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Política 22/08/2015

Os Ferreiras Gomes e o projeto nacional

notícia 3 comentários
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Érico Firmo ericofirmo@opovo.com.br
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Com o anúncio do ingresso no PDT, a família Ferreira Gomes ressuscita seu projeto nacional, que ficou sobrestado durante os anos de governo do Ceará. O plano federal sempre foi prioridade para o grupo. Em 2010, Ciro Gomes queria ser candidato a presidente no lugar de apoiar Dilma Rousseff. Por isso, colocou em risco o apoio do PT à reeleição de seu irmão como governador. Mesmo assim, Cid Gomes repetia que a prioridade, de fato, era fazer de Ciro presidente da República, nem que isso significasse a não continuidade de seu mandato no Governo do Estado.


Um obstáculo que eles sempre encontraram nas empreitadas para além do Ceará foram os desentendimentos com a cúpula nacional. No PPS, saíram em 2005, rompidos com Roberto Freire. Do PSB, a saída se deu em 2013, por discordarem da candidatura de Eduardo Campos a presidente. No Pros, eles desembarcaram em um partido recém-criado e sem um grande líder nacional, como eram os dois casos anteriores. Mesmo assim, eles se viram sujeitos a uma direção nacional com membros com poucos votos e nenhuma expressão nacional, mas ainda mais centralizadores. O conflito se deu de forma mais rápida ainda que nas experiências anteriores.


No PDT, eles voltam a um partido com um forte líder nacional. No caso, Carlos Lupi. E numa legenda com tradição de decisões centralizadas e que foi construída em torno de um líder carismático e caudilhista, caso de Leonel Brizola. O novo abrigo partidário do grupo mais poderoso do Ceará promete emoções.


AS RAZÕES PARA MUDAR

Indo para o sétimo partido em três décadas de trajetória política, o grupo dos Ferreira Gomes protagoniza oscilações de legenda que, em bloco, não têm paralelo no Ceará. talvez nem no Brasil, quando se trata de tanta gente e com personagens de tanta relevância nacional. Cid Gomes costuma se incomodar com os questionamentos às trocas. Sempre repete que as mudanças de sigla nunca ocorreram por fisiologismo ou para ficar perto do poder, mas para ir para a oposição. Não é bem assim. Quando saíram do PSDB para o PPS, eles realmente deixavam o partido do governo no Ceará e no Brasil. Mas continuaram situação no Estado e, no plano nacional, foram para a oposição a Fernando Henrique Cardoso em nome de um projeto próprio.

Na própria ida ao PSDB, os Ferreira Gomes, acompanhando Tasso Jereissati, deixaram o PMDB, à época na Presidência da República. Mas só oficializaram a saída no ocaso no governo José Sarney. A saída do PPS para o PSB e do PSB para o Pros foram diferentes do relato de Cid. Em ambos os casos, a principal motivação foi, sim, para ficar perto do governo. Agora, a situação é diferente. Eles saem a um partido que, em tese, é aliado, mas cuja postura tem sido instável – como da base governista toda. E vai para o PDT, que anunciou a saída do bloco governista, mas mantém o ministro do Trabalho e fica numa posição de “independência”. Adequado para um grupo que, no atual cenário de incertezas, pode seguir qualquer rumo.


O FIM DO COMEÇO

A inauguração de um pequeno trecho da transposição do rio São Francisco ainda está muito distante de começar a atenuar os problemas hídricos da região, mas, pelo menos, sinaliza para alguma perspectiva de fim da empulhação que tem sido imposta às populações do semiárido. Para não precisar voltar a dom Pedro II e sua promessa de vender a última joia da coroa do imperador, já se vão mais de duas décadas de promessas e nada de água. A transposição foi prevista pelo governo Itamar Franco (1992-1994). Constava no programa de governo que elegeu Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1994. Em 1996, FHC anunciou que faria a obra. Em maio de 1998, pouco antes de lançar a candidatura à reeleição, o tucano prometeu a transposição de novo. Prestes a deixar o governo, em dezembro de 2002, FHC inaugurou o açude Castanhão ainda inacabado, e disse que a transposição era inevitável. Falou ainda que se empenhou “bastante nesse assunto”, mas esbarrou nas muitas oposições políticas. O empenho não foi o bastante para sequer iniciar os trabalhos.

Quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era candidato, em 2002, a transposição era assunto controverso dentro do partido. Os formuladores da área de meio ambiente eram contra e Lula evitava se comprometer. “Será uma decisão técnica, política e do povo”, dizia após ser eleito, mas antes de tomar posse.


Quando escolheu Ciro Gomes para ministro da Integração Nacional, a transposição virou compromisso do governo. Foi alardeada ao longo de quatro anos, mas só começou mesmo no segundo mandato, em junho de 2007. De todo modo, enquanto FHC prometeu em suas duas campanhas e nem iniciou as obras da transposição, Lula, hesitante em sua primeira eleição, tornou-se o presidente que começou de fato a concretizar o começo.


Começou, mas passou longe de cumprir o prazo previsto para a primeira etapa, que era 2010. Dilma veio a seguir e tampouco foi capaz de cumprir as várias estimativas de conclusão, que passaram por 2012 e foram sucessivamente postergadas para 2015, 2016 e já está em 2017.


O fim ainda está longe, mas vale a mesma máxima de Winston Churchill após a vitória aliada sobre os nazistas na batalha de El Alamein, um dos marcos da virada na Segunda Guerra Mundial: “Isto não é o fim.

Não é sequer o princípio do fim. Mas é, talvez, o fim do princípio”.

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Antonio Pinheiro 22/08/2015 09:11
Não conseguem sequer fundar um partido para chamar de seu, enquanto outros políticos com até menor expressão os criam. É a prova cabal da falta de luz própria além das divisas do CE.
Antonio Pinheiro 22/08/2015 09:08
O poder do grupo não transborda as divisas estadual, com o ego inflado, sempre, pensam serem maiores do que realmente o são. E quanto ao poder?! Farejam como ninguém, tal qual o PMDB, estão sempre do lado de quem lhe proporcionar sombra e água fresca, e claro, as benesses que o poder pode proporcionar.
Antonio Pinheiro 22/08/2015 09:04
Os Ferreira Gomes e suas idiossincrasias, são um poço profundo de contradições e oportunismos.
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