A arma que se recomenda é o voto
Guálter George, editor- executivo de Conjuntura
O comportamento de Raquel Dias, do PSTU, é uma das coisas difíceis de explicar, e de entender, no processo eleitoral brasileiro. É candidata, mas renega tudo que cerca o sistema político e, inclusive, anuncia que quer chegar ao Senado para, uma vez lá dentro, começar a luta para fechá-lo. Enfim, oferece ao eleitor todas as condições para fugir do seu nome quando busca uma opção que se apresente apta a bem representar o Ceará dentro de uma Casa cujo sentido principal é o de garantir o equilíbrio federativo brasileiro. A candidata, portanto, aponta como um dos objetivos prioritários de sua agenda, caso eleita, iniciar uma luta pela extinção do Senado, dizendo-se defensora de um sistema unicameral. Tá, então por que não simplifica tudo habilitando-se logo uma vaga na Câmara, das 22 em oferta, para de lá criar uma trincheira de defesa do fechamento do espaço vizinho dentro do Congresso? Pouparia a todos, inclusive à própria, que caiu à metade das intenções de voto, entre a primeira e a segunda pesquisa O POVO/Datafolha, exatamente, dá pra imaginar, como resultado do tom negativista de sua campanha. Some-se a isso a coisa meio folclórica de anunciar a luta armada como estratégia, mesmo que a eficiente cobrança dos jornalistas da bancada por mais detalhes tenha exposto a absoluta falta de fundamento na declaração. A síntese da participação da representante do PSTU meio que explica sua performance eleitoral, mas confunde quando se tenta entender suas posições políticas. Brigar dentro do sistema significa legitimá-lo, sem abrir mão, ao mesmo tempo, de lutar para consertar ou reduzir seus erros. Como fazem os bem intencionados, de vários partidos, que atuam para manter viva, com suas imperfeições, a democracia no Brasil.
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