[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] O céu das grandes navegações | O POVO
Cosmos 20/10/2013

O céu das grandes navegações

Imagine que você é um tripulante de uma nau há mais de 500 anos, em uma época onde nem mesmo os mapas eram precisos. Como saber para onde estava indo?
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Victor Alves Alencar cosmos@opovo.com.br
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Uma cena comum do nosso dia a dia é estar querendo se deslocar para um lugar que não temos a certeza de onde fica. Lembro que quando era criança, meu pai deixava um mapa da cidade dentro do carro e foi assim que eu aprendi a ler mapas. Ele apontava para mim o local onde iriamos e o caminho que ele ia fazer e, enquanto ele dirigia, eu acompanhava no mapa o nosso percurso. A minha sensação, naquela idade, era de um aventureiro desbravando mares desconhecidos.


Hoje não precisamos mais dos mapas dentro do porta-luvas do carro para uma consulta, já que temos o GPS para informar o caminho passo-a-passo ou então podemos nos conectar à Internet pelos nossos smartphones e acessar aplicativos de GPS com a mesma função. Assim, nossos dispositivos se conectam a uma rede de satélites que te informam a posição em que o dispositivo se encontra com uma alta precisão. Por trás dessa ferramenta, temos toda uma física que leva em consideração até a relatividade restrita, como já falamos em outras colunas.


Agora viajemos juntos para o passado. Imagine que você é um tripulante de uma nau há mais de 500 anos, em uma época onde nem mesmo os mapas eram precisos. Como saber para onde estava indo? Qual a direção certa a se tomar? Como se guiar? Lembre-se que em um carro, na pior das hipóteses, por mais perdido que você esteja, a solução é só parar o carro e perguntar a uma pessoa da região sobre que caminho tomar. A bordo de uma nau você não tem essa mesma facilidade.


Em um trajeto também levamos em consideração pontos de referência para nos ajudar na localização, pode ser uma praça, uma estátua, uma construção diferente das demais ou até mesmo uma árvore. Mas usamos isso porque em uma cidade o terreno é heterogêneo. Em alto mar, para qualquer lado que você olhe você tem a mesma visão: o oceano homogêneo.


Diante de tantas adversidades em uma viagem náutica, todas as informações são necessárias para o sucesso do percurso. Direção dos ventos, clima e, claro, as estrelas. Foram as estrelas as maiores aliadas dos grandes navegadores. Vicente Yáñez Pinzón, Fernão de Magalhães, Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral. Todos tinham pleno conhecimento das constelações ou tinham nas suas embarcações um astrônomo responsável por traçar o mapa e se guiar pelas estrelas.


No caso da companhia que veio com Pedro Álvares Cabral ao Brasil, o responsável por fazer a orientação em relação às estrelas era o mestre João. O trabalho desses astrônomos era o de medir os ângulos entre estrelas e pontos de referência celestes e as suas coordenadas astronômicas para determinar a sua posição na Terra, como a latitude, por exemplo. Para isso, é necessário o conhecimento de conceitos como o da Esfera Celeste, que é uma esfera imaginária onde estão incrustadas as estrelas. Tem o nosso planeta no centro dessa esfera e todas as linhas e pontos relevantes da Terra (como os polos e a linha do Equador) são projetadas nela. Claro que esse conceito é apenas para efeito de cálculos de coordenadas.


Para tal tarefa, esses astrônomos inventaram instrumentos próprios como a balestilha e o tão famoso astrolábio. Os dois tinham a mesma função, mas funcionavam de formas distintas. A balestilha era um artefato composto de duas réguas graduadas dispostas uma perpendicular a outra. Assim, mirando na estrela e no outro ponto de referência, se obtia o ângulo. O astrolábio já tem uma aparência de um transferidor de 360º, mas com mais engrenagens de forma que o seu uso requer muito mais conhecimento específico.


Por causa dessa grande interação entre navegadores e estrelas, muito do céu do hemisfério sul, que até então havia sido pouco estudado, foi batizado por eles. Um exemplo disso são as galáxias irregulares chamadas de Grande Nuvem de Magalhães e Pequena Nuvem de Magalhães, chamadas de nuvens que não se moviam pelo navegador Fernão de Magalhães.


Assim, percebemos que essa era a forma de se guiar na Terra nessa época, olhando para o cosmos.


Victor Alves Alencar estuda astronomia desde os 9 anos de idade e hoje é estudante de Física pela Universidade Federal do Ceará (UFC). É colaborador da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA)

 

> TAGS: coluna cosmos
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espaço do leitor
Rogério Santos 04/11/2013 18:16
Esqueceu o articulista outros grandes navegadores portugueses, entre os quais estão Bartolomeu Dias e o principal de todos VASCO DA GAMA... A História anda muito esquecida por estas terras... É culpa, certamente, da internet...e dos smartphones, que são pequenos para ler a Wikipédia... rs
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