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Desde que foi implantado em 1998, o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) traz à tona questões básicas sobre o sistema educacional brasileiro, destacando, nos impasses e entraves para sua execução, desafios da Educação no nosso país. Penso ser interessante pontuar alguns destes desafios, no sentido de levantar questões imperiosas aos educadores, em particular, e à sociedade, em geral. São algumas delas: O que representa, para a maioria da população brasileira, a mudança do formato vestibular, descentralizado, para o foco centralizado de acesso ao ensino superior?Creio ser interessante pensarmos que o Enem, longe de ser “o exame” ou a melhor forma de acesso ao ensino superior, nos trouxe uma maior abertura, maior descentralização e a possibilidade do vínculo da educação formal a conceitos mais abrangentes do que se diga inteligência humana; O que este exame trouxe no sentido de chamar a atenção para a necessidade de focar o ensino fundamental e médio na aprendizagem? Entendo que tirar o foco da memória ou do elitismo do ensino nos abre uma frecha (ainda pequenina) de discussão sobre quais as razões e os fundamentos da educação formal em tempos atuais.
Muito longe da instrução que inaugura a escola como instituição, é evidente que nossa sociedade carece de instâncias formativas, analíticas do mundo em que vivemos e do conhecimento gerado pela Ciência e outras formas de conhecimento; O que significa, para todos nós, sabermos que 6.221.697 querem entrar nas instituições públicas e há somente 109.285 vagas? Não fica evidente que temos um sério problema educacional e de fundamental para o país?O que representa para o país a não prioridade na aplicação dos recursos públicos para a melhoria da qualidade do ensino? O que querem dizer as escolas pagas quando expõem grandes propagandas ressaltando a vitória de poucos estudantes? Há possibilidades de vínculo do Enem com a velha e eterna luta dos educadores pela qualidade do ensino e valorização da educação no país?É evidente que o Enem não soluciona o problema de acesso, pois este depende de políticas públicas e de investimentos econômicos. Contudo, é também notório que traz benefícios para o ensino médio (que desemboca em benefícios ao ensino fundamental), pois o livra das tramas e garras dos vestibulares e seu caráter elitista e instrutivista.; Nos três últimos anos fomos surpreendidos por “escândalos” na forma de aplicação do exame: Em 2009, a prova foi furtada de dentro da gráfica em que estava sendo impressa. No ano passado, mais um erro gráfico e uma troca no cabeçalho dos gabaritos provocaram tumulto no processo. E, neste ano, a ação delituosa de quem passa por cima de toda uma nação, acessando indevidamente cadernos de testagem, e os copia para alunos de escola particular de ensino em Fortaleza...
O que podemos concluir com esses episódios?Representam o que para a educação e suas formas de acesso e qualificação de estudos? Alguns têm dito que o exame não presta e outros que sempre foi assim e sempre será... Felizmente, repito não sem intenção, felizmente, nenhum dos escândalos envolve a má qualidade do teste feito, nem a falta de ética de quem o propõe.
É interessante também calar os que de forma inadequada julgam que o exame é “furado” porque nele aplicam-se pré-testes. O que caracteriza o exame é sua pontualidade, não o ineditismo das questões. O MEC tem desenvolvido várias políticas educacionais no sentido de transformar a Educação, mas, às vezes, sem as necessárias condições materiais. O caso do Enem este ano revela que o banco de itens do Inep é pequeno, menor do precisaria ser para aumentar a segurança em sua aplicação.
O novo Enem desempenha duas funções: avaliar o sistema de ensino médio no país e selecionar para ingresso no ensino superior, a quem pode interessar que não dê certo, que não seja melhorado? Quem torce por sua desmoralização? Eu não! Por quê? Amo a Educação e luto pela cidadania em meu país.
UM LIVRO:
Avaliação da aprendizagem escolar
Avaliação da aprendizagem escolar sai em sua 22ª edição. De Cipriano Luckesi, o livro aborda questões centrais à discussão sobre avaliação da aprendizagem na escola, destacando questões políticas e pedagógicas. Essencial para aqueles que desejam efetivar processos de ensino ligados á aprendizagem e educações mais construtivas.
Bernadete Porto -bernadete.porto@ufc.br
Doutora em Educação, Professora da Faculdade de Educação da UFC
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