[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Senhor da casa-grande | Coluna Muito Prazer | O POVO Online
27/05/2003 - 14h55

Senhor da casa-grande


Conhecer uma figura como Miguel Cunha é realmente um ato significativo de Muito Prazer. Ele é uma pessoa interessante e exótica no seu modo simples e ao mesmo tempo grandioso de viver. Muito prazer, Miguel!

Um personagem urbano, nascido em Fortaleza, em junho de 1914, com as características de um senhor da casa-grande. Uma inteligência arguta e sofisticada. Todo de branco. Sua bengala é um forte ponto de apoio, inclusive para manter o papo cada vez mais interessante. Ele é Miguel Cunha Filho, 89 anos, tataraneto do Barão de Aquiraz. Vive nas terras da família, em Pacatuba, na Serra de Aratanha, em 263 hectares cobertos pela Mata Atlântica.

O Castelo do Barão de Aquiraz está localizado no Sítio Pitaguari, no alto da Serra de Aratanha, ''todo em ruínas porque, segundo a lenda, ali havia uma botija. Então, ele foi todo escavado por moradores procurando o dinheiro guardado. Nunca acharam nada''.

João Batista Vieira iniciou a família com dona Ana Franca de Carvalho Gonçalo Batista Vieira. Ele fundou a estrada de ferro que liga Baturité a Fortaleza. Todo o material foi importado pelo Barão.

Miguel é aposentado pela UFC como professor de Química. Sua formação é de engenheiro civil. Ele nos convida para uma visita pelo Sítio da Casa da Torre. E conta coisas, inteligentemente, folclóricas.

''Vários nomes tenho dado para os ambientes da casa. Todos representam muito bem o que se passa com a nossa vida e com nossa família''. Tudo tem muito bom humor. Mas, também, um pouco do lado ferino do tataraneto do Barão.

''Eu dei o nome para um cômodo de Jardim da Menopausa. Esse título serve como indicativo da velhice que se aproxima para muitos que estão por aqui. O Jardim da Broxura é o meu quarto. Tenho um árvore por lá que é para baixo. Ela também simboliza o que quero dizer em relação ao estado de broxura. Já o Punhetódromo nasceu em homenagem aos meus netos. Ele está num local estratégico. Fica por cima do banheiro para que o banho, dos outros evidentemente, possa ser visto''.

A biblioteca da casa é chamada por ele de a parte cerebral. Ele diz imediatamente que a penumbra do espaço é proposital. ''Gosto muito desse clima de boite''. E dá aquele riso franco, muito discreto, sintoma da sua maneira de viver. Um homem forte, tranqüilo, dono de uma personalidade marcante.

Esse birô foi da Padaria Biju, na rua 24 de Maio próximo à Praça da Estação. As treliças serviam para o português olhar o movimento e o atendimento do balcão. Esse espelho do centro era para que ele, sem se virar, pudesse observar a produção. Burro, esse português, não é?

Essa escultura feminina é a Retirante. Ela vem puxando o filho. E o ventre proeminente simboliza a fertilidade. ''É mulher parideira'', diz. Obra de autoria do Miguel

No espaço de nome Broxura, a árvore é torta para baixo. Muito sintomático o quarto do Miguel. Ele segura a bengala de maneira sugestiva. Seu banho é uma cascata vinda direto da fonte na serra

No meio de muitas árvores encontra-se o Ossário. ''Aqui é túmulo de minha primeira mulher, Oiléa de Castro Cunha, filha de Goiás. Depois trarei os ossos do Barão. E gostaria que toda a família fosse enterrada aqui''. Atualmente, Miguel é casado com Sílvia Helena de Lima, professora. Ele tem 15 filhos, 33 netos e bisnetos

''A família originou-se de sete irmãos tão ruins que eram conhecidos como as sete pragas do Egito''

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