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Jornal O POVO 06/06/2000
Antonio Martins Filho, 86, tem uma história de lutas fascinante marcada por obstinação e vitórias que marcaram a construção de uma das maiores universidades do Nordeste, a UFC, e outras tantas universidades, todas no Ceará. Sua vida é tão intensa que ele próprio admite já ter ultrapassado, em intensidade de vida, "a barreira de um século". Ao longo de todo esse tempo experimentei muitas decepções, diz ele, mas a marca desta intensidade está expressa numa obra incomensurável. Nesta entrevista ele lembra uma das datas marcantes de sua vida, a instalação da Universidade do Ceará, em solenidade realizada no Theatro José de Alencar, a 25 de junho de 1955.
Antonio Martins Filho, o "reitor dos reitores", foi reitor pró-tempore da Universidade Estadual do Ceará, e um dos seus fundadores. Hoje, aos 86 anos, ele se considera "fisicamente válido e psicologicamente lúcido" e "obstinadamente otimista, como sempre".
Sua presença nos corredores da Reitoria da Universidade Federal do Ceará é o mais contundente pedaço da história viva da instituição. Martins Filho continua em atividade editorial como coordenador da Coleção Alagadiço Novo e participa de projetos culturais como conselheiro de todos os reitores da UFC.
Ele é uma legenda viva da instituição.
O POVO - Quem é Antônio Martins Filho e que valor atribui à sua obra como educador?
Antônio Martins Filho - Um homem simples, sem ambições materiais, fanático no cumprimento do dever, aparentemente explosivo, profundamente sentimental. Aficionado da literatura, notadamente da poesia - clássica, lírica ou folclórica. Sensível à boa música, desde Tchaikovsky a Raul Seixas. Gostaria de ser crítico de arte, para melhor analisar a obra dos grandes mestres: Rafael, Miguel Ângelo, Rembrandt, Vicente Van Gogh e, entre nós, Antônio Bandeira, Floriano e Chico da Silva. Aprecia as mulheres bonitas, mas não desmerece as que não o sejam. Gosta de dormir de rede, comer tapioca e tomar banho de chuva. Adora qualquer tipo de viagem, principalmente as de rota internacional. Adquiriu o hábito de gastar o seu dinheiro, convencido de que ele circulará e voltará ao bolso do dono. Cronologicamente já viveu mais de 86 anos, mas, em termos de intensidade, acredita já haver ultrapassado a barreira de um século. Ao longo de todo esse tempo, experimentou muitas decepções. Ostenta dois motivos de legítimo orgulho: a sua própria família, bastante solidária e afetiva, e a sua profissão de educador, pela obra que conseguiu realizar, notadamente em nível universitário. Várias outras coisas poderiam ser acrescentadas, mas, pelo que aí ficou dito, já se poderá ter uma idéia do homem, de corpo inteiro.
OP - O senhor sempre foi um homem de muitas atividades, mas sabe-se que a sua predileção foi sempre dirigida para a área de educação. Pode nos informar sobre as origens de sua vinculação ao ensino?
AMF - No início de 1925 eu pertencia à Diretoria da União Artística Beneficente do Crato. O presidente da entidade, Cesário Saraiva Leão, precisava substituir temporariamente o professor da "Escola 13 de Maio", que havia adoecido. Fui solicitado a assumir a regência da classe, que abrangia alunos de três categorias: analfabetos, semi-analfabetos e uns poucos já alfabetizados, todos adultos. Tive dificuldades naquele meu início de magistério, pela heterogeneidade de pessoas com as quais eu teria de trabalhar. Mas, com um pouco de esforço, consegui solucionar o problema. Eu me sentia até orgulhoso, quando era chamado de professor. Já no segundo semestre daquele ano, ao passar a regência da "Escola 13 de Maio" ao seu antigo dirigente, convidou-me o meu mestre José Bezerra de Brito para seu auxiliar de ensino, no Curso Noturno da Associação dos Empregados no Comércio do Crato. Eu era bom na conjugação de verbos e durante alguns meses permaneci naquela função, de onde me afastei ao apagar das luzes daquele ano, para mim excepcional, de 1925.
OP - O que representa esta excepcionalidade a que se refere?
AMF - Naquela época eu era auxiliar do comércio, com relativo destaque na sociedade do Crato, onde também me apresentava como intelectual: poeta e, principalmente, orador. Já havia demonstrado possuir capacidade para gerenciar qualquer filial da firma Lundgren & Cia. Ltda., proprietária das lojas "A Pernambucana" e "A Paulista", espalhadas nos Estados do Ceará, Piauí, Maranhão e Pará. Eu andava às turras com o gerente da loja do Crato, onde trabalhava, como caixa das vendas a retalho. O gerente era um homem capaz, porém bastante grosseiro e, às vezes, até agressivo. Pensava em despedir-me do meu emprego, quando a Casa Matriz da firma, em Fortaleza, convidou-me para gerenciar sua filial de Caxias, no Estado do Maranhão. Lá continuei a preocupar-me com as minhas atividades intelectuais, entre elas as alusivas ao ensino. E assim instalei um curso de estudos práticos, para auxiliares do comércio.
OP - Quando o cearense Martins Filho conseguiu retornar ao Ceará?
AMF - Somente em abril de 1937. Saí daqui para o Maranhão levando apenas reduzida bagagem e de lá regressei, doze anos depois, trazendo mulher e cinco filhos, dois homens e três mulheres. Trouxe também um diploma de Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, ainda por registrar. Eu estava muito magro, nervoso, irritado, porque o meu estado de saúde se agravava de dia para dia, deixando-me numa pobreza orgânica lastimável. Foi um verdadeiro sufoco, porém não esmoreci e conseguir vencer. A uma certa altura, surgiu-me uma oportunidade excepcional, isto é, adquiri, por compra, a Editora Fortaleza, de propriedade de Joaquim Silveira Marinho. Daí em diante a minha vida tomou um novo ritmo, notadamente depois que consegui relacionar-me com o Doutor Raimundo Girão, com quem executei importante projeto, não só em nosso benefício, mas do próprio Estado do ceará.
OP - Em que consistia esse projeto?
AMF - O Dr. Raimundo Girão estava editando um dos seus livros sobre finanças. Em um dos nossos encontros na Editora, expus-lhe o plano de uma publicação que seria muito útil para o nosso Estado, porque iríamos divulgar somente os seus aspectos positivos, fugindo do ramerrão da seca, da fome, da miséria, enfim. Seria uma publicação de caráter histórico e, principalmente, informativo da realidade cearense, nos seus aspectos positivos, que são muitos. O Dr. Girão ouviu-me atentamente e nada me respondeu de imediato. Dois dias depois retornou ao assunto, já trazendo por escrito um esquema completo de como a nossa publicação deveria ser elaborada. Assim, dentro de pouco tempo, lançamos à publicidade a primeira edição do livro "O Ceará", tão bem recebido pelo público em geral, que nos possibilitou, posteriormente, fazer duas reedições de 3.000 exemplares, cada uma delas. A seguir, ainda com o Raimundo Girão, editei o "Almanaque do Ceará", dando-lhe nova feição e um conteúdo muito rico em informações bastante úteis, não somente para o comércio, como também para a sociedade em geral.
OP - A Editora Fortaleza trouxe-lhe mais vantagens como industrial ou como intelectual?
AMF - Como industrial, não. Durante os vários anos em que fui proprietário da Empresa Editora Fortaleza Limitada, jamais consegui fechar o balanço das atividades anuais com razoável margem de lucro, capaz de compensar o capital investido no empreendimento. Algumas vezes tive de fazer pequenos suprimentos, pagando mais caro as minhas próprias publicações, para não fechar o caixa no vermelho. Entretanto, como intelectual, foi a Editora Fortaleza o principal veículo do meu rápido relacionamento e os espaços que fui gradativamente conquistando no Ceará e em alguns pontos do Brasil. A minha revista "Valor" teve ampla circulação no País e divulgou trabalhos de intelectuais e cientistas afamados nacionalmente. Mantive correspondência com escritores eminentes, tais como os cearenses Clóvis Beviláqua, Gustavo Barroso, Antônio Sales, Joaquim Pimenta e, ainda, escritores como Mário de Andrade e Menotti del Pichia, ambos integrantes da Semana de Arte Moderna, de São Paulo. Numa época em que, no Ceará, editar um livro representava ato de heroísmo ou de abastança, através de minha Editora tornei possível a divulgação de obras de muita valia, como, por exemplo, "Estudos de Etnografia Indígena", do professor Joaquim Gondim, e "Retratos e Lembranças", de Antônio Sales.
OP - Como surgiu o desafio da criação de uma Universidade no Ceará?
AMF - Em 1944, mais de 20 anos após ter surgido, no Rio de Janeiro, a primeira Universidade brasileira, é que se fez sentir a aspiração dos homens de pensamento do Ceará por uma instituição universitária que congregasse as Escolas Superiores já em funcionamento no Estado. Nesse mesmo ano, o médico cearense, Dr. Antônio Xavier de Oliveira, encaminhou ao Ministério da Educação e Saúde um relatório sobre a refederalização da Faculdade de Direito. A partir de então, em nenhum momento a criação da Universidade deixou de ser objeto das cogitações de importantes setores da opinião pública do Estado.
OP - Como ocorreu a sua vinculação a esse Movimento Pró-Universidade?
AMF - Algum tempo depois, visitou o Ceará o então Ministro da Educação, professor Clemente Mariani. Recepcionado na Faculdade de Direito, fez ali S. Exa. importante pronunciamento, a propósito de uma solicitação do alunado que, através de um documento com quase dez mil assinaturas, pleiteava uma Universidade para o Ceará. Nesse ensejo, advertiu que, se quiséssemos uma Universidade, teríamos de lutar por ela, por todos os meios e modos possíveis, certos de que, no Ministério, poderíamos contar com sua integral cooperação. As palavras judiciosas e a sutil advertência do ministro Mariani causaram-me profunda impressão. A luta, a que ele aludira, sempre foi o meu forte, porquanto tudo o que consegui na vida não surgiu por acaso, mas como resultado de um labor intenso. Nesse estado de espírito, quando o Governador do Estado, desembargador Faustino de Albuquerque, declarou público que, durante o seu Governo, iria tratar da criação da Universidade do Ceará, solicitei-lhe uma audiência, com o objetivo de discutir o assunto e precipitar os acontecimentos. O governador Faustino acolheu prontamente as minhas sugestões e encarregou-me de minutar o expediente a ser encaminhado à Congregação da Faculdade de Direito, solicitando o seu apoio e, ao mesmo tempo, a designação de um dos seus membros para, junto às autoridades competentes do Ministério da Educação e Saúde, estudar as medidas preliminares a serem adotadas para a criação e a instalação de uma Universidade Estadual. Indicado para executar aquela missão, de logo aderi à luta em favor da criação da Universidade. Atingido esse objetivo, assumi o comando a Instituição e fui sendo por ela gradativamente absorvido, sempre procurando servi-la com dedicação e fidelidade.
OP - Depois da instalação da Universidade, quais as primeiras reações experimentadas pelo Magnífico Reitor?
AMF - Instalada a Universidade e já com uma visão mais objetiva da complexidade e magnitude da missão a ser por mim cumprida como Reitor, experimentei muitas dúvidas: estaria eu suficientemente capacitado para assumir tamanha responsabilidade? Minha pequena experiência seria o suficiente para dirigir e implantar uma Universidade, que apenas existia no papel? Qual a minha posição e comportamento, em relação aos meus colegas da Faculdade de Direito, isto é, os homens mais importantes do Ceará, como parlamentares, chefes de Estado e meus antigos superiores hierárquicos, na própria Faculdade? Como iria relacionar-me com os professores e com os estudantes, tendo em vista a necessidade da formação de um espírito universitário? De que meios iria utilizar-me, para conseguir do Governo Federal recursos suficientes para a organização e a implantação da Universidade? Depois de algumas noites de insônia, concluí obviamente que a minha sorte estava lançada. Revigorei as minhas energias e, com firme determinação, dei início a um trabalho.
OP - Em pouco tempo, a Universidade do Ceará passou a figurar entre as cinco maiores universidades federais brasileiras. Como isso ocorreu?
AMF - Cronologicamente a nossa universidade é a sétima entre as instituições federais deste gênero. Decorridos apenas 12 meses, tivemos ensejo de inaugurar a sede definitiva da Reitoria, no então palacete da Gentilândia. A presença do titular da pasta da Educação, ministro Clóvis Salgado, à solenidade de instalação da sede própria foi para nós significativa, pela oportunidade que teve S. Exa. de avaliar in loco o trabalho profícuo que vinha sendo executado. O Ministro e seus auxiliares imediatos se tornaram sensíveis, então, às nossas postulações que foram muitas, a fim de consolidado programa de implantação cuidadosamente elaborado. Não podíamos errar e de fato não erramos na execução dos planos previamente traçados não apenas referentes à expansão física, mas também, e, principalmente, quanto aos métodos e processos, até certo ponto revolucionários, que tivemos o ensejo de adotar. Na realidade, concluído o meu primeiro período de administração, a nossa Universidade já era apontada como das mais atuantes do País, a despeito dos obstáculos quase intransponíveis que tivemos de enfrentar.
OP - No desempenho das funções de Reitor, qual o seu relacionamento com os estudantes?
AFM - Em geral foi bom, pois criamos vários órgãos de apoio e assistência aos universitários como, por exemplo, o Clube dos Estudantes Universitários (CEU), Restaurante Universitário, várias residências estudantis (para rapazes e moças), tudo isso sob a coordenação da Divisão de Assistência aos Estudantes, diretamente subordinada ao Gabinete do Reitor. A parte desportiva foi também largamente disseminada, inclusive com a construção de um Ginásio de Desportos. Houve, no entanto, dificuldades e desentendimentos, que por vezes, me amarguraram.
OP - Pode mencionar os momentos mais difíceis?
AMF - Citarei apenas um episódio, que me pareceu extremamente desagradável. Refiro-me à "greve do terço", desencadeada em 1962, como resultado da vigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Referida Lei trouxe várias inovações, entre elas a prerrogativa da representação dos estudantes nos órgãos colegiados da Universidade. A matéria teria de ser regulamentada em 180 dias, e eu acreditava que entre nós tudo iria se processar da melhor maneira possível, tendo em vista o meu bom relacionamento com os universitários, por mim sempre tratados com o máximo de assistência e cordialidade. Todavia, isto não ocorreu, pois que os nossos discrentes, orientados pela União Nacional dos Estudantes (UNE), aceitaram a idéia da radicalização do movimento pró-representação estudantil nas universidades. Por outro lado, passamos a viver uma fase de muita efervescência política, fortemente agravada com a renúncia do presidente Jânio Quadros e conseqüente adoção do Governo parlamentarista.
OP - Em que consistiu e como foi deflagrada a "greve do terço"?
AMF - Pleiteavam os universitários uma participação mais direta na administração da Universidade, exigindo que cada órgão colegiado, inclusive o Conselho Universitário, passasse a ser integrado por um terço de estudantes. Considerado que se tratava de matéria estatutária, esforços foram feitos no sentido de convencer os estudantes de que a questão deveria ser objeto de exame quando se processasse a reforma do Estatuto, nos prazos previstos na Lei de Diretrizes e Bases. As nossas ponderações, todavia, não prevaleceram, pois que os dirigentes estudantis, em cumprimento ao plano elaborado pela UNE, começaram a articular o movimento de sublevação da classe com a finalidade de impor ao Conselho Universitário a imediata aceitação de suas pretensões, com a ameaça de uma greve geral e ocupação de departamentos da Universidade pelos estudantes. Nossos esforços não obtiveram resultado, vez que, no dia 22 de maio daquele ano de 1962, transformando-se em realidade a ameaça dos estudantes, todas as portas das escolas e faculdades amanheceram lacradas, paralisando-se, conseqüentemente, o funcionamento da Universidade.
OP - Quando testemunhamos, hoje, os apertos pelos quais passa a Universidade, do ponto de vista de recursos orçamentários, que sugestões poderia oferecer ao atual Reitor, com base na sua experiência?
AMF - É preciso, antes de tudo, usar de criatividade. Em nossa época, houve momentos em que também enfrentamos situações difíceis, pois nem todos os tempos foram de "vacas gordas", tudo dependendo como é óbvio, da conjuntura econômico-financeira por que passava o Governo Federal. Como se sabe, foi sempre a União a fonte maior dos recursos da Universidade. Ocorre que dispúnhamos, no Instituto de Pesquisas Econômicas, de uma equipe muito boa e especializada na elaboração de projetos técnico-econômicos. De modo que, quando tinha eu notícia de haver recursos disponíveis em algum organismo internacional, trazia a idéia para a minha equipe, que a transformava em projeto. Em resumo, o Poder Público Federal é a entidade mantenedora da Universidade, mas, subsidiariamente, torna-se imprescindível recorrer a outras fontes. Foi o que se verificou, por exemplo, no caso da construção do Campus do Pici, para o qual a maior soma de recursos adveio do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
OP - Por seus contatos repetidos com Juscelino, Jânio, Jango e Castello Branco, qual das personalidades presidenciais mais o impressionou?
AMF - Indiscutivelmente foi o presidente Juscelino, por ter sido o primeiro Mandatário da Nação com quem tive ensejo de dialogar de maneira amistosa. Com ele aprendi, inclusive, a necessidade de fazer sucessivas viagens no Brasil e Exterior, para conseguir meios e assimilar modos de bem administrar a Universidade sob o meu comando. O presidente Jânio Quadros era uma personalidade imprevisível. Certa vez, me surpreendeu, expressando o seu pensamento sobre o princípio da autonomia universitária, em perfeita sintonia com idéias que eu havia defendido numa conferência de reitores. O presidente Jango, no meu entendimento, era um homem bom, muito simples, influenciável, mas sem convicções próprias sobre o problema educacional. O presidente Castello Branco foi, sem dúvida, o que mais colaborou com a Universidade do Ceará, a despeito dos seus escrúpulos de não estabelecer privilégios para o seu Estado.
OP - Concluído o seu último mandato na UFC, como deu seqüência às suas atividades no campo educacional?
AMF - Em fevereiro de 1966 passei a integrar o Conselho Federal de Educação, em caráter interino, enquanto permanecesse o impedimento legal do titular do mandato, dom Hélder Câmara. Desse modo, ao deixar a Reitoria da Universidade, por força de dispositivo da Lei de Diretrizes e Bases, já me encontrava muito bem situado no plano da educação nacional, uma vez que, além de membro do CFE, cheguei a exercer, por alguns meses, o cargo de Diretor do Departamento Nacional de Educação.
OP - Em Universidade, que outras contribuições prestou ao Ceará?
AMF - Em primeiro lugar, destaco a organização e instalação da Universidade Estadual do Ceará (Uece), da qual fui Reitor pro-tempore. Aliás, surpreendeu-me a minha nomeação para Presidente da Funeduce (Fundação Educacional do Estado do Ceará), entidade mantenedora da Universidade Estadual em apenas três meses. Mas tive de permanecer nesse cargo nada menos do que três anos, em virtude da situação caótica em que se encontrava a TVE - Canal 5, também pertencente à Funeduce. Quanto à Urca (Universidade Regional do Cariri), o plano de organização, elaborado sob a minha supervisão foi considerado pelos técnicos do MEC como dos mais perfeitos do Brasil, que iria influenciar um pólo geo-educacional de 72 municípios no Cariri Cearense. Nomeado Reitor pro-tempore da Urca permaneci à sua frente até a instalação e início de funcionamento da mesma, não podendo atender ao convite do governador Tasso Jereissati para continuar a dirigi-la, pois considerei concretizada mais essa missão.
OP - Depois de tantas batalhas, como se sente hoje o criador de universidades, também considerado o Reitor dos Reitores?
AMF - Fisicamente válido e psicologicamente lúcido. Obstinadamente otimista, como sempre. Crente de que os homens do Governo ainda compreenderão que o Brasil é um País viável e que a Universidade brasileira precisa reconquistar a sua credibilidade. Temente e agradecido a Deus, por me permitir se útil à minha família e bem servir aos meus semelhantes.
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