Manifestação contra filme sobre Maomé fere 50 pessoas
Além do protesto em Islamabad, o filme controverso sobre o fundador do Islã foi considerado escandaloso e vergonhoso por Ban Ki-moon. Um juiz de Los Angeles rejeitou a proibição do trailer da película na Internet
Cerca de mil estudantes, muitos deles armados com paus, protestaram ontem na capital paquistanesa Islamabad contra o filme anti-Islã norte-americano A inocência dos muçulmanos, com trechos divulgados pela Internet, provocando confrontos com a Polícia. o que deixou pelo menos 50 pessoas feridas, segundo policiais e socorristas. Também cinco policiais ficaram com ferimentos.
A Polícia reagiu com gás lacrimogêneo e disparou tiros de advertência para dispersar os manifestantes, que tentavam entrar no bairro diplomático onde estão, entre outras embaixadas, a dos Estados Unidos, França e Grã-Bretanha.
O longa-metragem “é escandaloso e vergonhoso”, segundo afirmou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon. A liberdade de expressão é um direito “inalienável” que deve ser protegido, com a condição de que não ofenda as crenças e os valores dos demais, acrescentou Ban a jornalistas na sede das Nações Unidas em Nova York.
“Quando alguns usam esta liberdade de expressão para provocar ou humilhar outras pessoas em seus valores e crenças, então não pode ser protegida da mesma forma”, completou.
“A liberdade de expressão, que é um direito fundamental e um privilégio, não pode ser usado de forma abusiva, por um ato tão escandaloso e vergonhoso”, concluiu, ao comentar A inocência dos muçulmanos.
A película amadora de baixo orçamento apresenta os muçulmanos como imorais e violentos. Também surgiram temores de novas manifestações violentas depois da publicação, quarta-feira passada, de charges de Maomé na revista satírica francesa Charlie Hebdo.
Juiz rejeita
O juiz norte-americano do Tribunal Superior de Los Angeles, Louis Lavin, rejeitou o pedido dos advogados da atriz Cindy Lee Garcia, que atuou em A inocência dos muçulmanos, de proibir a ferramenta YouTube de continuar exibindo nos Estados Unidos o trailer na Internet.
Cincy é uma das três atrizes que participaram do filme e que tomaram iniciativas semelhantes posteriormente à explosão da violência em países muçulmanos do Oriente Médio, África e Ásia na semana passada.
A mulher processou o YouTube e seu proprietário Google por colocar trechos do longa-metragem, que foi posteriormente dublado em língua árabe e que mostra o profeta Maomé, o fundador do Islamismo, como um valentão mulherengo.
O YouTube anunciou na quarta-feira passada que estendeu as restrições de acesso ao vídeo “para países onde ele é considerado ilegal pelas autoridades, que são, até agora, Índia, Indonésia, Malásia e Arábia Saudita”. (das agências de notícias)
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
As cenas divulgadas do filme anti-islâmico provocaram manifestações nos países árabe-muçulmanos, que deixaram dezenas de mortos desde a semana passada.
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