Inácio Arruda

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MORONI TORGAN - O povo deu ao senhor um mandato de 8 anos para senador, com a sua promessa de trabalhar pelo Ceará. O que o leva a desistir do Senado, caso seja eleito?

INÁCIO ARRUDA: Nasci e cresci nesta cidade. Desde os tempos em que fui presidente da Federação de Bairros discuto o planejamento urbano com associações de moradores, arquitetos, engenheiros e acadêmicos. Para mim é uma grande honra me candidatar a governar esta cidade, com minha experiência política como vereador, deputado estadual, deputado federal e senador. Na Câmara dos Deputados, ajudei a produzir o texto que cria o Estatuto da Cidade. No Senado, não tenho medido esforços para articular e trazer recursos para Fortaleza. Estou à disposição dos eleitores para construir com boas propostas a mudança de que nossa cidade precisa. Melhorar a qualidade de vida da nossa gente foi e sempre será minha prioridade.

HEITOR FÉRRER - Quais medidas serão adotadas para fazer com que Fortaleza não tenha mais a segunda pior educação pública do Ceará?

INÁCIO ARRUDA: Para mudar a realidade da educação em Fortaleza, a alfabetização na idade certa será prioridade. Vamos construir 80 novas creches em parceria com os governos estadual e federal, e recuperar as já existentes, garantindo o acesso à educação infantil pública. O planejamento e a gestão estarão focados na aprendizagem de qualidade e na real valorização dos professores. Vamos recuperar a rede de Ensino Fundamental e garantir os programas Segundo Tempo e Mais Educação em todas as escolas municipais. Implantaremos a Escola de Formação Continuada de professores e demais profissionais da escola. Teremos um sistema de avaliação eficiente e ampliaremos a integração família/comunidade/escola.

MARCOS CALS - O trânsito de Fortaleza vive uma crise sem precedentes, pela falta de planejamento urbano. Estamos nos aproximando das Copas das Confederações e do Mundo, e o que se observa é que não teremos nenhum legado no que se refere à mobilidade urbana. Na sua avaliação, isso é resultado de quê?

INÁCIO ARRUDA: A ausência de planejamento é o principal problema da cidade, com impacto sério em todas as áreas da administração. Fortaleza precisa ter um órgão que coordene as ações de implantação do Plano Diretor, que dialogue com a população em busca de soluções viáveis. Os problemas relacionados ao trânsito são graves e estão muito além da Copa, dos preparativos para o evento e mesmo do legado que ele deixará para a cidade. É urgente planejar o alargamento de vias e calçadas, a construção de viadutos e túneis, a interligação das linhas de ônibus com o metrô e o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), com bilhete único. Fortaleza e suas áreas comerciais precisam de estacionamentos públicos,
viáveis por meio de parcerias público-privadas.

RENATO ROSENO - As obras da Copa e do Aldeia da Praia irão provocar a remoção de milhares de famílias. O candidato concorda com essas medidas?

INÁCIO ARRUDA: A administração pública deve sempre respeitar o direito da população à cidade. Minha vida foi sempre dedicada à luta popular pela moradia. Pude participar de várias negociações que resultaram na permanência dos moradores em locais melhor estruturados. Considero que essas comunidades podem ser atendidas sim, adequadamente, se houver projetos qualificados, a exemplo do Maranguapinho e da Maravilha, eliminando áreas de risco. A alternativa ao impasse das obras da Copa seria assegurar moradia no próprio bairro, através da verticalização, onde as famílias vivam com respeito e dignidade. As intervenções urbanas são necessárias ao desenvolvimento e devem garantir a cidadania
sem exclusão.

ROBERTO CLÁUDIO - Que papel a Prefeitura pode ter na geração de emprego e renda em Fortaleza?

INÁCIO ARRUDA: Cabe ao prefeito o papel de articular com energia as ações indutoras do desenvolvimento municipal, facilitando e fomentando novas oportunidades de empreendimentos e de geração de emprego e renda. Para isso, vamos implantar em Fortaleza um polo tecnológico (de áreas como informática, medicina de referência, eletrônica etc.), em parceria com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o BNB (Banco do Nordeste do Brasil), as universidades, o IFCE (Instituto Federal do Ceará), entre outras instituições de pesquisa e fomento. Vamos também apoiar, técnica e financeiramente, os microempresários, formais e informais, incentivando a inclusão produtiva e social com apoio financeiro de bancos do povo, a exemplo do Banco Palmas, formando e consolidando um círculo virtuoso de novos negócios.

ELMANO DE FREITAS - Fortaleza é a cidade com passagem de ônibus mais barata entre as capitais com sistema integrado. Independente dos investimentos necessários no transporte público, daqui pra frente, o senhor se compromete a manter o preço da passagem em R$ 2,00, assim como outros benefícios como a tarifa social, a meia ilimitada e a hora social? Caso sim, como o senhor pretende fazer isso?

INÁCIO ARRUDA: A questão do transporte em Fortaleza precisa ser encarada com urgência. A atual realidade prejudica a todos, inclusive setor produtivo e trabalhadores. Nosso povo precisa se deslocar com rapidez, conforto e segurança. Para assegurar transporte de qualidade, precisamos principalmente de mais planejamento e investimentos no transporte público. Vamos criar três novos terminais de ônibus e implantar um Plano de Transporte Integrado entre os atuais terminais, o metrô e o VLT. Vamos garantir o preço
da passagem, com todos os benefícios existentes, e ampliá-los. Garantir sobretudo a meia ilimitada, que tive a honra de incluir na Lei Orgânica Municipal através de emenda parlamentar
de minha autoria.

VALDECI CUNHA -Que providências a sua administração tomaria, dentro dos limites legais e constitucionais, para aumentar a arrecadação de tributos dos contribuintes de maior poder aquisitivo sem prejudicar as classes menos favorecidas e, por outro lado, combater a sonegação dos infratores ou até mesmo identificar e punir servidores corruptos?

INÁCIO ARRUDA: Considerando o aumento da arrecadação do município, em suas variadas receitas, nos últimos oito anos, a atuação da gestão fiscal deve manter os índices de crescimento atuais. Mais do que isso: deve ampliar a captação de recursos com novos financiamentos, através de agências nacionais e internacionais. Devemos buscar parcerias institucionais para criar novos projetos estruturantes. Os desafios da cidade requerem um planejamento de longo prazo e capacidade de execução, para não perder recursos nem oportunidades. Devemos ainda fortalecer os mecanismos de combate à sonegação e aos demais crimes fiscais, com estrutura, pessoal qualificado, transparência e controle social do orçamento municipal.

FRANCISCO GONZAGA -O senhor votou a favor do Novo Código Florestal, algo questionado por todo o movimento ambientalista. Além disso, as obras da Copa do Mundo ameaçam de remoções milhares de famílias em diversos bairros de Fortaleza. O senhor, sendo eleito, vai tratar essas famílias com o mesmo critério que tratou o meio ambiente?

INÁCIO ARRUDA: Um País com as dimensões do Brasil precisa de um Código Florestal para seu desenvolvimento e soberania. O meio ambiente é um tema em que sempre atuei. Como vereador, ajudei a elaborar o capítulo de Meio Ambiente da Lei Orgânica. Deputado estadual, fui autor da lei que determina a publicação mensal das concessões de licença ambiental. Como deputado federal, é de minha autoria a lei que cria a APA (Área de Proteção Ambiental) da Meruoca. No Senado, apresentei projeto de combate à desertificação. Fortaleza tem muito a ganhar com a Copa: mais infraestrutura, recursos e empregos. Em meu governo nenhuma família será prejudicada por obras. Sempre encontraremos alternativas para o desenvolvimento e o bem-estar da população.

ANDRÉ RAMOS - No último período, a produção industrial vem caindo muito no Brasil e o nosso Ceará está com altas taxas de desindustrialização. Senador, a política monetária e de incentivos à produção nacional do Ministério da Fazenda está correta? E de que maneira nossa cidade pode contribuir para a produção industrial do Ceará?

INÁCIO ARRUDA: O Governo Federal está no caminho certo e precisa continuar reduzindo juros, ampliando investimentos, fortalecendo a indústria nacional e o desenvolvimento. Fortaleza pode e deve ajudar o Ceará a crescer e se somar a esse cenário. O papel da Prefeitura é buscar com ousadia os meios para fomentar a economia da cidade, valorizando os empreendimentos existentes e atraindo novas indústrias e empresas de alta tecnologia, a exemplo do Instituto Atlântico, do Instituto Titan e do Centro de Bioequivalência Farmacêutica (UFC). Para isso, vamos criar a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, que vai coordenar e impulsionar os setores produtivos, ampliando o consumo local e a pauta de exportações.

"Para mudar a realidade da educação em Fortaleza, a alfabetização na idade certa será prioridade"

"Cabe ao prefeito o papel de articular com energia as ações indutoras do desenvolvimento municipal"

"Vamos criar a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, que vai coordenar e impulsionar os setores produtivos"

"Vamos garantir o preço da passagem, com todos os benefícios existentes, e ampliá-los"

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Alexandre Araújo Costa 05/08/2012 12:52

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