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O debate que se instaurou sobre a condução coercitiva de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ofuscou por completo as novas informações de investigações contra o ex-presidente. Conforme a coluna apontou ontem, reflexo de erro estratégico da Lava Jato. A operação pode até ter justificativas para a forma de ação. Porém, tivesse sido mais cautelosa, evitaria os questionamentos e que o principal fosse ofuscado. O que é apontado contra Lula é grave e precisa ser explicado.
O alvo da vez é a relação entre Instituto Lula e a LILS, empresa por meio da qual o ex-presidente recebia pagamento por palestras. A suspeita é de que a remuneração pela participação de eventos tenha sido usada para dissimular o que seria, na verdade, pagamento de propinas de esquema de corrupção. As principais origens de pagamentos foram as empreiteiras Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Correa, OAS, Queiroz Galvão e UTC. Elas são investigadas na Lava Jato. Os valores passam de R$ 30 milhões.
O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima disse dispor de conjunto de indícios “bastante significativo”. Isso precisa ainda ser provado. Porém, no conjunto das denúncias, existem algumas sobre as quais a manifestação do próprio Lula aponta culpa.
FRONTEIRAS NEBULOSAS
Ao falar sobre o sítio em Atibaia, Lula negou que seja dono do local. Formalmente, não é mesmo. O que se investiga é se ele ocultou patrimônio. A defesa do ex-presidente reconheceu, há duas semanas, que as reformas feitas na chácara Santa Bárbara tinham objetivo de adequar o local para acomodar os presentes recebidos por Lula em seus dois mandatos. Na festa de aniversário do PT, Lula disse que o sítio foi “uma surpresa” oferecida por amigos, para que pudesse usar ao sair do governo.A Odebrecht, depois de ter negado, admitiu ter participado das obras. Há informações de que teria pago parte dos trabalhos. A defesa de Lula, porém, disse que a reforma foi oferta do pecuarista José Carlos Bumlai – preso na Lava Jato. O advogado do pecuarista nega. A defesa de Bumlai disse ainda que foi a família de Lula quem pediu a reforma.
Outro fator sob investigação é se o sítio recebeu móveis planejados pagos pela construtora OAS, também investigada na Lava Jato.
As versões são contraditórias. Nem vou entrar na discussão do triplex, que é ainda mais confusa. Fiquemos apenas com o que é inconteste:
1) O sítio foi adquirido quando Lula estava no fim do mandato de presidente.
2) Foi reformado com participação de ao menos uma empreiteira que mantém contratos com o governo.
3) A obra teve objetivo de preparar o lugar para receber Lula.
O ex-presidente parece sincero quando diz que acha que não fez nada de errado. Há montes de políticos que agem como se não houvesse problema. Mas há uma fronteira promíscua, indevida nessa troca de favores, na qual público e privado se confundem e se misturam. De forma alguma o problema se restringe ao ex-presidente. Há casos diversos de políticos que usam jatinhos e helicópteros de empresários detentores de gordos contratos estatais, governador que faz obra em propriedade de parente, outro que dá carona a familiares em aeronaves contratadas pelo poder público. Todos eles reagem com estranheza aos questionamentos. Acham que não fizeram nada de errado, que não houve proveito.
É parte da deteriorada cultura política brasileira, que sempre foi tida como natural, como aceita. Mas está errada. Não é aceitável, não é ética. Reflete uma forma de apropriação privada do interesse público. Não começou com o PT, de forma alguma. Mas, seria muito bom para o País se agora, pelo menos, tivesse uma radical diminuição.
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