Vetos a projetos provocam novo abalo na base de Roberto Cláudio

Em menos de um mês, o prefeito Roberto Cláudio já barrou 22 projetos elaborados pelos parlamentares da Capital. Eles se dizem constrangidos com vetos e reclamam da "ausência de diálogo". Líder do Governo reconhece insatisfações

GENILSON DE LIMA/CMFOR

Vereadores da base de RC não encondem insatisfação com gestor

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Conjunto de 22 vetos enviados por Roberto Cláudio (PSB) à Câmara Municipal tem provocado novo estranhamento na já instável base aliada do governo. Vereadores que tiveram projetos barrados por RC se disseram constrangidos com vetos e criticaram “ausência de diálogo” por parte do gestor. O líder do governo na Casa, Evaldo Lima (PCdoB), admite a existência de insatisfação, mas rejeita qualquer imposição do prefeito nas interdições.

De 15 de abril até hoje, 22 vetos do prefeito tiveram entrada no Legislativo. Entre eles, o veto à construção da via paisagística que cortaria o Parque do Cocó - ainda aguardando relatoria. O POVO apurou que, nas últimas reuniões da Comissão de Legislação e Justiça da Casa, vereadores se demonstraram insatisfeitos com as intervenções, acusando RC de “faltar com respeito” com a Câmara.

“Ficou certo constrangimento. Alguns estavam reclamando que o prefeito poderia ter ao menos avisado que encaminharia vetos”, diz Márcio Cruz (PR), membro da Comissão de Constituição e Justiça. Outro participante da comissão, Carlos Dutra (PSDB) também atesta clima de descontentamento entre os vereadores.

Insatisfação

Na manhã de ontem, alguns dos que tiveram projetos barrados não escondiam a insatisfação diante das ações. O vereador Alípio Rodrigues (PTN) se disse surpreso com veto do prefeito a um projeto seu que instituía um programa de merenda vegetariana nas escolas públicas municipais.

“Era uma coisa pequena, específica, voltada para educação”, disse. Na justificativa do veto, o prefeito argumenta, entre outros pontos, que “grande parte da população local não possui hábitos alimentares com cardápios vegetarianos”, o que restringiria o alcance da ação.

Já Adail Júnior (PV) rejeitou a tese de insatisfação. “Eu compreendi inteiramente a razão dos vetos e não possuo questionamentos”, diz. Apesar disso, ele - que teve cinco projetos barrados pelo prefeito - é apontado por vereadores como um dos mais críticos aos vetos nos bastidores.

O líder Evaldo Lima minimiza a existência de tensão na base. Segundo ele, a maioria dos vetos – 11 dos 22 – se refere a projetos que alteram a lei de uso e ocupação do solo da Capital. Conforme explica, o governo busca hoje unificar e organizar modificações nessa lei, e por isso teria vetado os projetos.

“Alguns não entenderam essa mudança ainda, se mostraram insatisfeitos e vieram reclamar. Mas nós já estamos esclarecendo eles da situação”, diz. Ele destaca ainda que o prefeito vem se reunindo individualmente com cada vereador da base, para coletar demandas.

Como

ENTENDA A NOTÍCIA

A base aliada de RC na Câmara vem demonstrando sinais de instabilidade. Nos últimos meses, ao menos duas votações foram adiadas ou alteradas por conta de “levantes” vindos dos próprios aliados do prefeito.

SERVIÇO

Discussão volta hoje ao plenário da Câmara
Quando: a partir das 9 horas
Onde: Câmara Municipal de Fortaleza. Rua Thompson Bucão, 830 - Patriolino Ribeiro

Site: www.cmfor.ce.gov.br

Conflitos na base

14 de dezembro de 2012

Antes mesmo do início do governo RC, vereadores da base aliada se rebelaram contra a chapa de Walter Cavalcante à Presidência da Câmara. Na ocasião, vereadores condicionaram apoio ao peemedebista por espaço na Mesa Diretora.

4 de abril de 2013

Temendo derrota na votação do projeto da seleção pública para a nomeação de diretores escolares, o líder do governo retirou a matéria de pauta. Vereadores da própria base rejeitavam o teor do projeto apresentado pelo prefeito.

24 de abril de 2013

Na votação que aprovou a via paisagística que corta o Cocó, muitos vereadores da base afirmaram que só votaram pelo projeto pois achavam que ele seguia determinação do governo. Após o prefeito negar essa intenção, alguns vereadores se mostraram constrangidos.

Carlos Mazza carlosmazza@opovo.com.br

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