Com cotação crescente na bolsa de apostas pré-eleitoral, sobretudo desde o ato falho da presidente Dilma Rousseff (PT), a eventual renúncia de Cid Gomes (Pros) para concorrer ao Senado – ou para permitir uma candidatura do irmão Ciro Gomes (Pros) a algum cargo que não ao de governador – provocaria um rebuliço na política cearense, para além das acomodações eleitorais. A renúncia e a candidatura ao Senado não fariam muito sentido no caso de o candidato a governador ser do próprio Pros. Nesse caso, por um lado, praticamente tira Tasso Jereissati (PSDB) do páreo para o Senado e garante uma tribuna para o clã Ferreira Gomes a partir do ano que vem, mas complica o entendimento com os aliados, que já não conseguem se acomodar nas vagas disponíveis. Por enquanto, o único coligado de peso que se contentaria com o espaço cogitado é o PT – justamente quem seria desalojado por Cid. Mas, consideremos a hipótese Pros. Com a renúncia de Cid, Domingos Filho assumiria o governo e poderia buscar a reeleição. Tudo muito simples se o plano for fazer dele candidato, com a vantagem de que não poderá buscar um terceiro mandato e, portanto, deixará o caminho livre para outro em 2018. Porém, há rumores de que ele poderia ir para um ministério neste restinho de governo Dilma, justamente para não ficar no Palácio da Abolição.
Seria aberta a vaga para Zezinho Albuquerque (Pros), presidente da Assembleia, que teria 90 dias para convocar eleição indireta para escolher um governador até o fim do ano. O próprio Zezinho teria boas chances de ser eleito e, se a escolha indireta ocorresse até junho, poderia concorrer à reeleição – ele ou quem quer que fosse indicado pelos deputados. Contudo, se o plano não for fazer de Zezinho o candidato ao governo, ele ficaria inelegível para qualquer outro cargo se assumir o Palácio a partir de 5 de abril. Por isso, fala-se que ele poderia concorrer a suplente de Cid no Senado ou a vice-governador. Nesse caso, o substituto de Cid, nos três meses de prazo até a eleição indireta, seria o presidente do Tribunal de Justiça, Luiz Gerardo Brígido. O magistrado tem tomado decisões duras e polêmicas no TJCE. Tenho minhas dúvidas sobre como o meio político iria encarar uma gestão dele, ainda que por apenas três meses.
O fato é que, na hipótese de Cid renunciar – algo cuja confirmação prefiro aguardar –, as acomodações iriam muito além das questões eleitorais. Movimentação como não se vê desde que o governador era o irmão dele, Ciro Gomes, e renunciou para virar ministro. Com uma diferença: à época, a confusão não teve nem de longe os mesmos desdobramentos eleitorais de agora.
A FALTA QUE O SENSO DE RIDÍCULO FAZ
Mais algumas palavras sobre a visita de Dilma. Eventos dessa natureza sempre têm algo de constrangedor. Políticos importantes, gente de poder e influência, submetem-se a situações as mais constrangedoras para posar uns segundinhos que sejam ao lado do presidente da República de plantão. Sem falar dos sorrisos abobalhados diante de anedotas sem graça. Em ano eleitoral, então, esse comportamento caricaturesco aflora.Até se entende: simbologia fala muito na política. Aparecer pertinho de quem tem a caneta mostra prestígio, trânsito nos altos escalões. Mas ver gente com voz ativa na definição dos destinos do Ceará disputar lugar de papagaio de pirata provoca a inevitável sensação de vergonha alheia. É muito jeca, cafona, burlesco. Provincianismo que atesta o nível de imaturidade política. Senso de ridículo é artigo raro e precioso.
FIM DA PICADA
Se a epidemia de violência não havia sido capaz de dissipar qualquer vestígio de fé na humanidade, o assalto ao Lar Torres de Melo é daquelas coisas capazes de tal efeito. Além do absurdo e da desumanidade, há estranhezas a serem observadas. Quem decidiu roubar a instituição que cuida de idosos não o fez porque lá há muito dinheiro. É bastante evidente, inclusive pelos relatos, de que os bandidos tinham informações seguras lá de dentro.
A DISPUTA PELO SENADO
Registro tardio: na semana passada, o presidente estadual do PCdoB, Luís Carlos Paes , indagou a coluna sobre o texto publicado no último dia 8. Na época, abordei aspectos diversos da pesquisa Vox Populi. Ele estranhou que não tenha tratado do desempenho de dois dos pré-candidatos ao Senado, Inácio Arruda (PCdoB) e José Guimarães (PT). De fato, meu enfoque foi a disputa pelo governo. Sobre o Senado, citei Tasso Jereissati (PSDB) para destacar sua capacidade de influenciar na eleição para o Executivo, bem como estranhei que pré-candidatos a governador tenham sido inseridos apenas em simulações para o Senado. Fiz tal opção porque, desde a redemocratização, o governador que se elege tem feito sempre os senadores. Considerar esse segundo cenário sem definição do primeiro é ainda mais inócuo do que normalmente já é pesquisa quando tudo está em aberto. Mas é justa a reivindicação por considerações a esse respeito. O que faço agora.A pesquisa atesta a força de Tasso, sempre com o dobro das intenções de voto do adversário mais bem colocado. Inácio leva vantagem expressiva sobre Guimarães, o que nem surpreende, dada a larga experiência em disputas majoritárias. Inácio alcançar 22% na estimulada, contra 6% do petista, é desempenho muito bom. Sobretudo, porque na última eleição em que concorreu, em 2012, em Fortaleza - seu principal reduto - ele ficou com 1,82% dos votos válidos. A má notícia é que, há dois anos, Inácio também largou muito bem nas projeções. Na pesquisa espontânea, se os 4% não são desprezíveis, não são impressionantes para quem está hoje na vaga que será disputada.
A conclusão me remete ao início do raciocínio: Inácio foi minado, em 2012, pelo isolamento. O desempenho seja dele ou de Guimarães dependerá dos arranjos políticos, que passam pela eleição para governador. Porém, é fato que aparecer tão melhor na pesquisa é um trunfo extra na articulação do PCdoB para manter a vaga.
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