas isso não justifica os riscos de adotar um estilo de vida sedentário. Se não por você, faça pela sua família ou pelos seus amigos. Na pior das hipóteses, eles terão que conviver com um sujeito mais bem humorado, mais disposto e, quem sabe, até mais magro.
Rossman Cavalcante Profissional da educação física, mestre em saúde pública, com formação em treinamento esportivo e saúde do idoso
EM ALTA
DECIDIR abandonar o sedentarismo independente da faixa etária
EM BAIXA
ACEITAR as desculpas do senso coletivo para manter-se sedentário
rossmancavalcante@opovo.com.br
ROSSMAN CAVALCANTEErro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje
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