[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] O mundo de Angela | O POVO
Literatura 22/02/2013

O mundo de Angela

Um breve mergulho na obra de Angela Gutiérrez, escritora cearense cuja história de vida se confunde com sua obra literária e com a história de Fortaleza
FOTO: IGOR DE MELO
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Angela Gutiérrez costuma dizer que não se considera uma grande escritora. O motivo? Segundo ela, os grandes escritores contam que sofrem para escrever. Para a fortalezense, entretanto, a literatura é somente um prazer enorme. “Quando estou escrevendo, me sinto iluminada”. Aclarada, simples e genial, Angela se tornou um ícone da literatura cearense e, desde 1997, é membro da Academia Cearense de Letras, atuando como diretora cultural da entidade.


Com um sorriso aberto, a autora de O Mundo de Flora conta que seu primeiro contato com os livros foi ainda nos primeiros anos de vida, na biblioteca do seu bisavô, Tomás Pompeu. “Eu praticamente nasci numa biblioteca na casa do meu bisavô e a história da casa dele ainda alimenta minha ficção”. Ela, que aprendeu a ler aos seis anos, desde cedo se encontrou na literatura e descobriu, na família, a inspiração e o apoio necessário para se dedicar aos livros.


Angela optou, então, pelo curso de Letras na Universidade Federal do Ceará (UFC). Aos 19 anos, já ministrava aulas na Casa de Cultura Italiana, como bolsista. Em seguida, se tornou professora da UFC, cursou Mestrado em Educação e mudou-se para Minas Gerais para o Doutorado. De volta a Fortaleza, Angela coordenou e implantou o mestrado de Letras na UFC e foi diretora-fundadora do Instituto de Cultura e Arte (ICA). Sempre instigada a viver Fortaleza por completo, a escritora enfrentou ainda o desafio de estar à frente da Casa José de Alencar, trabalhando como diretora do espaço.


Apesar do amor infantil pela literatura, a escritora, que nasceu em 1945, demorou para publicar seu primeiro livro. O Mundo de Flora só foi revelado ao público em 1990. “Por ter escolhido Letras e ser professora, desenvolvi um teor crítico que me fez demorar a começar na literatura”. Por não gostar do que escrevia, quando finalizou a história de Flora, levou o texto para os amigos Moreira Campos, Artur Eduardo Benevides, Sânzio de Azevedo, Horácio Dídimo e Linhares Filho. Só depois da aprovação dos cinco, a escritora estreante levou o projeto à diante.


O Mundo de Flora foi uma das leituras indicadas para o vestibular da UFC, em 2007. Segundo Angela, a indicação permitiu que ela entrasse em contato com muitos alunos e professores empenhados em estudar sua obra. “A indicação proporcionou uma relação tão próxima com os leitores, que considero uma das grandes alegrias que eu já tive na vida.” A escritora conta, cheia de boas recordações, que esteve em mais de 40 escolas conversando sobre sua obra.


Outra obra muito importante para a carreira e vida de Angela é Luzes de Paris e o Fogo de Canudos (2006). A autora pensou em escrever a obra quando esteve em Minas Gerais e conta que foi preciso um distanciamento do Nordeste para pensar sobre o tema. “Às vezes, é preciso olhar de fora o seu lugar e retornar para ele.” Desde então, Angela continua estudando sobre Euclides da Cunha, Antônio Conselheiro e todo o universo de Canudos. Recentemente, Angela lançou Os Sinos de Encarnação (2012) e atualmente já prepara duas novas obras.


Paixões

Utilizando-se constantemente da construção frasal “sou apaixonada por”, Angela se assume uma mulher de paixões: seja por sua cidade natal, Fortaleza, seja por seu marido, Oswaldo. Além da literatura, ela se diz enamorada por cinema e se assume amante das artes plásticas. ”Desde cedo tive contato com o pintor Estrigas, depois com Descartes Gadelha, e sempre fui apaixonada por artes plásticas”.

 

Dentre tantas referências para a sua carreira, ela destaca Machado de Assis, Varga Llosa, Guimarães Rosa e, em especial, José de Alencar. “Alguns escritores me fascinam realmente, como, José de Alencar. E, apesar de sempre desmerecerem Alencar quando comparado a Machado, sempre faço o contrário”. Ela conta que ama também a literatura francesa e adora ler poesias e peças de teatro.


Família

Entre tantas paixões e referências é na família que Angela encontra um guia para sua obra. De família tradicional e descendente do político cearense Senador Pompeu, a escritora é filha do bacharel em Direito Luciano Cavalcante, seu maior guia de leitura e de vida. Apesar de falecido, o pai da autora ainda é sua principal motivação para trabalhar. “De certa forma, eu escrevo por ele”, conta a escritora, que mantém o sorriso, mas molha os olhos sempre ao falar do pai. Luciano Cavalcante, apesar de amar literatura, não publicou nenhum livro.

 

Com o pai, a escritora aprendeu sobre a importância da leitura e, é lendo pelo menos três horas por dia, que Ângela desvenda o mistério da escrita. “Moreira Campos dizia que meu pai lia com sensibilidade e potencialidade de compreensão”. Características essas, herdadas por Ângela, que lê, vive e sonha com simplicidade e carrega a missão de viver escrevendo e se apaixonando.

 


“A flor menina

Do casarão

Nunca termina

Sua canção

Traz o segredo

Dessa lição

Que vence o medo

Do coração

Canção no centro

Do tempo de outrora

De sempre agora

Lição bem dentro

Da vida afora:

Mundo de Flora”

Poema escrito por Horácio Dídimo para Angela Gutiérrez, após ler O Mundo de Flora pela primeira vez.

 

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