O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que o PSDB é o “principal derrotado” com o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “O senador Aécio, em junho [do ano passado] tinha 35% das intenções de voto e agora tem 17%”, disse. Segundo o parlamentar, o partido será “sócio minoritário de um governo falido que vai ser o governo [do vice-presidente] Michel Temer”.
Lindbergh classificou o impeachment da presidenta Dilma Rousseff como um “golpe parlamentar”. “Para a história de nosso país, isso aqui vai passar como um golpe parlamentar contra a democracia brasileira", disse o senador. "A maioria da população vai reconhecer isso aqui como um golpe".
O senador disse também que o PT não reconhecerá a legitimidade de um eventual governo Temer, caso a presidenta Dilma Rousseff venha a ser afastada. “Nós vamos fazer uma dura oposição, não vamos aceitar retirada de direitos de trabalhadores e das conquistas sociais garantidas durante nosso governo”, disse.
Segundo o senador, Temer não conseguirá se firmar durante o perído de afastamento de Dilma. Ele disse que a presidenta conseguirá retomar o cargo no julgamento final do impeachment. "Daqui a três, quatro meses, no julgamento definitivo, nós colocaremos Temer, esse impostor, para fora do Palácio do Planalto".
Vargas e João GoulartJá passava de uma da madrugada do dia 12 quando o senador petista ocupou a tribuna para fazer o seu discurso no qual citou os ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulat, vítimas de complôs que resultaram no suicídio do primeiro e na deposição do segundo.
“As elites desse país nunca tiveram compromisso verdadeiro com a democracia. Basta olhar para nossa história: para Getúlio, para Juscelino e João Goulart. A frase de Carlos Lacerda está na história: Getúlio não pode ser candidato, se for não pode ser eleito, se for eleito não pode tomar posse, se tomar posse não pode governar. E a gente sabe o que fizeram com Getúlio, principalmente depois que ele criou a Petrobras, em 1953 e o monopólio estatal do petróleo”, disse.
Capitães do golpeDurante sua fala, o senador chamou o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o vice-presidente, Michel Temer e Aécio Neves de “capitães do golpe”. Ele também criticou durantemente e oposição que, segundo ele, “não teve lealdade com a Constituição” de 1988 e centrou suas críticas no PSDB que, segundo ele, não reconheceu o resultado das eleições presidenciais de 2014.
“48h depois da vitória da presidenta Dilma, o PSDB recorreu ao TSE pedindo a recontagem dos votos. Seis dias depois fizeram um ato em São Paulo com pessoas pedindo o impeachment da presidenta Dilma. Depois pediram que o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] diplomasse o candidato Aécio Neves como presidente da República”, disse.
Lindbergh lembrou o golpe civil-militar de 1964 que resultou na deposição do presidente João Goulart. “Na ocasião, a mídia tentou legimimar o golpe como algo democrático”, disse o senador lendo manchetes de jornais da época.
O senador alfinetou o senador Aécio Neves, ao citar o seu avô, Tancredo Neves, que teve papel ativo na luta pela redemocratização do país. Lindbergh disse que o político mineiro nunca se posicionou favorável a “um golpe”. Ao final, o senador dirigiu a palavra a Dilma e disse que Dilma deveria sair do Planalto com a “cabeça erguida”. “Presidenta saia amanhã daquele palácio de cabeça erguida porque a história lhe absolverá com toda a certeza, como a história deu razão a Getúlio Vargas, a Juscelino Kubtschek e a João Goulart”.
Agência Brasil