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Entrevista 16/05/2016 - 14h20

Lu Cafaggi fala da mulher nos quadrinhos

Uma das ilustradoras mais importante do cenário nacional de quadrinhos, Lu Cafaggi esteve em Fortaleza para receber o Pręmio Al Rio de Quadrinhos

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Janaina Flor janainaflor@opovo.com.br

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Os palcos da GeekExpo trouxeram a Fortaleza muitas atrações e personalidades do cenário da cultura pop. Quadrinhos, games, séries, cosplays e animes tiveram espaço no evento. Nomes como Guilherme Damiani, youtuber no canal Damianizando, Carlos Ruas, criador do blog Um sábado qualquer, e Márcio Seixas, dublador de vozes conhecidas, como o personagem Batman, tiveram conversararam com o público e conheceram os fãs cearenses.

A desenhista ganhadora do Troféu HQ Mix na categoria Novo talento, Lu Cafaggi é um dos principais nomes do quadrinho nacional. No último fim de semana (14 e 15), a quadrinista esteve no evento para receber o Prêmio Al Rio de Quadrinhos, oferecido pela GeekExpo, na categoria Destaque Nacional. Além disso, Lu também participou de um bate-papo no evento ao lado do cearense, e também ilustrador, Talles Rodrigues.

Autora de HQs como Mixtape e Mô, um dos seus trabalhos é uma viagem ao passado de quem, na infância, lia os quadrinhos da Turma da Mônica, do Maurício de Souza. Laços e Lições são duas graphic novels, do projeto Graphic Maurício de Souza Produções (MSP), feita por Lu Cafaggi e seu irmão, Vitor Cafaggi. Com um traço diferenciado e histórias emocionantes, a releitura que os irmãos têm sobre a turma de quatro amigos se reflete no cuidado do desenho e no desenrolar das histórias. Confira a entrevista com a ilustradora.

Hoje há um número grande de mulheres nos quadrinhos? Esse é um ambiente machista?
É um número grande, sim. E, sim, os ambientes são machistas. O conteúdo de muitas histórias que são produzidas é machista, os ambientes de convenções costumam ser machistas, os grupos de discussão em redes sociais são machistas e existem editores machistas. Estou falando em escala mundial. O quadrinho, como uma produção cultural, é reflexo do mundo que o desenvolve, então é um meio machista, sim. Ainda há muitas revisões históricas a serem feitas, muitas autoras que foram esquecidas e temos que estar atentos para impedir que isso continue acontecendo. O meio é hostil para as autoras, pela forma como seu trabalho é percebido por alguns leitores e alguns críticos especializados e pela forma como elas mesmas são recebidas por essas pessoas.

Como você enxerga a representação das mulheres nos quadrinhos de heróis? Acha que estamos caminhando para uma mudança?
Não acompanho os quadrinhos dos super-heróis americanos. Mas percebo que as mulheres estão buscando desconstruir essa desigualdade de representatividade em diversas frentes. Nas histórias que produzimos, nas discussões que promovemos (nas redes sociais, nos eventos e no dia a dia) e, à medida que o mundo começa a assimilar melhor a diversidade, ficamos mais atentas a tudo que acontece na mídia e ao nosso redor. E, percebendo isso, acredito que as editoras estejam estudando como atender a essa demanda.

As graphic novels Laços e Liçőes foram desenvolvidas por Lu Cafaggi e seu irmăo, Victor Cafaggi.

Você participou das graphic novel da Turma da Mônica Laços e também da Lições. Como foi trabalhar nesse projeto?
Foi tudo. Foi uma honra, foi divertido, foi assustador, foi surpreendente, foi acolhedor, foi um monte de novas janelas se abrindo, foi um aprendizado, foi sofrido...

Você conhece alguma HQ cearense? Qual?
Sou maluca por Mayara e Anabelle, do Talles Rodrigues e do Pablo Casado. É um dos meus quadrinhos preferidos de todos os tempos.

Qual é sua HQ preferida?
"Koko Be Good", da Jen Wang, publicada aqui no Brasil pela Barba Negra.

> TAGS: geek nerd feminismo sexismo quadrinhos mulher entrevista quadrinhos

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