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Historicamente, os movimentos sociais e políticos divulgam suas ações em meios de comunicação através de panfletos, jornais autorais, performances e protestos de rua. Com os avanços tecnológicos, o conteúdo dos meios alternativos passou a ser trabalhado em conjunto com a linguagem midiática. Alguns destes grupos ganham projeção regional, nacional e até mesmo global ao terem suas reivindicações compartilhadas em páginas, redes sociais e comunidades da Internet.
Apesar de haver uma forte atuação dos movimentos sociais na área da comunicação, a ausência de estudos que abordam esse tema é problematizada por John Downing no livro Mídia Radical – Rebeldia nas Comunicações e Movimentos Sociais: “É impossível imaginar como se explica que tantos especialistas em movimentos sociais considerem possível analisar a dinâmica desses movimentos sem uma reflexão sistemática sobre sua mídia e comunicação”.
Publicações recentes têm dado mais atenção a esta tendência. No Brasil, os estudos sobre ações de comunicação contra-hegemônicas referem-se, em especial, ao período da ditadura militar quando surgiram diversos jornais ligados às correntes de esquerda. A partir da década de 1990, novos trabalhos começaram a tratar de ações neste sentido, tendo como foco as rádios comunitárias e as estratégias empregadas pelos chamados “novos movimentos sociais”. A divulgação através dos meios de comunicação, já empregada há tempos pelos políticos do campo institucional, passa a ser levada mais a sério pelos movimentos organizados.
Os meios trabalhados por estes grupos têm o papel de denúncia, revelação e formação política, fornecendo para a sociedade informações alternativas em relação ao que é veiculado nos meios comerciais. As manifestações mais familiarizadas com esse universo conseguem repercutir suas causas e mostram a importância de compreendermos o novo lugar ou os novos lugares da política na sociabilidade contemporânea.
A propaganda, no seu sentido amplo, e a criação de ações que possam ter visibilidade na imprensa são constantemente realizadas por esses atores sociais. Porém, a visão hipertrofiada em relação ao poder e à influência da mídia pode incorrer num erro por parte dos movimentos de contestação ao sistema. A compreensão do ativismo midiático como estratégia de ação, caso vista de forma uníssona, pode levar esses grupos a se distanciarem das suas causas e das suas bases de atuação.
É interessante que os movimentos compreendam a relevância dos meios de comunicação na contemporaneidade, mas não limitem seu campo de atuação a esse universo, afinal essas ações precisam ocupar também as ruas, o parlamento, enfim outros espaços de sociabilidade, sob o risco de não ter legitimidade e efetividade.
Dentre as novas estratégias, torna-se cada vez mais comum, especialmente, a criação e adaptação de movimentos através das redes sociais: os abaixo-assinados ganham a versão on-line; twittaços, que consistem na divulgação intensa de determinada mensagem (#hashtag) no Twitter; os eventos de protesto passam a ter convites e, muitas vezes, participações virtuais. Junte-se a isso o compartilhamento de imagens, vídeos e textos em grande velocidade.
Essa tendência trouxe com ela novos entendimentos sobre as identidades dos militantes. Hoje, da sua poltrona, acessando a Internet, você pode participar de movimentos do seu bairro, da sua cidade, do seu país e também de grupos internacionais. É possível perceber diferentes tipos de engajamento, desde a organização das mobilizações ao compartilhamento de mensagens ou mesmo um engajamento mais superficial que leva o usuário a simplesmente “curtir” determinada causa por simpatia, modismo ou inclusão em certos grupos.
Ao mesmo tempo, a Internet proporciona espaços ricos e complexos com a criação de redes de solidariedade e articulação entre movimentos de diferentes origens e propostas, além de permitir aos usuários conhecer mobilizações através da rede, pesquisar sobre os temas discutidos e participar de fóruns de debate.
Os movimentos sociais contemporâneos em busca da sensibilização e do engajamento de novas pessoas enfrentam, pois, o desafio de elaborar alternativas de visibilidade para suas questões, superando os formatos já consolidados e as táticas de marketing empregadas pelos partidos competitivos, as quais resultaram, muitas vezes, num distanciamento entre a estrutura partidária e a militância das ruas.
GLÍCIA PONTES é doutoranda em Sociologia e professora do Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará.
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